Economia e sustentabilidade impulsionam venda e troca de usados
Mercado de objetos de segunda mão ligados a hobbies cresce nos últimos anos e ganha espaço entre os consumidores
Postado em 04/05/2024
Desde a pandemia, o mercado global de usados tem crescido rapidamente, com previsão de alcançar o valor de U$ 230 bilhões até o final de 2024, segundo a empresa ThreadUp. No Brasil, o público para esse mercado é grande, com 47% dos entrevistados pela YouGov Profiles em 2022 afirmando que comprariam objetos de segunda mão. Entre os segmentos em que a prática é mais comum, se encontram os objetos ligados a hobbies, que cresceu em 80% em 2022, segundo a OLX.
Guilherme dos Reis, autodeclamado nerd e criador da feira de vendas e trocas Omninerdia, é uma das pessoas que participa desse mercado, tanto como vendedor como comprador. Para ele, a prática surgiu para solucionar alguns problemas. “Eu percebi que tinha muitas coisas acumuladas em casa e queria me desfazer delas, tanto para conseguir um dinheiro extra quanto para abrir espaço”. Percebendo que isso era algo que interessava outras pessoas, ele resolveu criar uma feira de vendas e trocas, que atrairia mais público e permitiria que vários fãs da cultura geek pudessem se encontrar e realizar as transações.
“A gente chama isso de economia circular”, afirma Reis, que vê os eventos como uma forma de incentivar a economia e a sustentabilidade. “Ao invés de jogar fora o que ela já tinha e comprar um item novo, ela vem aqui e faz uma troca ou venda. Isso aumenta a vida útil dos bens de consumo e faz as pessoas consumirem menos no mercado regular. Além disso, aqui a pessoa paga bem menos em objetos que estão muitas vezes praticamente novos, economizando bastante”.
Alexandre Barbosa, comprador frequente de objetos como jogos e action figures usados, não costuma ter receio em suas aquisições e geralmente tem boas experiências. Para ele, o segredo de uma compra de sucesso é prestar atenção no estado do produto. “Os objetos vendidos geralmente estão bem conservados, mas o segredo é sempre olhar com atenção. O jogo mais recente que comprei, por exemplo, estava muito bem cuidado. A pessoa preservou as peças e não preencheu as fichas, deixando ele praticamente novo. Para mim foi algo bem rentável fazer essa compra”.
Matheus Vinicius Rodrigues não só participa dessas transações como tira delas seu sustento há três anos. Dono da Tolkien Store, loja especializada em produtos geeks como livros, miniaturas e outros artigos, ele costuma vender itens novos e usados para um público variado e fiel. “Faço vendas tanto em eventos presenciais como por plataformas digitais e gosto muito disso. Sempre fui um leitor e fã de coisas geeks, principalmente o Tolkien. Então é ótimo poder trabalhar com isso”.
Criação de comunidade e oportunidades raras
Além de permitir a economia e incentivar a sustentabilidade, o consumo de itens de segunda mão traz outros benefícios para os consumidores, principalmente os que compram itens relacionados a seus passatempos. Para Guilherme dos Reis, a oportunidade de encontrar itens raros é um diferencial dos eventos. “Tem produtos que as pessoas procuram não por um preço bom, mas porque é algo que não encontram em outros lugares. O preço até sobe, mas as pessoas pagam mais para conseguir completar uma coleção ou comprar algo mais especial”.
Pérola Rodrigues, por sua vez, vê na interação com pessoas de gostos parecidos um diferencial. “É uma coisa em falta que a gente consegue encontrar nesses locais. Conhecemos pessoas novas e conseguimos ter conversas bem legais”. Luana Rosa, que costuma frequentar eventos como a feira Omninerdia, gosta muito das oportunidades que eles trazem. “É bom poder circular minhas coleções antigas e adquirir coisas novas, mas gosto muito também de conversar com as pessoas. É incrível, porque nós acabamos fazendo muitas amizades”.