Ecoturismo incentiva a preservação ambiental

Ao adotar uma abordagem consciente e sustentável, o turismo ecológico desempenha um papel fundamental na preservação dos ambientes naturais e na promoção do desenvolvimento econômico e social das regiões visitadas

Nicolle Maica

Postado em 08/04/2024

Com o interesse em reconectar-se com a natureza, o ecoturismo emerge como uma alternativa educativa e de conscientização. Ele oferece oportunidades para explorar vegetações preservadas, animais em seu habitat natural e mergulhar em culturas locais. À medida em que mais pessoas buscam experiências sustentáveis, o ecoturismo surge não apenas como uma forma de lazer, mas como um compromisso e estudo com a preservação dos ambientes naturais e o apoio às comunidades.

Um exemplo de espaço ecológico é o Sítio Geranium, localizado em Taguatinga-DF. Este santuário se tornou um ponto focal para a conscientização ambiental e o ecoturismo na região. A cientista ambiental Andressa Coelho, formada pela Universidade de Brasília (UnB), conta que o Sítio em que trabalha há 12 anos floresce há quase quatro décadas como um cinturão verde entre Taguatinga, Samambaia e Ceilândia. Com seu carro-chefe na produção orgânica, abrange seis hectares de cultivo agroecológico e biodinâmico. O ambiente abraça uma filosofia do não uso de agrotóxicos e preservação. Ao total são treze hectares, onde os sete restantes são intervenção mínima, com mata autossustentável. 

Educação ambiental infantil

Desde 2008, o Sítio Geranium recebe visitas escolares para estimular o contato direto com a natureza. Em 2024 inaugurou uma escola no espaço, oferecendo uma abordagem pedagógica inovadora, que combina métodos tradicionais com estímulos ambientais, proporcionando um local mais amplo e natural para as crianças, além de toda a compreensão da importância da preservação desde sua formação. 

Segundo Andressa, a escola tem como base o desenvolvimento de educação emocional, ambiental e autonomia das crianças de 2 a 6 anos. Há também o contato direto com a natureza, animais e salas interativas. Profissionais ecopedagógicos orientam os alunos em quatro áreas-chave: compostagem, preservação de abelhas nativas, funcionamento da floresta e sistemas de produção de alimentos e tecnologias sustentáveis.

Principais objetivos

A finalidade do local é servir como um espaço de regeneração, onde técnicas como “plantar água”, através da captação e infiltração de água da chuva, são empregadas. Estratégias como o uso de talhões, muros de banana e cítricos não apenas conservam a água no solo, mas também afastam pragas, promovendo um equilíbrio natural.

Sendo assim, desempenha um papel vital na restauração ecológica, na educação ambiental e no estímulo ao ecoturismo, inserindo a necessidade de preservação e harmonia com o meio ambiente.

“A sustentabilidade está ligada em saber utilizar aquilo a nosso favor e a favor da Terra. Mostrar na prática que todas as tentativas funcionam, se usadas corretamente. É sobre saúde pública, políticas urbanas e saúde alimentar. Aqui é uma pílula de esperança, espaço para conhecer e se encantar, tanto para as crianças quanto para os adultos”, comenta Andressa Coelho.

Agrofloresta

Inato ao local, o sistema florestal não passou por todos os processos de solo, portanto os cuidadores do espaço retomaram e melhoraram o acervo, trazendo açaí jussara, café, cítrico e cacau. 

Segundo Andressa, o contato direto com a natureza estimula o contato das bactérias da floresta com as do nosso interior, promovendo aumento da imunidade, melhora a capacidade cognitiva, entre outros benefícios.

No espaço há um banheiro seco, em que ao invés de água, se usa serragem e a matéria que sobra, se torna adubo. Também há uma “bicimáquina”, ideia de transformação de energia, onde o indivíduo pedala em uma bicicleta estática e converte esse movimento em energia juntamente a um motor, acendendo uma lâmpada conectada a ela.

Todos os sistemas de água de esgoto são tratados no próprio sítio. Para tratamento de águas negras e cinzas, há um jardim acima de uma usina de tratamento de esgoto, uma piscina impermeável onde a água não transborda, pois a água que sobe até a superfície, é sugada pelas plantas, devolvendo água limpa ao solo.

Gestão de resíduos sólidos

O minhocário recebe restos de horta e produz adubo, trazendo interação com pequenos animais. Com as crianças, a equipe educadora utiliza a “minhocasa”, depositando restos de frutos na terra em uma caixa e explicam como funciona o processo. A água liberada é um biofertilizante, utilizado de forma diluída e utilizado nas plantas. “Dessa forma, tudo possui um propósito”, finaliza Andressa.

Minhoca retirada da “minhocasa” > Créditos: Nicolle Maicá