Festival de rap movimenta a Ceilândia

Evento promovido pelo Sesc reúne 10 mil pessoas para shows de Emicida e grandes nomes locais do rap

Fernanda Rodrigues Ferreira

Postado em 22/06/2022

No último sábado (18) ocorreu no estacionamento externo da unidade Sesc Ceilândia o Festival Sesc + Rap. O acesso ao ingresso era 1kg de alimento. Foram 10 mil ingressos distribuídos de forma física e on-line por meio do aplicativo Sympla. A classificação indicativa do evento foi de 16 anos; os menores puderam entrar acompanhados dos pais. 

O line-up contou com Dj Gabj, Atitude Feminina, Câmbio Negro, Viela 17, Emicida e Dj Raffa. A apresentação do festival ficou por conta do rapper Mc Nenzin.

A Ceilândia é berço cultural de diversos estilos musicais e o rap não fica de fora. O rapper Japão, do Viela 17, lembra do início da carreira em 1989 ao lado de X, vocal do Câmbio Negro, em uma época que, segundo ele, ninguém falava de rap. Por isso, o evento acontecer na Ceilândia tem um significado especial. “ Acho que a Ceilândia – lógico, respeitando todas as demais regiões administrativas – sempre foi um grande palco e teve uma grande representatividade através da música e por meio do rap; então, nada mais justo o festival aconteça nessa área”. 

X diz ser uma sensação muito boa e gratificante tocar na Ceilândia. “O Sesc fazendo esse evento maravilhoso para todo mundo e para o Câmbio Negro. É muito importante estar aqui. Ter sido convidado, para nós, é uma honra. E são quase três anos que estamos parados,  então realmente é um momento de retomada, lógico que ainda com os devidos cuidados, a pandemia não acabou, mas devagarinho a gente vai voltando”.

Foram 10 mil ingressos distribuídos

Show para todos

Max Maciel, ativista e mobilizador social da cidade, diz que depois de 2 anos de pandemia, o Sesc acerta em duas medidas: primeiro reunir as pessoas em algo lúdico e saudável e, segundo, o nome Sesc+Rap.  “A gente curte muito Emicida, a gente curte muito os artistas de fora, mas nós estamos aqui também pelo Viela 17, pelo Câmbio Negro, Atitude Feminina, que é a síntese do que é a nossa quebrada. Então, estamos muito felizes e honrados de estar prestigiando”, conta.

Emicida é um dos maiores artistas do Brasil.

No palco, Emicida reafirmou o seu carinho por Brasília. A capital o recebeu várias vezes no começo da carreira e toda vez que ele volta passa um filme na sua cabeça. “Poder voltar para Brasília e trazer o show AmarElo completo para Ceilândia, que é o berço de vários grupos de rap, é maravilhoso”, afirmou. 

O projeto Sesc + Rap tem como objetivo levar às regiões administrativas atrações e eventos de qualidade e de graça, descentralizar a cultura, o lazer e a diversão, além de compartilhar shows que, tradicionalmente, acontecem no Plano Piloto. 

Aninha, da Atitude Feminina, grupo de rap nascido na cidade de São Sebastião, conta que foi emocionante estar num evento depois de dois anos sem fazer show. E fala sobre a importância de reunir grandes artistas em todas as regiões de Brasília. “As nossas cidades estão abandonadas de cultura, de lazer, de esportes, de beleza, de tudo, porque lá tem alegria, tem amor, tem mulheres lindas, tem homens lindos, tem cultura e a gente está abandonado.”

Ricardo Caetano saiu do Paranoá para curtir o seu primeiro show de rap. A distância entre as duas cidades é de 43,9 km.  “Foi uma experiência muito boa, como sempre fui criado em cidades periféricas, tenho uma conexão a mais com o rap, porque o rap abraça a gente. Quem mora no entorno sabe que o rap vai te dar algo a mais na questão de acolhimento. É maravilhoso, é reconfortante, fazemos parte dessa realidade”, conta.