Imediatismo das redes sociais afeta mais os jovens e causa sobrecarga cognitiva

Para especialista, a quantidade de informações recebidas pelo cérebro faz com que a memória fique saturada

Thalya Cunha

Postado em 04/07/2022

Durante a pandemia da Covid-19, popularizou-se mundialmente o Tik Tok, aplicativo de vídeos curtos, de até 1 minuto, que se tornou o mais baixado nos últimos dois anos. Uma pesquisa realizada pelo próprio app mostrou que havia 1 bilhão de usuários ativos em 2021. De certa maneira, o crescimento desenfreado dessas redes sociais proporciona inúmeras oportunidades para os criadores de conteúdo, mas pode ser prejudicial para os usuários.

Esse imediatismo que afeta os jovens de querer tudo com fácil acesso pode acarretar problemas à saúde. A psicóloga Gorete Rocha explica: “A cultura do aqui e agora dificulta a conexão consigo e com o outro. Querem a resolução de problemas de forma imediata para não entrar em contato com frustrações. Produzir e consumir se tornam prioridade”, diz Gorete sobre o imediatismo que as redes sociais causam.

Além disso, a psicóloga explica que as tecnologias digitais têm exercido sobre os jovens, consequências na cognição pelo fato de as estimulações emocionais e audiovisuais estarem em elevada atividade. “O enorme volume de dados recebidos pelo cérebro, sobre várias formas, pode fazer com que a memória de trabalho fique saturada, gerando sobrecarga cognitiva, havendo dificuldade do cérebro ativar sua memória de longo prazo, fazendo com que a informação não gere conhecimentos devido à sobrecarga cognitiva e, apesar de a informação ser retida, não será mantida. Fora que essas estimulações podem gerar ansiedade e depressão”, explica.

Crescimento das redes gera oportunidades para criadores de conteúdo. Reprodução: Banco de imagens Unsplash

O objetivo do aplicativo é ser rápido, criativo e dinâmico, nisso prendem o usuário naquele looping de vídeos, o que pode fazer os jovens a quererem tudo da mesma forma como assistem a um vídeo de até 1 minuto. O criador de conteúdo, Pedro Martins, diz que os vídeos curtos vieram para ficar. “O bom dessa popularização é porque existem diversas plataformas para vídeos curtos, e com apenas um vídeo você pode postar em 5 lugares diferentes e atingir diferentes públicos”, diz.

A criadora de conteúdo, Carmem Torres, explica que os jovens não têm mais paciência em assistir vídeos longos, como os do YouTube. “Os jovens não têm mais paciência de assistir vídeos longos no YouTube, porque ficam ansiosos em aprender o conteúdo do vídeo logo. No TikTok, os criadores de conteúdo podem divulgar o seu trabalho em 30 segundos ou mais sem anúncios, mas gerando uma renda boa e uma visibilidade maior”, explica Carmem.

Tamanho dos vídeos foi reduzido para melhor performance nas plataformas. Reprodução: Banco de imagens Pexels

Para o estudante de Medicina Veterinária e usuário do TikTok e Instagram, Davi Moisés, tudo que os artistas vêm criando é para viralizarnos aplicativos. “Tudo está baseado em como o TikTok vai receber aquela informação. Músicas recentes como “As It Was”, do Harry Styles tem 15 segundos no refrão, justamente para bombar com os vídeos na internet”, exemplifica o estudante.