Interação entre idosos e crianças só traz benefícios

Famílias devem incentivar o convívio e a criação de laços afetivos

Fernanda Ferreira de Matos

Postado em 27/04/2022

A interação entre idosos e crianças promove e fortalece o aprendizado e o convívio entre eles. Além disso, os idosos sentem-se mais úteis, podem contar com a assistência dos pequenos em alguma tarefa e isso também ajuda a fortalecer os laços afetivos.

Nos Estados Unidos,  uma casa de repouso chamada “Providence Mount St. Vicent” possui uma parceria com uma pré-escola para que essa interação entre idosos e crianças seja incentivada como estratégia de desenvolvimento para a infância. Dessa forma, as crianças participam de ações cinco dias da semana com aproximadamente 400 idosos.

Às vezes a pessoa idosa pode estar em um dia ruim, se sentindo para baixo e uma criança pode mudar esse cenário com o alto astral, as brincadeiras e risadas espontâneas. Qual vovô ou vovó não gosta de estar com o netinho? De contar e ouvir histórias? E ainda mais, qual vovó não gosta de fazer aquele bolo de cenoura no final da tarde?

A participação de toda a família é essencial, principalmente a dos filhos. Não abandonar, ter mais paciência, parar para ouvir, mesmo que seja pela milésima vez a mesma coisa, são pequenos gestos que fazem toda a diferença.

A psicóloga Inaí Costa trabalha com psicodrama para idosos. Para ela essa interação é extremamente valiosa. “A criança ou o adolescente sente a importância de estar ajudando, seja mostrando como assistir um vídeo pelo celular ou ajustando um canal na TV. Já para o idoso, fica uma nostalgia, de poder contar histórias, de revivê-las. É muito especial essa relação”, diz Inaí. A psicóloga ainda ressalta a importância de toda a família participar desses encontros, de encorajar as crianças a se relacionarem com pessoas idosas.

Camila Bento, 13 anos, passa três dias da semana na casa de seus tios, já idosos. “Eu fico na casa dos meus tios por causa da escola e minha mãe me busca no final da tarde. Eu gosto porque minha tia me ouve e eu posso ajudar meu tio com coisa do celular, por exemplo. Gosto muito de ouvir as histórias deles e ainda recebo bons conselhos”, conta Camila.

Camila com seu tio avó e sua irmã. Foto: Fernanda Matos.

“A interação entre idosos e crianças gera motivação para ambos, melhora a qualidade de vida, aprimora a saúde física e mental, desenvolve a inteligência das crianças, entre tantas outras coisas, mas o mais importante, talvez seja a convivência. Aqui, por exemplo, a maioria dos idosos não tem familiares presentes e ficam bastante felizes quando aparecem crianças, mesmo que sejam netos ‘emprestados’”, conta Maria Ferreira, enfermeira do Centro de Convivência de Idosos Geralda Werneck, no Gama.

Para Antônio César, 72 anos e Matildes, 68, ambos já aposentados, essa experiência ao lado de crianças é bastante benévola. O casal não possui netos, mas são tios avós de vários sobrinhos que viram crescer e acompanharam cada passo que deram e ainda acompanham.

“É maravilhoso ver uma criança disposta a ouvir e participar de uma conversar de um idoso, de se envolver. Meus sobrinhos são como meus netos e aprecio muito essa relação que tenho com todos eles. Quando estão aqui, contamos histórias, rimos, ouvimos sobre nossos duas, trocamos experiências. Além de aproximar a família, aproxima ainda mais nossas gerações”, conta Matildes.

Para Antônio, é mais uma brincadeira e volta a ser criança. “Gosto muito da companhia das crianças, elas me ensinam muito e eu procuro ensinar o que posso. Ensino brincadeiras da minha época de menino, como pião, por exemplo, e eles adoram. É bastante gratificante!”, diz Antônio.

Antônio com sua sobrinha regando seu pé de limão. Foto: Fernanda Matos.