Jardinagem, caminhadas e escadas: aliados na luta contra o AVC

Até mesmo pequenas atividades podem reduzir o risco de derrame em até 30%

Ana Carolina Marques

Postado em 16/04/2024

Um estudo recente, divulgado pela BMJ Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, destaca que a prática de atividade física, independentemente da intensidade, pode reduzir o risco de acidente vascular cerebral (AVC) entre 10% a 30%, quando comparada à inatividade. Essa descoberta ressalta a importância de até mesmo pequenas quantidades de atividade física diária na prevenção de um dos eventos vasculares mais temidos.

Segundo a pesquisa, baseada em uma meta-análise de 15 artigos, atividades simples como jardinagem, caminhadas e subir escadas são suficientes para contribuir significativamente para a redução do risco de derrame. Esses resultados estão alinhados com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que enfatizam que qualquer atividade física é melhor para a saúde do que permanecer sedentário.

De acordo com o neurocirurgião Dr. Victor Hugo Espíndola o exercício físico diminui o risco de AVC por meio de vários mecanismos biológicos, incluindo a melhoria do perfil lipídico, controle do diabetes, redução da obesidade, aumento da função vascular e diminuição da inflamação e estresse oxidativo.

Além de ajudar na prevenção, a atividade física desempenha um papel crucial na recuperação após um derrame. Severo Menezes, de 73 anos, encontrou na jardinagem uma forma terapêutica de se exercitar e recuperar parte de sua qualidade de vida depois de sofrer um AVC. “Os exercícios, como corrida e caminhada, melhoraram minha saúde física, fora que a jardinagem se tornou uma atividade terapêutica que contribuiu para o meu bem-estar. Conforme comecei a me envolver em atividades físicas adaptadas e supervisionadas por profissionais, comecei a me sentir muito melhor”, explica o aposentado.

Apesar de todos os tipos de atividades físicas serem benéficos, há uma evidência crescente de que exercícios aeróbicos de intensidade moderada a vigorosa, demonstram uma eficácia particular na redução do risco de AVC. O cirurgião vascular e Presidente da SBACV Nacional Dr. Armando Lobato explica os mecanismos biológicos por trás desse benefício: “A atividade regular promove a saúde cardiovascular, reduzindo fatores de risco como pressão arterial elevada, níveis de colesterol LDL, triglicerídeos e resistência à insulina.”

Segundo ele, os principais benefícios da atividade física na reabilitação pós-AVC incluem melhoria da mobilidade, força muscular, equilíbrio, coordenação, função cardiovascular, bem-estar psicológico e qualidade de vida.

Fora os benefícios físicos, a atividade regular também impacta positivamente a saúde cerebral. A melhoria na circulação sanguínea para o cérebro promove a neurogênese, o crescimento de novas células cerebrais, e a plasticidade sináptica, que pode reduzir tanto o risco de AVC isquêmico quanto hemorrágico.

Além disso, a atividade física está associada à redução do estresse e da ansiedade, melhoria na função cognitiva e na saúde mental, todos essenciais na prevenção de eventos cerebrovasculares.

O papel dos exercícios aeróbicos

Os exercícios aeróbicos desempenham um papel crucial na promoção da saúde cardiovascular e cerebral. Como ressaltado pelo Dr. Armando, atividades de intensidade moderada a vigorosa, como caminhada rápida, corrida, natação e ciclismo, podem ser eficazes na redução do risco de AVC. Esses exercícios aumentam a frequência cardíaca e promovem uma melhor circulação sanguínea, beneficiando a saúde cardiovascular.

Essas observações ressaltam a importância dos exercícios aeróbicos não apenas na prevenção do AVC, mas também na reabilitação e manutenção da saúde após o ocorrido. Integrar essas atividades em sua rotina diária pode não apenas fortalecer o sistema cardiovascular, mas também proteger e promover a saúde do cérebro ao longo da vida.