Movimento nas redes sociais contribui com o interesse dos jovens pela política

Um dos indicadores é que nos primeiros quatro meses de 2022 o Brasil registrou um aumento de 47,2% no número de jovens que emitiram o título de eleitor, quando comparado com o mesmo período de 2018

Lara Marques

Postado em 21/05/2022

A partir da aproximação das eleições de 2022, cresceu o movimento de incentivo a participação política dos jovens, intensificado pela luta em defesa da democracia. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre janeiro e abril deste ano, o Brasil ganhou 2.042.817 novos eleitores na faixa etária de 16 a 18 anos. 

Por meio de páginas que promovem a educação política, os jovens têm levado conteúdo sobre cidadania, direitos, economia e história para diferentes públicos nas redes sociais, em especial os mais novos. Com a polarização partidária no país, o voto e a influência dos jovens são considerados decisivos nas eleições de 2022. 

“A participação desses jovens, principalmente os que emitiram o título, vai fazer toda diferença na eleição desse ano que será uma das mais disputadas que vivemos até hoje na qual está tanta coisa em jogo. Cada voto faz diferença e é esse sentimento que tem que ser fomentado: a importância que o voto de cada um tem”, declara Tainara Holanda, profissional de comunicação política certificada em monitoramento de pesquisa eleitoral pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD). 

Em março deste ano, o Brasil contou com o ingresso de 522.471 novos eleitores de 16 a 18 anos. Imagem: Antônio Augusto/ Ascom TSE

Devido a importância da participação de todos para a decisão das eleições deste ano, movimentos e organizações políticas nas mídias digitais ganharam maior notoriedade. Além da difusão de conteúdos fundamentais para a compreensão do cenário brasileiro, tais movimentos precisaram intensificar as ações de combate à Fake news. 

“É muito importante ressaltar que as redes sociais são só um incentivo, eu diria. É claro, a gente tem um grande problema com fake news, um grande problema com a desinformação e ainda mais quando você está nas redes sociais e você não sabe do que está se tratando”, comenta Marina Morena, estudante de relações internacionais na Universidade de Brasília.  

“Por isso eu acho que esse movimento que a gente vê é muito legal para fazer os adolescentes ficarem interessados, os jovens principalmente. Mas tem que ter cuidado para não acreditar em tudo que você lê”, continua a estudante. 

Dos jovens para os jovens 

Dentre os diversos projetos de educação política está a Politize, uma organização que busca levar a educação política partidária para todo o país. Marina, que além de estudante é diretora da equipe de gestão de pessoas da embaixada da organização em Brasília, conta que encontrou o projeto após ter despertado o interesse pelo conhecimento político e sobre cidadania. 

“Eu conheci a Politize pelas redes sociais. Eu achei em um site de oportunidades para jovens. Eu estava durante o ensino médio. Bem depois da aula que eu tive com o Leandro Grass sobre política, eu fiquei com essa ‘nóia’ de não estar entendendo nada do nosso país, de querer entender o básico. E assim eu encontrei os cursos da Politize”, diz Marina. 

Na época, o deputado distrital Leandro Grass lecionava aulas de sociologia para alunos do ensino médio. Hoje a página oficial do projeto no Instagram conta com mais de 110 mil seguidores. Além disso, o portal de conteúdo do projeto já conta com mais de 67 milhões de usuários. Os voluntários redigem sobre temas sociais, políticos e econômicos, além de promoverem cursos remotos e presenciais sobre educação e formação política.  

A Politize já mobilizou 6.5 milhões de reais para a causa e possui 216 voluntários ativos em 20 estados brasileiros. Imagem: Reprodução

“Educação política é primordial para falar sobre formação de cidadão. E adolescentes vão ser cidadãos no futuro. Não tem como você só pegar jovens que acabaram de sair do ensino médio e já jogar neles. Muitos que nunca tiveram uma eleição não sabe nem como funciona, não sabe como tirar o título de eleitor, não entende para que servem os cargos”, exclama a estudante. 

Além dos movimentos partidários, as conhecidas simulações da Organização das Nações Unidas (ONU) são ferramentas que também promovem o compartilhamento de experiências e conhecimentos acerca das relações políticas e internacionais. 

 “Essa formação política contribui na formação e na libertação de todos. Educação é libertação. Formar para transformar. Quanto mais jovens tiverem acesso à informação mais agentes modificativos teremos”, reforça Tainara Holanda.