Novos empreendimentos surgem no DF, causando diminuição de áreas verdes

Expansão imobiliária no DF cria discussões sobre destruição de vegetação nativa

Vinicius Vicente

Postado em 31/03/2022

Durante os últimos anos, o Distrito Federal vive um maior movimento de expansão imobiliária, como é o caso das novas quadras 500 do Sudoeste. O novo empreendimento está sendo construído logo ao lado de uma unidade de conservação, o que cria a discussão sobre a descaracterização das áreas e destruição da vegetação nativa. Os empreiteiros responsáveis são cobrados por soluções.

Parque Ecológico Sucupiras (à frente) e construção das quadras 500 (ao fundo)

Cada vez mais, é possível ver que Brasília perde seus espaços verdes para construções de alto padrão. Parques como o Sucupiras, no Sudoeste, sofrem com a descaracterização de suas áreas verdes. Rejane Pieratti, Superintendente de Unidades de Conservação, Biodiversidade e Água do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), diz que Brasília possui 82 unidades de conservação, incluindo o parque ecológico Sucupiras. “A comunidade anseia sempre por espaços verdes em meio a cidade, porém, somente o Ibram pode, após estudos e consultas necessárias, propor a criação dos mesmos”, explica Rejane. 

Moradores que defendem o caráter ambiental do Parque Ecológico das Sucupiras lutam para que o empreendimento não se aproprie da área, em um contexto de especulação imobiliária, priorizando seu uso pelos futuros moradores. “O Sucupiras não chegou a ter seu espaço invadido, mas já está sendo descaracterizado, devido à proximidade das construções”, explica Fernando Lopes, presidente da Associação Parque Ecológico Sucupiras (APES). 

Compensação ambiental

De acordo com os empreiteiros e corretores responsáveis pela quadra 500, o empreendimento conta com diversas inovações tecnológicas para diminuir o impacto ecológico e também deve seguir o projeto de compensação ambiental, que inclui a construção do Parque Ecológico Bosque do Sudoeste. “Além dos previstos 22 prédios com seus planejamentos ecológicos o projeto também dá importância para a implantação de um corredor ecológico em conjunto com o Parque das Sucupiras, com densa vegetação integrada para proporcionar mais rápido crescimento”, explica Marcelo Vieira, corretor do empreendimento.

Parque Bosque do Sudoeste

Larissa Cayres, coordenadora dos cursos de arquitetura e urbanismo e design de interiores do Iesb explana: “Uma edificação ecológica traz benefícios a curto e longo prazo, seja na economia financeira ou aproveitamento de recursos, de forma sustentável. O peso na balança desse tipo de investimento é o custo, tornando as edificações mais caras”. 

A população do Sudoeste se manifesta de forma dividida sobre o empreendimento. O casal Javier Teijeira e Lígia Rocha, moradores do bairro, contam que não veem motivo para a construção da quadra. “Essa quadra é totalmente fora do comum, há moradias suficientes de alto padrão no DF”, diz o casal. Outros moradores falam que é uma equação complicada de se julgar, pois, se a área verde fosse mantida, possíveis moradores do local iriam se deslocar mais e por distâncias maiores, causando também o impacto ambiental. Para os moradores, é difícil dizer qual das decisões gera mais impacto.