Paixão pelo futebol tem o poder de mudar a vida de atletas
Campeonatos amadores são uma das chaves de entrada para começar no ramo, por muitos é considerada a primeira vitrine
Postado em 23/06/2022
Há anos o Brasil é o país do futebol, e essa paixão só vem aumentando com o passar do tempo. A influência desse esporte é tão grande que ele já se tornou parte da cultura e da identidade brasileira. Mas um fator crucial para a introdução dos jovens nesse meio são os campeonatos amadores, que muitas vezes os auxiliam nos primeiros passos dentro do esporte.
O futebol amador é a primeira vitrine para quem tem o sonho de ser jogador profissional, além de ser uma ótima maneira de confraternizar e interagir com pessoas queridas durante a semana, segundo o empresário Gustavo Oliveira, que no gramado é mais conhecido como Boby. “A minha trajetória começou na infância, meu pai é ex-jogador, então sempre tive essa influência bem forte. Aos 12 anos eu tive a minha primeira oportunidade de sair de Brasília e me mudei para São Paulo para jogar. Alguns anos depois tive a oportunidade de jogar na base de várias equipes do Brasil como o Santos, o Internacional, Atlético Paranaense”, conta Gustavo.
O jovem ainda acrescenta que os campeonatos amadores o ajudaram muito no início dessa história, e que é incomum conhecer alguém que começou a jogar e foi direto para times grandes, porque existe um processo longo até chegar neles.
O futebol pode, sim, mudar vidas, segundo o organizador da Liga Brasiliense de Futebol 7 (LBFS), Leandro Werneck. “A liga foi criada em 2018, e em todos os anos sempre tiveram craques que foram revelação, que muitas vezes nunca tinha jogado em nenhum campeonato e estavam começando a tentar entrar nesse mercado por meio do campeonato. Hoje em dia, muitos jogadores da Liga jogam em times de outros estados a nível nacional, recebem salário, auxílio”, afirma o ex-jogador profissional. O organizador afirma também que, hoje, já é possível ver mulheres trilhando esse mesmo caminho.
Além disso, Leandro pretende realizar em agosto um campeonato de futebol 7 voltado para mulheres, na mesma dinâmica dos que já são realizados. “A presença das mulheres no esporte está bem forte hoje em dia. Já é possível ver campeonatos femininos a nível nacional. A ideia da liga surgiu, justamente, por conta da desorganização que está presente em vários campeonatos que acontecem em Brasília tanto no futebol feminino quanto no masculino. E como nós já organizamos um campeonato masculino queremos organizar um feminino também para oferecer mais visibilidade para mulheres que também tem essa paixão pelo esporte”, afirma entusiasmado.
Campeonato 2022 Liga BFS/Créditos: Yasmim Valois Campeonato 2022 Liga BFS/Créditos: Yasmim Valois Campeonato 2022 Liga BFS/Créditos: Yasmim Valois Sthephanie Silva em campo/Crédito: Material cedido
Machismo no futebol
O espaço das mulheres no esporte já aumentou muito, desde 1941, ano em que o presidente Getúlio Vargas assinou um decreto que proibia as mulheres de praticarem a modalidade. A decisão foi tomada quando uma partida foi promovida em um estádio de São Paulo, e acabou dividindo as opiniões, o que fez o machismo da sociedade ser exposto. O ato foi considerado inaceitável já que as mulheres não podiam contrariar a “natureza de ser mãe” para praticar um esporte masculino e violento.
A cabeça das pessoas foi mudando com o tempo, e com essa evolução a sociedade foi percebendo que não precisa ser homem para jogar futebol, de acordo com Sthephanie Silva, jogadora profissional do Minas Tênis Clube. “Na minha opinião, tem que ter a mente muito fechada para pensar esse tipo de coisa e ter esse preconceito, é um esporte, sabe? Qualquer um pode praticar. Mas apesar de todos os desafios, estamos conseguindo ocupar o nosso lugar no mercado. Só de ter essa oportunidade que há alguns anos não tínhamos, podemos ver que o mundo está mudando”, frisa a jovem.
Inspiração e persistência
A jogadora afirma que o esporte realmente mudou sua vida. “Hoje tenho minha carteira assinada e consigo viver do futebol. Várias oportunidades que já tive foram por causa dele, como experiências em muitos estados do Brasil, e fora do país também. Mas não é fácil ser atleta profissional. Geralmente as pessoas só veem as partes boas, no entanto é muito ruim ficar longe da família, e das pessoas que você ama de verdade. Nem todos os dias são flores, por isso digo que não é nada fácil e que é preciso abrir mão de muita coisa para realizar esse sonho”, desabafa a atleta.
Boby também afirma que sem dúvidas o futebol mudou sua vida abrindo muitas portas, e que sempre repete uma frase para si mesmo que é “Eu devo muito ao futebol”.”Eu sou formado, graças a ele, e também ao futsal. Eu jogava no time da faculdade e tive a oportunidade de ser contratado por um grande clube, cheguei até a disputar a Liga Nacional que hoje é a maior competição de futsal do mundo. Por isso, eu carrego comigo tudo que o futebol e o futsal me proporciona”, conta empolgado.