Por que mulheres ficam bêbadas mais rápido do que homens?

Entenda a explicação científica e quais fatores influenciam a ação do álcool no corpo e na saúde

Larissa Alves

Postado em 06/10/2021

É verdade e a ciência explica: mulheres sentem os efeitos do álcool de forma mais rápida e intensa do que homens. Isso acontece principalmente por dois motivos, explicados pela nutricionista comportamental, Gabrielle Gonçalves.

Gabrielle Gonçalves, além de especialista em nutrição esportiva funcional, trabalha com nutrição comportamental. (Créditos: Arquivo pessoal)

O primeiro fator leva em conta que mulheres naturalmente têm um percentual de gordura mais alto do que os homens. “A gordura impede que esse álcool seja metabolizado, deixando ele mais tempo ali presente na corrente sanguínea”, explica a nutricionista.

Já o segundo fator se deve a enzima responsável por metabolizar o álcool, a ADH (álcool desidrogenase), que apresenta uma produção reduzida no corpo feminino. “Mulheres produzem em média 20% a 30% menos dessa enzima, e isso influencia nesse tempo de metabolização do álcool”, complementa.

Vulnerabilidade de mulheres se torna ainda maior

Por mais que o consumo de álcool se mostre com o potencial de prejudicar a saúde de qualquer pessoa, a ação diferenciada do álcool no corpo feminino comprova que a mulher, seja por fatores científicos ou culturais, é um alvo ainda mais vulnerável quando o assunto é consumo de bebidas alcoólicas.

Mulheres produzem quantidades menores de uma enzima chamada álcool desidrogenase (ADH), que metaboliza o álcool. (Créditos: Unsplash)

A tatuadora de 27 anos, Débora Bittencourt, conta que apesar da bebida não ser frequente na sua vida, aparecendo mais nas festas de fim de ano ou em alguma saída para jantar, ela se considera sempre em estado de alerta quando está bebendo. “Acho que toda mulher tem medo de beber muito, e isso me faz perceber como realmente somos conduzidas a viver prestando muita atenção em tudo à nossa volta”, compartilha Débora.

Quanto menos, melhor

Durante as consultas que realiza, a nutricionista Gabrielle conta que tem notado de forma significativa o aumento do consumo de álcool entre a população feminina. É o que confirmam os dados do Ministério da Saúde, que mostram que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas entre as brasileiras passou de 10,6% para 13,3% entre 2010 e 2019. 

O álcool em excesso pode atrapalhar a hipertrofia, emagrecimento, sono, até mesmo causar ou piorar doenças no estômago e intestino. (Créditos: Unsplash)

“Eu sempre gosto de conversar sobre toda essa questão da vulnerabilidade, e além disso, sempre explico os prejuízos do álcool para saúde, que é comum em todos os gêneros”, explica Gabrielle. A substância acaba prejudicando a hipertrofia, o emagrecimento, o sono, podendo até ser responsável por algumas doenças relacionadas ao estômago e intestino. “Quando o assunto é álcool, quanto menos melhor”.

Débora resume bem tudo que foi discutido e afirmado até aqui sobre o tema: “ser mulher já é algo vulnerável por si só, o álcool apenas facilita o caminho”.