Produção de carros elétricos ainda não é sustentável

Empresas buscam tecnologias para amenizar danos causados à natureza na fabricação das baterias

Felipe Machado

Postado em 08/04/2024

Segundo um estudo realizado pelo Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT), foi constatado que os carros elétricos emitem menos da metade dos gases de efeito estufa durante toda a vida útil do veículo em comparação com carros a gasolina ou diesel. Porém, nem todo o processo de produção é benéfico para a natureza.

Para produzir a bateria do automóvel, ocorre a extração de metais raros como o lítio. Esse processo é extremamente agressivo ao meio ambiente, pois pode ser feito de diversas formas, gerando uma alta emissão de gases.

As três formas principais do processo de extração do lítio. Reprodução: Canva

“O carro elétrico se torna sim mais vantajoso do que os carros atuais, entretanto, a produção da bateria do veículo é um ponto a ser observado em relação aos prejuízos que pode trazer ao meio ambiente”, explica o professor de engenharia mecânica da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Carlos Cabral.

Para evitar essa poluição, empresas vêm desenvolvendo métodos e técnicas que envolvem tecnologia para amenizar os danos causados à natureza.

Além disso, o processo de recarga do veículo, também pode ser prejudicial por conta da origem das fontes de eletricidades geradas para efetuar o carregamento do veículo. Em alguns casos, passam a utilizar fontes não renováveis como o carvão e o petróleo, que por mais que produzam emissão em quantidade menor, continua sendo um fator poluente.  

A fim de evitar o uso dessas fontes energéticas prejudiciais ao meio ambiente, as empresas vêm buscando a transição desse processo para utilização de fontes renováveis, como a eólica, solar e hidrelétrica, para realizar a carga do veículo.

A maioria das casas e comércios de todo país, tem sua energia gerada através da hidreletricidade. Dessa forma, as instalações das recargas passam a ter a origem da fonte como renovável. “Em Brasília, se tornou comum fazer a instalação do carregador do veículo em vagas de garagens de shoppings e na própria casa do proprietário, além de já existir alguns pontos específicos espalhados pela cidade para efetuar a recarga”, explicou o chefe da área técnica do Senai/DF, Wendell Santos.

Em 2023, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o Brasil bateu o recorde de vendas de veículos elétricos em um ano. Os emplacamentos do ano passado somaram 93.927; de acordo com a associação, um aumento de 91% em relação às vendas de 2022. Apesar do alto valor de mercado, com os preços iniciais variando em torno de R$ 115.000,00, têm se tornado cada vez mais comum o uso e produção destes tipos de veículos no país.

Carro da empresa chinesa BYD, uma das principais responsáveis pelo aumento de produção de carros elétricos no Brasil. Foto: Felipe Machado

Os carros movidos a combustíveis fósseis são um dos principais emissores de gases poluentes ao meio ambiente. De acordo com o documento do Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Município de São Paulo, eles são responsáveis por 72,6% da emissão de gases do efeito estufa.

Essa consequência contribui no aumento do aquecimento global e do efeito estufa ao absorver a radiação emitida pelos gases vindo da superfície terrestre. Por conta dessa alta, impactos climáticos são associados, como aumento das temperaturas globais, mudanças climáticas, derretimento de geleiras, aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos.

Os principais gases emitidos ao ar pelos veículos movidos a combustíveis fósseis. Reprodução: Canva

O controle da emissão desses gases se torna primordial para garantir uma sustentabilidade do meio ambiente a longo prazo. Visando esse fator, os carros elétricos entraram como uma solução para a diminuição da transmissão desses contaminadores presentes no ar.