Projeto Amor Aquém atua em comunidade do DF
Iniciativa de dois jovens está transformando a realidade de 150 famílias de Santa Luzia, na Estrutural
Postado em 22/04/2022
Localizada dentro da Cidade Estrutural, a comunidade Santa Luzia está à mercê da invisibilidade, criminalidade, falta de infraestrutura e acesso aos programas do governo. A insatisfação com a desigualdade social do país e com a realidade invisível aos olhos dos moradores de Brasília fizeram com que dois jovens decidissem agir e abraçar a causa dessa comunidade.
Ana Flávia Napoli e Tiago Reis, ambos com 23 anos, começaram o trabalho voluntário no início da pandemia Covid-19. A ideia era arrecadar cestas básicas com o objetivo de acalmar o desespero de famílias que estavam enfrentando para além de uma crise sanitária, a fome. Após duas semanas de entregas das cestas, uma notícia causou ainda mais comoção: três famílias que haviam sido ajudadas na semana anterior perderam suas casas e pertences em um incêndio.
A partir desse acontecimento, o projeto finalmente foi tomando uma forma mais sólida e virou o Projeto Amor Aquém, com o objetivo de ajudar essas famílias na construção de uma nova moradia na tentativa de reestabelecer a vida que havia sido devastada com a tragédia. O primeiro passo foi a inserção do Projeto nas redes sociais e a mobilização de amigos e familiares para arrecadar doações e iniciar a construção das casas.
Hoje, com 2 anos de atuação no Santa Luzia, 150 famílias são cadastradas no projeto. Ana Flávia explica que esse cadastro proporciona um auxílio melhor e mais direcionado, criando também um vínculo afetivo entre os voluntários e as famílias.
Contando com a ajuda de doações, o projeto ajuda diretamente naquilo que as famílias mais precisam. Além de cestas básicas, alimentos, roupas, kit de higiene, fraldas e enxovais, amor, carinho e educação são parte da solidariedade oferecida para a comunidade. A diversão também é garantida para as crianças, passeios são programados como forma de proporcionar momentos de felicidade e de viver uma infância mais leve longe de todas as responsabilidades que muitos deles precisam assumir tão cedo.
A tarefa de impactar essas vidas através do diálogo é um dos pilares que sustentam o projeto, por isso são oferecidas palestras educativas sobre drogas, sexualidade, higiene, testemunhos, valorização da vida, educação como porta de mudança e diversas dinâmicas para estimular o lado sócio-emocional.
No ano de 2022 foi incrementado ao calendário de ações cursos de capacitação com o objetivo de ajudar mães e pais que perderam o emprego durante a pandemia. Dentre os cursos estão: design de sobrancelhas, manicure, cozinha, cabeleireiro, babeiro, informática, costura, artesanato e entre outros. Junto com o curso é oferecido um kit completo para a atuação na área.
Em uma pesquisa realizada através dos cadastros, foi constatado que cerca de 60% dos jovens de 16 e 17 anos nunca haviam lido um livro na vida. Com esse dado foi criado o Clube do Livro, que atua diretamente no incentivo desses jovens com a literatura, os monitores se fazem presente nesse momento através de vídeo chamadas e atividades para acompanhar o desempenho e tirar dúvidas sobre a leitura.
O objetivo final dessa campanha de incentivo é fazer com que as crianças e adolescentes desenvolvam um livro que será publicado por eles, com direito a um dia de autógrafos e vivendo a realidade de um verdadeiro autor.
O clube do livro foi criado para incentivar a leitura entre os jovens /Créditos: Arquivo pessoal
Projeto começou com arrecadação de cestas básicas /Créditos: Arquivo pessoal
As crianças possuem atividades brincadeiras ao lado dos voluntários /Créditos: Arquivo pessoal
Bairro de Santa Lúzia fica localizado na Estrutural/ Créditos: Arquivo pessoal
Voluntariado
O voluntário Douglas Lopes, 23 anos, explica que faz trabalho voluntário desde 2015 e que foi motivado inicialmente pela fé cristã a praticar o ato da caridade. Hoje, ele faz parte do corpo do projeto Amor Aquém, trazendo amor e carinho para os que mais precisam. “A fé sem obras é morta”, afirma.
Diferente de Douglas, a voluntária Milena Galvão, 21 anos, começou sendo voluntária para atividades mais direcionados para a vida acadêmica e há 4 meses ingressou no trabalho voluntário voltado para ajudar a tornar a realidade dessas pessoas um pouco menos difícil através da doação de tempo e afeto. Para ela, ajudar outras pessoas fez com que ela desenvolvesse muito forte dentro de si a questão da empatia e que a sensação que fica depois de cada ação é de receber muito amor puro e gratuito. “É uma realidade muito diferente da realidade que eu tenho, as crianças têm uma situação de vida muito diferente da que eu tive. E apesar dessa realidade difícil, a reação que eu as vejo tendo, mesmo diante das dificuldades, é a de receber a gente com tamanho amor”.
Douglas e Milena fazem parte do corpo de voluntários do projeto
Futuro
Para o futuro do projeto, Ana Flávia tem grandes sonhos. A ideia é formar uma ONG, conseguir captar mais recursos de pessoas jurídicas, de grandes empresas e atrair os olhares de investidores, e a construção de uma sede para a realização dos encontros do projeto, para maior comodidade nos atendimentos dessas famílias. “Um dos nossos sonhos também é implementar para a criançada aulas de música, inglês e esportes, porque a gente acredita muito na transformação através da educação, principalmente na primeira infância”.