Setor de eventos volta a esquentar economia após flexibilização de medidas restritivas

Dados da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) apontam que esta área deixou de faturar
ao menos R$ 230 bilhões em 2020 e 2021

Yasmim Valois

Postado em 28/06/2022

A pandemia trouxe diversos prejuízos em várias áreas, e uma das que foi intensamente afetada foi a de eventos. De acordo com entidades setoriais, as medidas preventivas contra o novo coronavírus chegaram a atingir 97% deste setor que é responsável por 4,32% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país). Dados da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) apontam que esta área deixou de faturar ao menos R$ 230 bilhões em 2020 e 2021. 

A pandemia foi como um meteoro que caiu em cima do setor de eventos e ele ainda está se recuperando, relata Fátima Facuri, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc). “A retomada dos eventos já está acontecendo, mas nós estamos com dificuldades no calendário, algumas indústrias não querem participar dos eventos ainda, não temos mais mercado internacional na sua totalidade”, esclarece.

O produtor de eventos, Pedro Russo, conta sobre como lidou com a suspensão das realizações no período da pandemia. “Eu sabia que era uma fase, um momento que a gente precisava entender o impacto disso globalmente. Seria muito egoísta da minha parte querer continuar com as atividade sendo que eu estaria colocando a vida das pessoas em risco. Fiquei chateado por não poder trabalhar, lógico, mas eu fiquei muito mais chateado por tudo que o covid causou, com o número de morte de pessoas”, desabafa. O jovem acrescenta que torce para que o setor volte realmente bem aquecido gerando muito emprego e movimentando cada vez mais a economia.

O lucro de diversas pessoas dependia totalmente desse setor, segundo Daniel dos Passos Soares, economista e Gerente Executivo do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon/DF).  “Os impactos foram sentidos por mais de seis milhões de pessoas que dependiam de festas, eventos corporativos, casamentos e shows para sobreviver. Portanto, os produtores, músicos, garçons, seguranças, entre tantos outros profissionais, além de fornecedores, que movimentam esse mercado e garantem a realização de eventos memoráveis, viram a renda praticamente desaparecer ou perderam os empregos”, explica o especialista. 

Evento acontecendo após a flexibilização das medidas restritivas/Crédito: Nicole Diniz

Expectativa de retorno 

A perspectiva é que a retomada gradual das atividades de eventos ocorra com a flexibilização das restrições em quase todo o Brasil, segundo o economista. “Mesmo que ainda tenham algumas restrições de público total em alguns destinos, ainda contamos com a realização de cerca de 590 mil eventos ao longo de 2022 sendo a estimativa do Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), com isso a roda da economia que já está girando e voltará a movimentar toda a cadeia produtiva envolvida que abrange outros seguimentos, como os setores aéreos e de hotelaria, restaurantes e centros de convenções, entre outros”, esclarece

“Os indicadores conjunturais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que o setor de serviços foi destaque de recuperação em 2021, justamente porque foi beneficiado pela reabertura econômica e avanço da vacinação, dessa forma a retomada das atividades do setor de eventos traz diversas expectativas positivas no âmbito econômico e social, pois é uma atividade fortemente geradora de empregos em todas as faixas de renda”, complementa, Daniel.

A recuperação dos danos que a pandemia causou não vai ocorrer em um período curto, segundo o secretário geral da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos do Distrito Federal (Abrape-DF), Elisson Ferreira. “A lei do perse oferece alguns benefícios como a isenção de alguns tributos, mas ainda acreditamos que a situação vá muito além. Como não havia faturamento, todos deixaram de ter dinheiro no caixa, então essa recuperação deve demorar, no mínimo, de dois a três anos, mas mesmo assim sabemos que não vai ser possível recuperar tudo, porque algumas empresas não conseguiram se manter de pé”, conta. Elisson ainda fala sobre como é fundamental o associativismo faça com que as empresas possam buscar meios para que criem uma nova história após a pandemia.