Sonho que se sonha junto é realidade

A recompensa imaterial do trabalho voluntário, que atrai mais de 7,4 milhões de voluntários por todo o país

Priscilla Burmann

Postado em 12/04/2022

O trabalho voluntário visa transformar vidas e transmutar-se através delas. No Brasil, é regulamentado desde 1998 pela Lei 9.608.  Todavia, o trabalho voluntário existe desde os primórdios da humanidade. Dentre as atividades em que é possível ser voluntário destacam-se as áreas com mais adeptos no Brasil: animais e meio ambiente, cultura e educação, esportes e turismo.

Em um levantamento realizado na última década, feito pela Charity Aid Foundation (CAF – América), o Brasil ocupava a posição 74º de um total de 124 países em número de voluntários. Em paralelo, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a respeito de “Outras formas de trabalho”, em 2017, apontou que 7,4 milhões de pessoas praticavam algum tipo de voluntariado. O número significa um aumento de 12,9% quando comparado a pesquisa do ano anterior.

Uma curiosidade a respeito do trabalho voluntário é que até meados do século vinte, o voluntariado era realizado apenas por famílias abastadas e era culturalmente uma atividade feminina. Atualmente, segundo a PINAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) de 2019, do IBGE, 62% das pessoas que realiza algum tipo de trabalho voluntário são mulheres. A exemplo disso, Elizabeth Sena, 42, cabeleireira profissional, compartilha a sua experiência com o trabalho voluntário: “O voluntariado surgiu em minha vida inicialmente como uma atividade religiosa e hoje atuo como uma forma de gratidão. Através dele descobri uma grande paixão por cortes de cabelo e encontrei a minha profissão. Embora seja difícil lidar com pessoas, aprendo constantemente com elas e me sinto mais humana ao fazer o bem.”

Projeto Social Nós por Nós – Foto: Priscilla Burmann
Ação social como via de mão dupla para a vida

Embora o número de voluntários seja crescente, o trabalho voluntário assim como os projetos sociais enfrentam diversas dificuldades, as mais comuns: Ausência de consciência coletiva, inoperância do sistema e políticas públicas que visem mudanças permanentes sobre a forma como se vive no país e a gestão ‘viciosa’ do projeto, onde as práticas beneficiam principalmente quem lidera o mesmo.

Tárcis Veloso, 28, é estudante universitário e voluntário em projetos sociais: “O trabalho voluntário preenche um lugar que só ele consegue preencher. É uma troca recompensada pelo olhar de uma criança feliz, gargalhada de um idoso e prosas sobre a vida.”

O trabalho voluntário ainda que não seja recompensado com dinheiro, alimenta a humanidade desprendida da realidade dos dias capitalistas. A despeito disso, Tiago Scapellato, 36, servidor público federal, compartilha a sua experiência: “Sempre tive dificuldades para me relacionar com pessoas. Sou introvertido e me imaginar arrecadando alimentos ou conversando com desconhecidos nunca fez parte da minha vida até me envolver com ONG’s. Já fiz resgate animal, visitei asilos para conversar com idosos, distribui alimentos e embora, às vezes, seja doloroso encarar situações de extrema pobreza, acredito que sair da bolha e enxergar outras realidades, outra Brasília, principalmente, seja uma forma de me tornar mais humano. Aprendo constantemente a me colocar no lugar do outro e a exercer a gratidão”.

A pandemia e os altos custos para garantir o mínimo necessário para a sobrevivência influenciaram no número de atitudes voluntárias independentes por todo o país.

Se você ficou interessado, são inúmeros os benefícios e as recompensas do trabalho voluntário. Segue uma lista com alguns sites que incentivam o mesmo:

www.atados.com.br

www.worldpackers.com

www.cafamerica.org

– @bsbinvisivel_

– @projetonospor.nos

Projeto Social Nós por Nós em ação social de Páscoa – Foto: Priscilla Burmann