Uso do formol em produtos capilares pode causar danos irreversíveis à saúde

Desde 2004 a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica a substância como cancerígena

Carolina Spinola de Almeida

Postado em 09/05/2022

Desde 2001 a Anvisa permite apenas 0,2% de concentração de formol em produtos capilares por conta dos riscos à saúde. O uso dessa química é utilizada para alisar os cabelos permanentemente, processo conhecido como progressiva. Os danos causados nos fios ao longo do tempo só pode ser revertido após o corte químico.

Cabelo de Milena após inúmeras progressivas/arquivo pessoal

Desde 2004 a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica o formol como substância cancerígena. Podendo também provocar os seguintes malefícios: dor de garganta, irritação do nariz, tosse, diminuição da frequência respiratória, pneumonia, bronquite, entre outros, além de causar a intoxicação, que pode levar à morte. Quanto maior a exposição, maiores os riscos.

O uso do formol na concentração liberada pela Anvisa não causa o efeito que a progressiva promete. Andreia Carla, 48, especialista em regulação e vigilância sanitária explica: “Nos cosméticos, o formol só poderá ser usado para conservar o produto capilar numa concentração tão pequena que não funciona para alisar.’’

Elka Milena, 50, servidora pública, se submeteu à utilização frequente do produto; começou a alisar os cabelos de 3 em 3 meses e depois encurtou o intervalo de tempo para 2 meses. ‘’ Meu cabelo ficou maravilhoso durante um bom tempo. Depois começou a ressecar, ficava extremamente seco e não tinha hidratação que desse jeito’’.

Cabelo da Milena se recuperando após corte químico/arquivo pessoal

Para assegurar que os salões de beleza não utilizem o químico acima do permitido pela Anvisa existe a figura do fiscal no setor de cosméticos. É o que explica Ethel Cardoso. “Os estabelecimentos do tipo salão de beleza são considerados serviços de interesse para a saúde e são fiscalizados pelos órgãos de vigilância sanitária locais.  Somente a análise laboratorial realizada por laboratórios oficiais pode comprovar o uso do formol em concentrações acima do permitido.’’

A solução para retirar o formol dos fios é fazer o corte químico. Esse é  um procedimento que corta toda parte que ainda contém produto, ou seja, é necessário esperar a raiz do cabelo crescer.  Milena relata que teve de fazer a transição capilar. ‘’Eu até hoje sinto muita falta de como meu cabelo ficou no início, mas me arrependo e não usaria de novo, as pessoas não contam o ‘’depois’’, que é muito triste. Eu sofri muito.’’