Vida mediada pela tecnologia é desafio para idosos
Pesquisa revela que população acima de 60 anos sabe da existência da Internet, mas poucos fazem uso da rede
Postado em 27/04/2022
Em 2011, a ONU – Organização das Nações Unidas, decretou o acesso à internet como um dos direitos humanos do século 21. O uso da rede após a pandemia do Covid-19 se tornou praticamente imprescindível como forma de contato pessoal e profissional e como meio resolução de assuntos burocráticos.
Mas isso ainda não é tão comum quando se trata de pessoas idosas. Pesquisa realizada pela Sesc-SP e Fundação Perseu Abramo relata que houve um aumento dos maiores de 60 anos com conhecimento sobre o termo internet (81% em 2020), mas apenas 19% usavam a rede. Além disso, 72% da população da terceira idade nunca havia usado um aplicativo e 62% não tinham costume de usar as redes sociais.
No contexto pandêmico, idosos foram instruídos a seguirem o isolamento social por segurança, sendo afastados da convivência com os familiares e amigos, gerando enorme prejuízo para a saúde mental. As pessoas da terceira idade já se sentem mais isoladas e com a quarentena isso só se agravou. O uso da internet para a terceira idade serviria como ferramenta de interação, no intuito de diminuir a solidão e também no consumo de produtos pela internet para evitar exposição ao coronavírus nas ruas, supermercados e comércio em geral. Alguns conseguiram se adaptar; outros, não.
Auxílio no uso da internet para a terceira idade
Para Sandra Regina Tobias, de 60 anos, professora de Inglês e Português, as dificuldades são poucas, ela tem o auxílio do filho e uma prática acadêmica com o uso da rede. “Quando eu estou com dificuldade e não tem ele para ajudar, eu insisto até saber mexer, nosso computador dá alguns problemas com frequente e como não sei solucionar, peço ajuda quando ele chega”, destaca a professora.
Já para Marlene Possidonia da Silva, 70 anos, aposentada, não é tão simples assim. Ela também não sabe ler e nem escrever, o que dificulta ainda mais seu uso de aparelhos eletrônicos e internet. “No meu celular não tem redes sociais, apenas telefone, até porque eu não sei ler, então eu tenho muita dificuldade”, comenta.
“Deviam nos tratar como prioridade até no momento de criar eletrodomésticos, porque tudo é digital e a gente não sabe mexer. Só pensam em como os jovens vão usar aquela máquina, não como nós vamos usar. Somos descartados de algo que também é nosso direito usar”, relata a idosa, ao contar que se sente cada vez mais excluída da sociedade ao não ter conhecimento sobre as novas tecnologias.