Em 2021, setor de academias e empreendedorismo esportivo estão 52% abaixo do faturamento
Pandemia impactou o cenário econômico e a rotina de professores e atletas. Saiba mais sobre os motivos e expectativas para o futuro do setor.
Postado em 25/09/2021
No Brasil, o setor de academias e empreendedorismo esportivo foi um dos mais impactados pela crise sanitária de Covid-19. Essa é a conclusão da 11ª edição da Pesquisa de Impacto da Pandemia nas Micro e Pequenas Empresas, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Microempresas (Sebrae), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Levantados em maio, os dados revelam que, além do aumento de endividamento, houve uma redução de 52% no faturamento do mês, e que 72% dos empresários do ramo alegam estar com dificuldades para manter os negócios funcionando.
Entretanto, no momento atual com o andamento da vacinação no país e com o número de casos de Coronavírus diminuindo, a Tecnofit, uma startup de gestão para academias, estúdios e crossfit, apresentou dados nacionais que indicam que as academias recuperaram, no segundo semestre de 2021, 88% de seus alunos que tiveram que parar as atividades nesse tempo.
O economista e professor do Centro Universitário IESB de Brasília, Riezo Almeida, comenta que a falta de capital de giro de microempresas foi uma das principais causas da queda do faturamento. Sendo assim, o país se viu com falta de dinheiro para bancar o funcionamento de academias e empreendedorismo esportivo. De acordo com o economista, a solução que esses empresários encontraram foi tentar iniciar outro negócio, seja na área fitness ou em outras áreas, pois assim conseguem continuar com a sua renda a partir de um serviço que não necessita de tanto dinheiro investido para se manter.
“Nós observamos que esses empresários estão migrando para outros setores e investindo em serviços menores pois deixaram muitas dívidas. Mesmo que o empresário tivesse um bom planejamento financeiro, talvez não suportaria tanto tempo sem atividade. Porém, com os avanços que estamos vivendo agora as expectativas para 2022 estão boas, acreditamos que o cenário econômico dessas pessoas se estabilize”, comenta.
Do papel para a realidade
Para Cláudio Quezado, professor de Jiu Jitsu há mais de 15 anos, os números que estavam no papel se tornaram um obstáculo a ser superado. Na pandemia, Cláudio passou por três situações que o forçaram a repensar em como continuaria praticando e ensinando o esporte aos seus alunos. Em março de 2020, o mestre de Jiu Jitsu ministrava as suas aulas na academia Alliance, que precisou parar as atividades alguns meses depois visto que a pandemia atingiu fortemente a cidade. Apesar dos decretos considerarem as academias como serviços essenciais, Cláudio revela que a preocupação veio de prontidão, pelo fato de que o esporte conta diretamente com o contato físico constante dos atletas.
Após poucas semanas, as aulas da Alliance tiveram de ser suspensas, e o professor precisou se render ao ensino remoto. Cláudio comenta que por cerca de 4 meses trabalhava com aulas online personalizadas e com envio de vídeos para seus alunos. Por conseguinte, mestre Quezado ficou sem trabalhar por aproximadamente 3 meses, sem nenhuma prática de ensino da arte marcial. No primeiro semestre de 2021, a situação que parecia melhor foi literalmente por água abaixo.
Após um longo período de planejamento, em fevereiro a academia Cláudio Quezado foi reaberta em um pequeno espaço que foi alagado após uma tempestade na região. Sem chance de recuperação do espaço, as práticas do professor precisaram ser suspensas novamente. Há cerca de dois meses, Cláudio voltou ao cenário de academias, trabalhando não somente como professor, mas também como personal fight. Atualmente, as aulas de Cláudio Quezado estão sendo realizadas na academia Headway, localizada no Lago Norte.
“Como professor, minha primeira reação foi de desespero por que eu pensei: Como que eu vou ensinar jiu jitsu para essas pessoas? Apesar de ter me adaptado para o remoto, houve um momento em que eu fiquei parado e me vi em uma situação muito difícil. Agora que eu estou conseguindo dar aulas de novo, o sentimento é gratificante”, revela.
Ao acompanhar toda a trajetória, o atleta André Barbosa, de 21 anos, compartilhou a decepção de parar os treinos da arte marcial por duas vezes durante a pandemia. Ex-aluno da academia Alliance, André compareceu às aulas no começo do ano no espaço que foi alagado e, após a tempestade, teve que se distanciar novamente do Jiu Jitsu. Agora, voltando a participar das aulas presenciais na academia Headway, ele comenta que a sua experiência impactou tanto no seu desempenho físico, quanto mental.
“Assim que a pandemia começou eu estava me preparando para meu primeiro campeonato e interromper isso foi algo difícil de superar. Voltar agora a praticar com o mestre Quezado é muito especial, pois acompanhei todas as situações difíceis que ele passou e ver que ele conseguiu superar e arranjou um novo espaço, me deixa muito feliz e animado para treinar”, afirma o atleta.