Número de mulheres na bolsa de valores ultrapassa 1 milhão

Há dois anos, elas eram apenas 288,6 mil investidoras. A marca sinaliza o crescente interesse feminino no mercado e abre as portas para novas possibilidades financeiras.

Vitórian Tito

Postado em 22/09/2021

O número de mulheres que investem na B3, a bolsa de valores brasileira, atingiu a marca de 1 milhão em 2021. Conquista importante para desmistificar o mercado financeiro, marcado pela presença majoritariamente masculina, o avanço ainda é tímido. Dados do relatório de perfil de investidores de pessoas físicas apontam que as mulheres representam apenas 27% do total de investidores: 2,38 milhões ainda são homens.

O crescimento de contas femininas saltou em relação ao final de 2020, quando havia 847 mil investidoras. Se comparado a 2019, o aumento é ainda mais perceptível. No ano, apenas 288,6 mil mulheres movimentam ações na bolsa de valores. Ainda considerado muito masculino, o mundo dos investimentos tem ganhado espaço entre mulheres que buscam liberdade financeira. 

Ter reserva de emergência e carteira de investimentos diversificada possibilita segurança para tomar decisões em qualquer cenário da vida, desde uma transição na carreira ou a resolução para emergências inesperadas. “Investir é deixar o seu dinheiro trabalhar para você. É a melhor maneira de não perder pra inflação e ainda ter a estabilidade de poder sempre tomar a melhor decisão”, explica a corretora da XP Investimentos, Ana Marteletto. 

Para a agente de investimentos, “aprender sobre o mercado financeiro é entender qual é o melhor investimento para o seu perfil e para o seu momento de vida, e saber enxergar as melhores oportunidades do momento econômico em que vivemos”. E não é difícil começar. Hoje é possível aplicar no Tesouro Direto, título onde você empresta dinheiro para o governo e ele  paga com juros, com apenas R$ 30,00. O investimento é considerado o mais seguro do país e é um ótimo primeiro passo para criar reserva de emergência. 

Um dos grandes fatores do crescimento de contas femininas na bolsa de valores foi a mínima histórica da taxa básica de juros (Selic), que chegou a 2% ao ano. Isso ocasionou um boom no número de investidores de pessoa física e trouxe, consigo, a presença feminina. A estudante de arquitetura e urbanismo Marina Guedes, 20 anos, é uma entre as mais de 1 milhão de investidoras. 

Para a estudante Marina Guedes, os investimentos não são um bicho de sete cabeças e qualquer pessoa com interesse no assunto pode começar / Arquivo Pessoal

O interesse pelo mercado financeiro começou por curiosidade. Antes de fazer a primeira aplicação, Marina acompanhou canais sobre investimento no YouTube por um ano. Há 4 meses, criou coragem e deu o primeiro passo. “Eu achava que estava fazendo um grande negócio deixando o dinheiro da poupança parado. Depois que comecei a estudar sobre, vi que existem muitos outros lugares onde ele poderia render muito mais”, conta.

Entre as motivações da estudante, estão a garantia de tranquilidade financeira a longo prazo, a conquista de sonhos e a construção de patrimônio pessoal para alcançar os objetivos. “Além disso, quanto mais eu demorava, mais eu pensava que estava perdendo tempo e que o dinheiro poderia estar rendendo mais. Por isso, quanto mais cedo começar, melhor”, sugere. 

A bolsa é para todas

Ana Materletto se orgulha da marca e vislumbra boas expectativas para crescimento. “Investir é muito importante, independente do gênero. E é importante que as mulheres tenham noção disso, da força que possuem e de que podemos chegar mais longe se tivermos disciplina para guardar dinheiro”, afirma.

A falta de conhecimento sobre o tema e a visão muito masculina a respeito da atividade são alguns dos fatores que ainda colocam barreiras entre a bolsa de valores e mais mulheres. Esses fatores, inclusive, foram os que fizeram com que Marina demorasse um ano para fazer a primeira aplicação. 

“A educação financeira constrói uma mentalidade diferente nas pessoas e abomina o consumismo exagerado, que é tão comum”, diz. Por isso, Marina acredita que o assunto deve ser ensinado nas escolas e espera ver, em breve, ainda mais mulheres investidas na temática para melhorar a qualidade de vida, conquistar sonhos e criar redes de apoio para incentivo mútuo.  

Para Marteletto, “ainda há um caminho longo para trilharmos, mas essa marca de 1 milhão já foi um marco importante nessa história. Estamos cada vez mais independentes e conquistando lugares mais altos na sociedade”.