A reforma tributária busca simplificar o sistema de impostos no Brasil, substituindo tributos complexos por um modelo mais transparente. No entanto, especialistas alertam que a transição pode impactar diretamente o custo de vida da população, especialmente em setores como serviços, alimentação e combustíveis.

Enquanto o governo defende que a reforma trará mais equilíbrio e eficiência, empresários temem aumentos nos custos operacionais, o que pode resultar em reajustes de preços. Já os consumidores se preocupam com um possível encarecimento de produtos e serviços essenciais.

Para o setor de comércio e serviços, a principal preocupação é se o aumento de impostos exigirá o repasse dos custos para os clientes. “É provável que tenhamos que aumentar os preços, especialmente se as alíquotas subirem. Isso impacta nosso planejamento e competitividade”, explica Ythalo Mendes, do setor de venda e produção de joias.

A transição para o novo sistema começa em 2026, com a aplicação de uma alíquota-teste. Em 2027, tributos como PIS, Cofins e IPI serão substituídos pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), enquanto ICMS e ISS darão lugar ao Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

“Os consumidores vão sentir os efeitos da reforma à medida que os tributos forem implementados. Alguns produtos podem ficar mais baratos, enquanto outros, que tinham uma carga menor, podem encarecer”, afirma Douglas Rodrigues, editor-chefe do Portal da Reforma Tributária.

Ele destaca que um dos avanços será a maior transparência na tributação. “O maior benefício para o consumidor será saber exatamente quanto está pagando de imposto. Hoje, os tributos são cobrados de forma cumulativa e confusa. Com a nova estrutura, o modelo seguirá o padrão internacional do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), tornando a tributação mais clara e não cumulativa.”

O custo de vida pode subir?

Especialista apontam que o setor de serviços pode ser um dos mais impactados, já que tende a ter um aumento na carga tributária.

“A reforma deve reduzir impostos para alguns setores, como a indústria, mas pode aumentar para o setor de serviços. No entanto, o impacto final vai depender de como as empresas se prepararem para essa transição”, avalia Rodrigues.

O consumidor acredita que a medida pode trazer desafios para o pequeno empreendimento, dificultando sua estruturação. “Certamente pode impactar no dia a dia”, afirma, Fabrício Pereira, destacando também a possibilidade de redução do poder de compra da população devido ao aumento dos preços.

A reforma tributária ainda está em fase de implementação e seus impactos reais serão percebidos nos próximos anos. O cronograma se estende até 2032, permitindo ajustes para minimizar efeitos negativos.