Projeto incentiva participação de mulheres na área da computação

Meninas.comp nasceu a partir da necessidade de incluir mais mulheres no mundo da tecnologia e computação

Giovana Ferreira

Postado em 22/10/2021

Com a necessidade de estimular a participação e ingresso de mulheres em áreas voltadas para a computação, as professoras da UnB (Universidade de Brasília) Aletéia Araújo, Maristela de Holanda e Maria Emília criaram em 2010 o projeto meninas.comp, voltado para a inclusão de meninas em escolas públicas do Distrito Federal neste meio. Com a pandemia, o projeto teve que ser suspenso nas escolas participantes, contudo, em maio deste ano, uma portaria liberada pelo Sistema Integrado de Normas Jurídicas do DF autorizou a renovação do mesmo. Por ser um processo burocrático, as participantes continuam sem aula, como é o caso das alunas do Centro Educacional Vargem Bonita, uma das 12 escolas participantes

Uma das coordenadoras do projeto, Aletéia Araújo, ressalta a importância do meninas.comp e da educação tecnológica destacando a relevância desse ensino para que os jovens tenham um pensamento computacional e lógico. “Muitas meninas deixam de escolher a computação não porque elas não têm habilidades, mas sim porque elas não conhecem, elas acham que para ser da computação você precisa ser absurdamente inteligente e isso não é verdade. Nós desmistificamos essas visões, mostramos que computação também é coisa de menina”, diz a professora. As oficinas oferecidas nas escolas contam com o apoio da UnB e são focadas especialmente em projetos pedagógicos que envolvem o aprendizado de lógica computacional, programação e robótica. 

Abrindo caminhos

O professor responsável pelas aulas de robótica na escola da Vargem Bonita, Marcos Caldeira, conta como o projeto viabilizou as participantes de enxergarem novas oportunidades e caminhos. Ele relembra casos de ex-participantes do projeto que atualmente seguem carreiras na área computacional. “O projeto dá visibilidade, nós não esperamos que todas as meninas façam ciência da computação, mas emponderá-las, fazer com que elas pensem algo diferente. Temos ex-alunas que passaram para Ciência da Computação na UnB, outra para Arquitetura, Engenharia e outra para Mecatrônica. Isto é a robótica: fazer com que meninos e meninas tenham uma outra visão, um outro conhecimento”. 

Marcos ainda comenta como as alunas da escola, através do projeto, tiveram a oportunidade de participar de grandes eventos de tecnologia, como o Campus Party de 2019, por exemplo. E colaboraram no projeto comandado por ele, na elaboração de um sistema de irrigação automático, chamado de “horta inteligente”, o qual é movido a partir de sensores que reconhecem a necessidade de cada terra. 

Projeto de irrigação feito pelas participantes da Escola da Vargem Bonita | Crédito: meninas.comp

Vitória Santos, aluna do projeto na escola da Vargem Bonita, conta como essa iniciativa oportunizou enxergar novas opções de carreira e um melhor conhecimento. “O projeto possibilitou um aprendizado maior em uma área que eu não conhecia; aprender principalmente sobre engenharia, TI, coisas que eu nunca imaginei”. 

A participante comenta também a importância de terem projetos como esse voltados para a inclusão de mulheres. “O meninas.comp propiciou o meu entendimento de que a mulher nunca foi e nunca será inferior ao homem. O projeto permitiu uma visão mais panorâmica sobre a força feminina e tecnologia”.