Empreendedorismo jovem se torna tendência em 2020 e 2021
Pesquisa da Globo afirma que 60% dos jovens das classes A, B e C com até 30 anos querem ter um negócio próprio no futuro. Leia a experiência da universitária e empreendedora, Isabela Xaxá
Postado em 21/10/2021
Nos últimos anos, o empreendedorismo jovem e independente deixou de ser uma novidade no Brasil. De acordo com estudo feito no final de 2020 pelo Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego entre adultos de 18 a 24 anos ficou em 29,8%, sendo esse um dos principais motivos que impulsionam o empreendedorismo independente, acompanhado da busca pela independência financeira e autonomia no trabalho.
Em 2021, ano que ainda é afetado pela pandemia de Covid-19, os números não diminuíram. Segundo pesquisa da Globo, feita com 1,5 mil pessoas de 16 a 30 anos no mês de março, 24% dos jovens das classes A, B e C com até 30 anos já são empreendedores e 60% querem ter um negócio próprio no futuro.
Tendo em vista também os dados levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, a população jovem sofre grande impacto com relação à fraqueza da economia no país, o que ajuda a entender a necessidade desse grupo buscar uma atividade autônoma e, muitas vezes, inovadora. No primeiro trimestre de 2021, o desemprego foi de 31% entre aqueles de 18 a 24 anos. Na faixa de 25 a 39 anos, ficou em 14,7%.
Como parte da população jovem e universitária do país, Isabela Xaxá, de 20 anos, começou seu empreendimento em 2020. A loja de doces Docitos é de origem brasiliense e é totalmente administrada pela estudante, sendo ela a funcionária que produz, organiza, e planeja as vendas. Atrelada à necessidade, a vontade também pesou na balança quando Isabela teve a ideia de começar o negócio. Cursando gastronomia no Centro Universitário UniCeub, a estudante conta que a loja a ajudou a decidir qual curso fazer, e assim, se apaixonar pelo universo da culinária.
Saiba mais sobre a trajetória da Docitos ao ler entrevista feita com a empreendedora.
Qual é a história da Docitos?
A Docitos surgiu em junho de 2020 quando eu tinha saído do meu antigo emprego, e foi quando eu vi que estava precisando de uma renda extra, mas eu não queria uma coisa muito fixa, como outro emprego de carteira assinada. Então, dei start em uma loja de doces porque além de eu gostar muito da área eu sabia que era algo que podia render de fato. Desde então, comecei a crescer entre amigos e familiares e depois na cidade de fato. A loja é muito especial para mim porque eu desenvolvi esse meu lado empreendedor e vi que realmente a minha renda aumentou. E logo nesse período de pandemia, que foi uma grande dificuldade para todos.
Por que você decidiu empreender sozinha nesse ramo da gastronomia?
Além da minha necessidade financeira, eu estou juntando dinheiro para uma viagem importante. Eu já tinha vendido doces há um tempo. A culinária sempre foi uma coisa que esteve presente na minha vida e no cotidiano da minha família. Com isso em mente, eu achei que poderia ser uma boa oportunidade e decidi fazer para empreender mesmo, porque eu sou boa na confeitaria e vi a chance de mostrar o meu trabalho.
Tem a vontade de deixá-la em situação fixa ou expandi-la?
Apesar de ter muita vontade de deixar a Docitos como uma fonte de renda fixa, eu ainda estou na dúvida porque a minha rotina mudou. Na época que abri a loja eu estava desempregada e ainda não estava na faculdade, e agora que eu sou universitária de gastronomia, eu vi que muitas outras áreas desse ramo despertam interesse além da confeitaria. Então, eu pretendo evoluir com a loja e me descobrir no caminho. Quem sabe, no futuro, a Docitos se torne uma confeitaria junto com um restaurante? Tenho essa ideia, mas ainda há um longo caminho pela frente para decidir.
Como funciona o sistema de pedidos e entregas? Tudo é feito por redes sociais?
Os pedidos são feitos principalmente pelo perfil da loja na rede social Instagram, a qual eu administro sozinha. Mas, também tem a opção de pedir pelo Whatsapp. Com relação às entregas, eu tomo conta de tudo sozinha mesmo. Na Asa Norte eu não cobro taxa de entrega, e nos demais locais da cidade eu cobro. Eu trabalho na loja como contadora, confeiteira, e todo o resto.
Durante a pandemia, como ficou a situação da loja? Era uma fonte de renda sua na pandemia?
No final do ano passado eu comecei a trabalhar em empregos mais leves, apenas em alguns dias da semana. No período em que eu abri a Docitos e comecei a trabalhar, em dezembro, essa era a minha única fonte de renda. Com os trabalhos que fui conseguindo, fui capaz de conciliar tudo e me manter em uma condição financeira estável. Já no começo desse ano, que foi quando comecei a faculdade, eu precisei parar com a loja pois a minha rotina estava muito apertada com a faculdade. Em junho, eu voltei com gás com a Docitos na tentativa de continuar com a renda e reinventar a loja, tanto no slogan quanto nos produtos que eu ofereço.
Quais são as especialidades da Docitos? Quais doces oferece?
A especialidade da Docitos são a palha italiana tradicional e o brigadeiro de colher ou o doce no formato tradicional também. Esse ano, pretendo colocar mais coisas no cardápio para agradar os meus clientes e poder expandir ainda mais o negócio.
Como estudante de gastronomia, como você diria que isso afetou e está afetando a sua loja?
Estar cursando gastronomia e ter a Docitos ao mesmo tempo tem sido uma experiência incrível. Eu ainda não tive a disciplina de confeitaria, mas já tenho matérias que abordam produção e técnicas aplicadas à doces e sobremesas e já estou apaixonada. Conciliando as duas coisas, hoje eu consigo buscar por ingredientes melhores para os meus produtos, aplicar mais técnicas, administrar melhor, e tudo isso veio do que aprendi na faculdade, então digo com segurança de que a faculdade está afetando a loja da melhor maneira.
Como foi o seu processo de investimento na loja?
Comecei com mais ou menos 120 reais, só questões de materiais, formas e ingredientes. Eu tinha um dinheiro guardado e como vi essa oportunidade, decidi investir.