Força e determinação marcam rotina de treino de uma atleta paralímpica

Atleta Giulia Alves começa rotina de treinamentos pesada, visando a Paralimpíada de Paris 2024

Vítor Bueno

Postado em 05/09/2021

Esperança de medalha para o Brasil nas próximas paralimpíada, a atleta brasiliense Giulia Alves, de 19 anos, treina forte para alcançar bons resultados e a vaga para as Paralimpíada de Paris 2024 na natação, esporte que está entre os que mais trazem medalhas para o país na competição. Conforme classificação do Comitê Paralímpico Brasileiro, Giulia compete na classe S8 para limitação física-motora.

“Eu nasci com má formação congênita nos membros inferiores, nasci sem o fêmur na perna direita, uso prótese desde pequena, aprendi a andar com a prótese. Quando eu tinha 13 anos decidi, por estética, fazer a amputação desse meu pé que eu tinha. Logo após a amputação, dentro da reabilitação, na hidroterapia, eu me descobri na água. Em menos de um ano eu já estava competindo nacionalmente”, conta Giulia.

Giulia Alves, atleta de natação paralímpica da classe S8

Um atleta nunca está sozinho

Com bons resultados em tão pouco tempo de treinamento, Giulia conseguiu a classificação para o Aberto de Berlim do World Series de Natação Paralímpica, onde teve sua primeira experiência internacional. “Abriu minha visão sobre o mundo do esporte. Foi ali que pensei que eu queria aquilo dali mesmo”, confessa. 

Depois da certeza de querer ser uma atleta profissional, Giulia voltou com foco para os treinamentos. Hoje, concilia a faculdade de enfermagem com treinos de duas horas e meia na piscina, em seis dias por semana e musculação, acompanhados de perto pelo treinador Marcus Lima. Enquanto Marcus está acompanhando Wendell Belarmino em Tóquio, Eduardo Clemente, coach paralímpico, assumiu o treinamento no Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB), conforme o cronograma individual, que visa a preparação para a competição mais importante em que cada atleta vai competir.

“O espaço físico é bastante importante, define muito o resultado. É o que diferencia muitos atletas de ponta para quem tem potencial que, com a falta de estrutura, não consegue atingir o nível. A piscina de 50m é importante para o rendimento dos atletas. Poucos lugares em Brasília possuem uma piscina de 50m”, destaca Eduardo sobre o apoio da UnB em disponibilizar a piscina olímpica para os treinos dos atletas. 

Eduardo Clemente marca o tempo de seus atletas após volta de 100m livres – Foto: Vítor Bueno

Além da UnB, a Universidade Mackenzie cede a piscina de 25 metros aos atletas.  Giulia recebe ainda o Bolsa Atleta do governo brasileiro, o bolsa estudante do Governo do Distrito Federal (GDF), das Loterias Caixa no recebimento dos auxílios, da Companhia Atlética e do Compete Brasília, na emissão de passagens aéreas para chegar à competição. 

Paris é logo ali

Giulia se mostra muito motivada para competir na próxima paralimpíada, ainda mais depois de ver o colega de raia, Wendell, voltar para casa com três medalhas (um ouro, uma prata e um bronze). “Faltam três anos. É uma corrida contra o tempo, mas, se eu me esforçar muito, eu vou estar lá”.

E para começar esse ciclo mais curto rumo a Paris, o retorno de Giulia às piscinas, depois de dois anos sem competir, será nas Paralimpíadas Universitária, competição que é a atual campeã dos 100m livres e nos 100m costas, além da prata nos 100m borboleta. Depois de lesões e uma depressão forte durante a pandemia que quase a tirou das competições, Giulia entende que o mais importante agora não é alcançar o lugar mais alto no pódio, mas sim a evolução e crescimento neste ciclo. “Eu estou dando o que eu tenho agora. Não tem como eu dar 100% se eu não estou 100%”. Os Jogos Paralímpicos Universitários acontecem em São Paulo, entre os dias 16 e 19 de setembro. 

Medalhista no último Universitário Paralímpico em 2019, Giulia vai em busca de mais medalhas – Foto: Vítor Bueno