Parque Nacional de Brasília tem núcleo de educação ambiental

Espaço tem como objetivo educar e sensibilizar o público sobre a importância da preservação ambiental

Louise Torres Santos Queiroz

Postado em 10/04/2025

A preservação do Cerrado, um dos biomas mais ricos e ameaçados do Brasil, é uma das principais missões do Parque Nacional de Brasília. Entre as ações voltadas para esse objetivo, o Núcleo de Educação Ambiental (NEA) desempenha um papel essencial na conscientização da população sobre a importância da fauna, da flora e dos recursos hídricos da região. Além de promover atividades educativas, o núcleo fortalece a proteção do ecossistema ao desenvolver projetos de conservação e combate a espécies invasoras.

Com a recente inauguração de uma nova trilha de 21 km, que conecta o parque à Floresta Nacional de Brasília (Flona), a iniciativa ganha ainda mais relevância. A trilha, que faz parte do sistema de Caminhos do Planalto Central e da Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso, permite que os visitantes explorem diferentes tipos de vegetação, conheçam fazendas históricas e tenham a chance de avistar espécies nativas da região.

Educação e Conservação: O Trabalho do NEA

O Núcleo de Educação Ambiental do Parque Nacional de Brasília não apenas recebe visitantes, mas também desenvolve atividades voltadas para escolas e grupos organizados. Segundo Denise Carvalho, técnica administrativa do NEA, o espaço tem como objetivo educar e sensibilizar o público sobre a importância da preservação ambiental.

“Tem um técnico administrativo que sou eu, temos um analista na área ambiental e fazemos esse repasse com escolas e professores. Aqui tem um intuito educativo mesmo”, explica Denise.

Uma das principais preocupações do parque é a manutenção da vegetação nativa. Dentro do território protegido, há um programa rigoroso para eliminar espécies exóticas que ameaçam a biodiversidade local. “Se alguma planta que não pertence ao Cerrado for identificada, nós temos que retirá-la, porque ela invade a área e compromete a preservação desse ecossistema tão especial”, afirma.

Além da vegetação, a fauna do parque também exige cuidados constantes. O local abriga animais como lobo-guará, onça-parda, veado, anta, quati e macaco-prego. No entanto, a presença de cães dentro da unidade tem sido uma ameaça à vida selvagem. “Os cachorros matam nossos bichos. Tivemos um caso em que uma anta foi atacada por cachorros, que chegaram a persegui-la dentro da água”, relata Denise. Para lidar com esse problema, o parque busca desenvolver estratégias de manejo que garantam a segurança dos animais silvestres sem prejudicar os cães.

Outro desafio enfrentado é a necessidade de manter um corredor ecológico para que a fauna possa circular livremente entre diferentes áreas protegidas. Segundo Denise, os animais do parque frequentemente se deslocam para regiões vizinhas, como o Lago Oeste e o Gama. “A gente não pode fazer isolamento de fauna, porque isso mata os animais confinados. Eles precisam se comunicar com outros ambientes naturais”, explica.

Macaco-prego

O Parque Nacional de Brasília tem adotado um sistema de “lixo zero” para evitar impactos ambientais e garantir a preservação da área. Segundo Denise Araújo, todo o material reciclável é recolhido e encaminhado para fábricas, enquanto os resíduos orgânicos, como restos de comida e cascas, são utilizados na produção de adubo em um silo específico dentro do parque. Esse adubo é aproveitado para o cultivo de hortaliças, sem interferir nos recursos hídricos. Já os resíduos gerados pelos visitantes, especialmente na área das piscinas, recebem um tratamento especial para impedir que contaminem a água pura do parque, 

A Nova Trilha: Imersão na Natureza e História

A inauguração da nova trilha fortalece ainda mais a conexão entre os visitantes e a natureza preservada do parque. Com 21 km de extensão, o percurso permite a prática de atividades como caminhadas e ciclismo, atravessando áreas de Cerrado sensu stricto, mata ciliar e mata de galeria.

Nathalia Lima Santa Rosa, engenheira florestal envolvida no projeto, destaca a diversidade ambiental ao longo do trajeto. “Essa trilha foi planejada dentro do sistema dos Caminhos do Planalto Central. Você passa por diferentes relevos e vegetações, além de áreas com muitas espécies nativas que não são encontradas nas trilhas mais próximas do parque”, explica.

Outro destaque do percurso é sua importância histórica. Durante a caminhada, os visitantes passam por duas antigas fazendas que existiam antes da criação do parque, entre elas a Fazenda do Matoso. Há um projeto em andamento para disponibilizar informações sobre esses locais por meio de QR codes ao longo da trilha.

A trilha também foi pensada para facilitar a experiência dos visitantes. Como ela termina em uma área com ponto de ônibus, muitas pessoas optam por percorrê-la apenas em um sentido, sem precisar voltar pelo mesmo caminho. Além disso, há a possibilidade de iniciar o percurso pela Flona, onde não há cobrança de ingresso para acessar a trilha.

Apesar de ser bem sinalizado e oferecer uma experiência imersiva na natureza, o trajeto exige preparo físico. “A trilha tem um nível de dificuldade alto, mas já teve gente que fez e disse que voltaria para repetir. O que mostra que, apesar do desafio, a experiência é muito positiva”, conta Nathalia.

Convite para Explorar e Preservar

Além de explorar a nova trilha, os visitantes do Parque Nacional de Brasília têm a oportunidade de conhecer mais sobre a biodiversidade local e contribuir com a conservação do Cerrado. O Núcleo de Educação Ambiental conta com uma biblioteca aberta ao público, onde é possível acessar materiais sobre ecossistemas, fauna e flora do bioma.

Para aqueles que desejam se envolver ainda mais, o parque oferece oportunidades de voluntariado. Os participantes podem colaborar com atividades de educação ambiental, manejo de espécies exóticas e manutenção das trilhas.

Venha conhecer o Parque Nacional de Brasília, explorar a nova trilha e visitar o Núcleo de Educação Ambiental. Conecte-se com a natureza, aprenda sobre a importância da conservação e contribua para a proteção desse ecossistema único.