Práticas como agrofloresta e logística reversa diminuem impacto ambiental
Empresários mais conscientes adotam estratégias sustentáveis nos negócios
Postado em 21/05/2024
A produção tradicional de alimentos e o descarte de embalagens plásticas são dois fatores que afetam o meio ambiente de diversas formas. Mas quando se trata de sustentabilidade, a agrofloresta e a logística reversa são opções que podem diminuir o impacto ambiental.
Segundo o último Censo Agropecuário de 2017, mais de 400 mil propriedades rurais utilizam a agrofloresta como sistema de plantio. Ele é responsável por preservar a natureza por meio da produção de alimentos e plantação de árvores. O método consiste em diminuir o uso de agrotóxicos.
Alexandre Nogales, fundador da Flora Orgânicos e Guardiões da Floresta, explica a técnica. “É um sistema de produção que associa culturas anuais, como por exemplo mandioca, milho, feijão e verduras, com culturas perenes, como frutíferas e espécies madeireiras; isso organizado no espaço e no tempo, que a gente chama de sucessão e estratificação”.
Quais são os diferenciais da agrofloresta para os outros modelos? Para Alexandre, além do plantio consociado de várias espécies, existe outro fator importante. “O primeiro passo é entender o produtor, a realidade dele, o tamanho da área, os recursos disponíveis. Mas esse é um sistema que se adapta a diferentes contextos, podendo plantar em regiões de areia, de argila, em regiões quentes e frias, em regiões altas e baixas, em regiões com pouco recurso”.
João Pedro Calheiros, sócio fundador da Exímio Cacau, diz que a agrofloresta fez mudar a sua concepção e a receita dos brownies produzidos pela loja. “Quando você começa a estudar a logística dos alimentos, é perceptível que existem maneiras alternativas de se produzir uma agricultura mais sustentável. Então, pensando e pesquisando, descobri esse sistema de plantio e decidi aplicar aos meus produtos. Um exemplo disso é o cacau que utilizamos na composição de nosso Brownie, que é produzido por meio da agrofloresta”.
Outro fator responsável por causar grandes impactos ambientais são as embalagens e resíduos plásticos. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em todo o planeta, a cada ano, cerca de 300 milhões de toneladas de lixo plástico são produzidos.
Pensando em mitigar ainda mais os riscos futuros, foi criado um procedimento chamado logística reversa, que faz uma compensação ambiental, reciclando as próprias embalagens e resíduos que são transformados em outros materiais. Existem empresas focadas somente neste processo.
João Pedro é um dos empreendedores que utiliza a logística reversa em sua loja. “Comecei a pesquisar alternativas em que eu pudesse usar o plástico para proteger o produto, mas estimular a reciclagem. Foi aí que eu conheci a logística reversa. A realidade é que todo o plástico é reciclável, nós é que não fazemos”.
O ponto da logística reversa é justamente ter um superávit de reciclagem do plástico. Os empreendedores estimulam seus consumidores a fazer o descarte correto e pagam uma empresa para ativamente pegar o plástico e reciclar numa quantidade maior do que a utilizada no consumo da loja, gerando um impacto positivo.
A reciclagem depende da ação de cada pessoa, a logística reversa é trabalho que precisa ser feito mutuamente, como ressalta João. “O primeiro ponto é ter autorresponsabilidade, parte que só se conquista se todo mundo fizer o seu papel. Segundo ponto, eu não preciso que todo mundo faça, eu preciso que a maioria das pessoas faça e, por fim, é entender que é quase uma política de redução de danos, se no ano passado a população produziu 10 toneladas de plástico e neste ano nove, isso já é uma vitória”.