Busca constante de informações sobre saúde na Internet pode virar distúrbio
Autodiagnóstico e automedicação são hábitos comuns de quem sofre de Cibercondria
Postado em 15/04/2022
De acordo com pesquisa feita em 2018 pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), 40,9% de brasileiros fazem autodiagnóstico baseados em informações da Internet. Dados divulgados pelo Google no mesmo ano confirmam esse hábito: uma em cada 20 pesquisas efetuadas no mecanismo de busca da empresa são sobre saúde. O problema está em transformar uma simples consulta à Internet em um diagnóstico fechado, deixando assim de procurar auxílio médico para confirmar ou não uma suspeita.
Aquela pessoa mais obcecada pode inclusive estar sofrendo de um distúrbio conhecido como cibercondria. Para o psicólogo Paulo Morais, a cibercondria é um problema moderno caracterizado pelo indivíduo que tem preocupação constante com a saúde e que recorre às redes sociais como base de informação para um diagnóstico. Ele passa a acreditar que tem todas as doenças sobre as quais leu. Luana Viana reconhece que faz pesquisas diariamente na internet à procura de informações sobre sua saúde e que gosta de ver receitas caseiras de remédios, produzi-las e ingeri-las sem prescrição médica.
Segundo Paulo, os principais fatores de risco para o cibercondríaco são os efeitos colaterais da automedicação, a desconfiança nos profissionais da saúde, visitas frequentes aos consultórios médicos e preocupação excessiva com a saúde. Além de que a pessoa tem ou pode desenvolver outros transtornos como ansiedade, depressão ou TOC.
A farmacêutica Francielle Veloso explica que os principais riscos da automedicação são as possíveis reações alérgicas, uso incorreto de dosagem, resistência a bactérias, assumindo o risco de dependência medicamentosa.
A importância da orientação
De acordo com Francielle, o profissional deve orientar o consumidor, pois são capacitados para fornecer informações ao paciente quanto aos medicamentos: posologia, forma de ação, benefícios e efeitos adversos, duração do tratamento, possíveis reações adversas, contraindicações e interações com outros medicamentos e alimentos.
A farmacêutica Maysa Rodrigues também concorda que o profissional deveria orientar o paciente, porque ao seu ver a população tem pouco conhecimento sobre medicamentos. A questão é que geralmente as pessoas não perguntam sobre os malefícios e benefícios de um ou outro produto. “Ninguém chega aqui na drogaria pedindo nossa opinião; eles apenas chegam e pedem o remédio”.
Prevenção
O psicólogo Paulo Morais orienta as pessoas a relaxarem, confiarem mais nos médicos e em outros profissionais da saúde, fazer todas avaliações, exames necessários e seguir com os tratamentos prescritos. “Não confie cegamente nas buscas na internet, cheque a fonte das informações acessadas. Peça e aceite a ajuda de ambientes protegidos e bem qualificados.”