Rodrigo Resende, educador físico há mais de 20 anos, comemora, em 2025, 10 anos de uma proposta inovadora: aproximar da atividade física pessoas de várias faixas etárias, oferecendo aulas embaixo de um prédio residencial. 

Rodrigo conta que tudo começou como uma oportunidade, iniciando suas aulas a céu aberto, nas entrequadras da Asa Sul, indo para baixo do prédio em dias chuvosos, até obter a liberação do síndico e se instalar oficialmente no Bloco C da 203 Sul.

Para o bom funcionamento do seu trabalho, Rodrigo garante que é necessário ter um certo cuidado por se tratar de uma região residencial, como o zelo pelo silêncio durante a manhã e atenção com o manuseio dos equipamentos para não danificar o prédio. Porém, também prega que “Brasília tem que ser ocupada de forma inteligente, para saúde e segurança da comunidade”, e por isso faz o que faz até hoje.

Rodrigo conta atualmente com cerca de 100 alunos, com a maioria morando nas proximidades da sua academia, porém isso não significa que pessoas de outras localidades não possam se deslocar e praticar as suas atividades físicas diárias sob a supervisão do professor.

Graças a sua proposta, Rodrigo conseguiu impactar positivamente, em especial, um grupo social específico: os idosos. O educador físico contou que possui cerca de 30 alunos com mais de 60 anos, com a maioria morando no prédio em que a academia fica localizada, e que a prática da atividade física é essencial para a manutenção da força e autonomia em indivíduos dessa faixa etária em diante, e complementa: “Estudos mostram que, depois dos 40 anos a gente perde 1% de massa magra por ano, e isso é totalmente reversível com o exercício físico de força, gerando mais longevidade e autonomia.”

A diferença

Ele acredita que a localização de sua academia colabora e muito para essa adesão alta da população idosa, muito por conta da proximidade à residência dessas pessoas, embora também creia que há uma conscientização cada vez maior dessa população quanto à necessidade de praticar atividades físicas regularmente.

Exemplo disso é um de seus alunos, Leonisio Resende, de 94 anos, que começou a treinar quando tinha 85 anos e obteve um ganho de coordenação e força consideráveis, conseguindo realizar todas as suas atividades sem necessidade de ajuda. 

Inclusive, Leonisio enaltece a proposta de Rodrigo, destacando vantagens como a proximidade de sua residência, a quantidade menor de pessoas treinando (quando comparada a uma academia convencional) e o fato de ser localizada ao ar livre, características que o auxiliam a focar no treino, e, consequentemente, manter uma boa saúde física.

Visando maior embasamento quanto à eficácia da proposta de Rodrigo, o ortopedista, doutor Estevam José de Medeiros Guimarães, compartilhou sua experiência em relação ao tema.

Estevam reforça que a prática rotineira de atividades físicas por parte de idosos é essencial, tanto pela questão física, quanto pela questão mental. Alguns dos benefícios citados pelo médico foram a melhoria da mobilidade e independência, prevenção de distúrbios mentais e de memória, diminuição da perda óssea e muscular, redução do risco/agravamento de doenças cardiorrespiratórias, dentre muitos outros.

Estevam acrescenta que a proximidade da academia faz total diferença para o idoso, diminuindo sua resistência em praticar a atividade física e, consequentemente, aumentando sua adesão a essa prática tão crucial para sua qualidade de vida.