Como o TDAH afeta a vida adulta

Diagnóstico permite que a pessoa entenda suas dificuldades e deixe de ter uma visão negativa de si mesma

Beatriz Campos

Postado em 15/06/2022

O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um distúrbio neurobiológico crônico que se caracteriza por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, podendo o paciente apresentar um ou mais dos três sinais. O transtorno é mais conhecido em crianças e adolescentes, normalmente observado durante a fase escolar. Porém, existe também o TDAH em adultos, que, de forma diferente, tem sua rotina, sua vida profissional e seus relacionamentos afetados.

A diferença do distúrbio na infância e de quando se mantém ou se descobre na vida adulta está nos sintomas: enquanto crianças são propensas a apresentar os três sintomas, adultos tendem a diminuir a hiperatividade e a impulsividade. “Isto é comum, esta mudança, não de forma biológica, na minha visão, é uma mudança imposta pela cultura, o adulto começa a ter muitos prejuízos com os sintomas de hiperatividade e impulsividade, então ele vai ajustando o comportamento para diminuir os impactos do TDAH”, explica o psicólogo Carlos Ramos.

O adulto que tem o transtorno pode apresentar sintomas como falta de foco e atenção, procrastinação, ansiedade diante de tarefas não estimulantes, alterações de humor, desorganização, entre outros. Devido a isso, os adultos com TDAH enfrentam algumas dificuldades durante a vida; é comum vê-los abandonando trabalhos, apresentando relacionamentos instáveis, deixando para trás projetos inacabados, e se culpando e sofrendo por isto; muitas vezes porque nem sabem que possuem o transtorno.

João Pedro Moreira, 21, apresenta o diagnóstico de TDAH desde os 14 e tem os sintomas de desatenção e impulsividade. Ele descobriu o transtorno durante o período escolar quando, em certo momento, seu desempenho foi diminuindo. “Eu estava tendo muita dificuldade para focar, para manter meus pensamentos em uma única coisa, e isto se juntava com a tensão das provas escolares, também me deixava ansioso, foi quando eu entrei na terapia”. A mãe do jovem, Neide Moreira, disse que no início ela e o marido achavam que o filho estava com problemas depressivos, mas após as análises psicológicas feitas durante a terapia juntamente com o acompanhamento psiquiátrico, o diagnóstico foi confirmado.

Hoje, João Pedro ainda é afetado pelos sintomas do TDAH, mas agora sabe lidar melhor com os problemas. Ele continua fazendo acompanhamento psicológico e diz se entender melhor. A mãe dele descreve um pouco do que observa do comportamento do jovem. “Eu vejo nas nossas conversas diárias, ele não consegue manter o foco se tiver mais alguma coisa chamando a atenção, ou se ele já estiver chateado com algo, isto piora. Também vejo ele entrar em desespero diante de algumas tarefas do dia a dia, trabalhos de faculdade”.

Carlos fala sobre a importância do diagnóstico, sobre como é importante que quem suspeite do transtorno vá atrás de um profissional da área para investigar e também explica como chegar em uma explicação ajuda, pois faz com que as pessoa que possui TDAH entenda as dificuldades que passa, de que nem tudo está sob seu controle e pode deixar de ter uma visão negativa de si mesma. “Após o diagnóstico, esse peso diminui, a pessoa passa a perceber que é uma doença como qualquer outra”.

O tratamento recomendado para o distúrbio é acompanhamento médico e psicológico, às vezes com necessidade de medicamentos.