74% das micro, pequenas e médias empresas no Brasil já utilizam IA
Ferramentas inteligentes e escolhas complexas, o duplo impacto da IA no trabalho remoto.
Postado em 30/04/2025
A inteligência artificial (IA) deixou de ser um recurso distante para se tornar uma realidade cotidiana nas empresas brasileiras. Segundo um estudo encomendado em 2024 pela maior e mais conhecida empresa desenvolvedora de softwares e recursos tecnológicos do mundo, a Microsoft , 74% das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) no Brasil já utilizam IA com frequência em suas operações. O dado reflete uma mudança significativa no cenário corporativo, impulsionada pela necessidade de maior eficiência e competitividade.
Segundo o advogado Júlio César Prado, a tecnologia já otimiza a elaboração de relatórios e análises processuais, porém as decisões judiciais permanecem estritamente humanas. Ele avalia que, embora a IA possa assumir funções mais complexas nos próximos anos, substituir o discernimento humano em votos e sentenças representaria um risco à essência do sistema jurídico.
A segurança dos dados surge como outro ponto crítico. Tribunais seguem protocolos rígidos para proteger informações sensíveis, uma preocupação que deve intensificar-se com o avanço tecnológico. O advogado destaca que o verdadeiro potencial da IA está em agilizar processos burocráticos, nunca em substituir a análise humana em casos complexos que exigem ponderação de valores sociais e éticos.
Enquanto o home office se beneficia da automação para ganhar eficiência, o direito encontra na IA uma parceira que exige cautela. O desafio comum a ambos os cenários é equilibrar inovação tecnológica com preservação da essência humana do trabalho, seja na criatividade corporativa ou na aplicação da justiça. As empresas que souberem navegar esse equilíbrio estarão na vanguarda da transformação digital sem perder de vista o fator humano que sustenta todas as relações profissionais.
Inteligência artificial já faz parte do dia a dia de trabalho e levanta novos desafios. Foto: Gabriela Nogueira
Inteligência artificial está redefinindo as regras do trabalho digital
A estudante de engenharia de software, Ana Pfeilsticker, tem experiência em modelos de trabalho remotos e híbridos. A futura engenheira destaca que a IA transformou radicalmente a profissão: “Antes tínhamos trabalho braçal de escrever linha por linha de código. Hoje, a IA gera em uma hora o que levaríamos dias para produzir”. Porém, enfatiza que o papel do profissional se tornou mais estratégico, como testar, validar e ajustar os códigos gerados automaticamente são atividades cruciais para evitar problemas de segurança ou desempenho.
A profissional destaca que a adoção de ferramentas como ChatGPT e outras inteligências. Já é considerada um pré-requisito no mercado. “Muitas empresas não só permitem, como exigem o uso de IA para aumentar a produtividade”, explica.
Pedro Medeiros, estudante de engenharia da computação revela que consegue entregar projetos mais rapidamente com a IA assumindo tarefas repetitivas como, documentação e funções padrão. Além disso, as sugestões algorítmicas frequentemente funcionam como catalisadoras de ideias, ajudando-o a superar bloqueios criativos.
No entanto, a experiência trouxe lições valiosas. Já enfrentou situações em que a IA o induziu a erros, especialmente quando aceitou sugestões de código sem a devida revisão. “Aprendi que é essencial revisar tudo, mesmo quando parece certo”, reflete. Essa dependência da tecnologia também levanta outra preocupação, como o risco de atrofiar sua capacidade de resolver problemas sozinho.
O estudante afirma que as universidades precisam incorporar urgentemente discussões sobre o uso ético da inteligência artificial. “A gente aprende muito sobre tecnologia, mas pouco sobre seus impactos”, observa. Para ele, esse debate é crucial para formar profissionais que saibam aproveitar o potencial da IA sem cair em armadilhas como plágio ou dependência excessiva.
Ana Pfeilsticker, estudante de engenharia de software. Foto: Gabriela Nogueira