Declaração do Imposto de Renda entra na reta final

Cuidado com a correria dos últimos dias! Entenda como o app da Receita pode te ajudar a declarar sem estresse.

Lara Vieira de Oliveira Lima

Postado em 04/06/2025

A temporada de declaração do Imposto de Renda está chegando ao fim, e muitos brasileiros ainda têm dúvidas sobre quem precisa declarar, quais são as novidades deste ano e os riscos de deixar tudo para a última hora.

Segundo o professor Edmilson Campos Soares, doutor em Ciências Contábeis, uma das principais mudanças deste ano está na faixa de isenção, que foi ampliada. Agora, quem recebe até R$2.824 mensais está isento da cobrança, mas quem ultrapassa esse valor já entra na tabela progressiva de contribuição.

Professor e doutor em Ciências Contábeis, Edmilson Campos, durante entrevista para o portal. Foto: Lara Lima

Outra novidade é a modernização da plataforma. “O aplicativo ‘Meu Imposto de Renda’ está sendo integrado diretamente ao sistema da Receita Federal, facilitando o preenchimento da declaração”, explica o professor. Além disso, a declaração pré-preenchida está ainda mais robusta, com informações já fornecidas por bancos, empresas e instituições de saúde, o que agiliza o processo e reduz as chances de erro.

O professor Edmilson também alerta que a Receita Federal está cada vez mais rigorosa com quem possui rendimentos no exterior, investimentos fora do país e participação nos lucros ou dividendos de empresas. Mesmo que esses rendimentos sejam isentos, precisam obrigatoriamente ser declarados.

Além disso, há uma expectativa para os próximos anos: um projeto de lei em tramitação prevê que dividendos e participação nos lucros, atualmente isentos, passem a ser tributados. “Ainda não é para agora, mas quem já possui rendimentos nessa categoria deve se acostumar com a necessidade de informar corretamente esses valores”, destaca Edmilson.

Deixar para a última hora é risco certo

A coordenadora fiscal Dandara Bittencourt reforça que adiar a declaração pode gerar muitos problemas. “O sistema da Receita Federal pode ficar instável nos últimos dias, além disso, profissionais da área ficam sobrecarregados, o que dificulta o acesso a suporte especializado”, alerta.

Os principais erros de quem deixa para a última hora são omissão de rendimentos e erros de digitação, que aumentam as chances de cair na malha fina. “A pressa leva à desatenção, e a Receita cruza automaticamente os dados informados. Se houver divergência, o contribuinte será chamado a se explicar”, afirma Dandara.

Para quem não se organizou ao longo do ano, ela dá duas dicas essenciais: priorizar a coleta dos documentos mais importantes e utilizar a declaração pré-preenchida, que já puxa boa parte das informações diretamente dos sistemas da Receita.

Documentação é essencial

O advogado tributarista Marcos Machado reforça que a falta de documentos é um dos maiores riscos. “Despesas que poderiam ser abatidas, como gastos com saúde, acabam não sendo deduzidas por falta de comprovantes, aumentando o imposto a pagar”, explica.

Outro erro recorrente, segundo ele, é esquecer que há obrigações acessórias, ou seja, não basta pagar o imposto devido. É necessário declarar também rendimentos isentos, como dividendos ou rendimentos de poupança que ultrapassem R$ 200 mil. A omissão dessas informações pode gerar multas.

“Na dúvida, o ideal é declarar tudo. A Receita quer ter acesso a todas as informações da sua vida financeira”, alerta Machado. E, caso o contribuinte perceba um erro depois de enviar a declaração, pode fazer uma declaração retificadora, desde que ainda não tenha sido notificado pela Receita.

Quem não enviar a declaração até o dia 30 de maio terá que pagar uma multa, que varia de R$165,74 até 20% do imposto devido, além de ficar com pendências na Receita, o que pode gerar problemas para obter certidões negativas, financiamento ou até passaporte.

O advogado explica que ainda é possível declarar após o prazo, mas já com a multa automaticamente gerada no sistema da Receita Federal.

Organização é a chave

Tanto os especialistas quanto a própria Receita reforçam que o melhor caminho é manter a organização ao longo do ano: guardar informes de rendimento, comprovantes de despesas médicas, recibos, notas fiscais e documentos de compra e venda de bens, além de manter o controle sobre investimentos e aplicações, tanto no Brasil quanto no exterior. “O Imposto de Renda não é só uma obrigação, é também uma oportunidade de planejamento financeiro e tributário”, conclui o professor Edmilson.