Maior cinema a céu aberto, Open Air voltou à cidade depois de nove anos

Filmes nacionais e estrangeiros para público de todas as idades garantiram mais uma edição de sucesso

Carol Silva dos Santos

Postado em 23/06/2025

Legenda: Túnel de entreda do evento Open Air / Foto: Carol Silva

Em sua 33ª edição, o Open Air ofereceu uma experiência inesquecível, com uma enorme tela de 325 metros quadrados, equipamentos de projeção 4K e som Dolby Digital Surround. A estrutura tinha capacidade para receber até 1.500 pessoas por noite, com assentos confortáveis distribuídos entre espreguiçadeiras e cadeiras acolchoadas na arquibancada.

O evento também contou com shows e apresentações de artistas regionais e nacionais, o que ampliou ainda mais a proposta de entretenimento. Ao todo, foram 18 sessões de cinema com pipoca inclusa no valor do ingresso, um detalhe que contribuiu para tornar a experiência ainda mais atrativa para o público.

Cinema com pipoca / Foto: Carol Silva

O Open Air Brasil já realizou 33 edições em sete cidades brasileiras e também passou por Lisboa e Madri, somando mais de 950 mil espectadores ao longo de sua trajetória. Foram exibidos mais de 650 filmes e realizados 145 shows, consolidando o evento como um dos maiores do gênero no mundo.

Kátia Turra, coordenadora de comunicação e produção, destaca o desafio que é organizar um evento dessa dimensão. “Vejo o evento que leva cultura ao público de uma forma diferente. Rodar o mundo organizando esse projeto é desafiador, mas ao mesmo tempo uma experiência inesquecível. Temos que lidar com imprevistos que fogem do nosso controle, mas fazemos de tudo para oferecer uma experiência incrível aos espectadores.”

Reconhecimento dos filmes brasileiros exibidos


Dentre as 18 sessões exibidas durante a temporada em Brasília, que aconteceu de 3 a 15 de junho no Pontão do Lago Sul, a reportagem assistiu ao filme brasileiro de comédia dramática Kasa Branca, dirigido por Luciano Vidigal, e o americano O Esquema de Fenício, com direção de Wes Anderson. Ambas as obras apresentam uma crítica social e elementos de humor, com personagens marcantes e uma forte identidade autoral. Apesar das diferenças culturais e estéticas entre os diretores, os dois filmes compartilham um olhar sensível sobre realidades complexas.

O filme Kasa Branca retrata a dor de Dé e reflete a realidade de muitas famílias brasileiras ao lidarem com a descoberta de uma doença terminal em um ente querido. Dé é um menino negro e periférico da Chatuba, no Rio de Janeiro, que vê sua vida mudar ao saber que sua avó está em estágio terminal de Alzheimer. Sem recursos financeiros e sem o apoio de uma estrutura familiar tradicional, ele decide abrir mão de tudo para cuidar dela. Com o apoio dos amigos Adrianim e Martins, Dé se dedica a tornar os últimos dias da avó os mais dignos e felizes possíveis, oferecendo amor, carinho e alegria, mesmo enfrentando as dificuldades impostas pela falta de assistência e pela precariedade do sistema de saúde.

Dalila Louise, de 25 anos, estudante de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), prestigiou a exibição do filme e destacou a importância de obras como essa, que dialogam com a realidade do país. “Às vezes, a rotina nos pede para sair um pouco do automático e viver experiências diferentes como essa. Foi muito especial ter a oportunidade de assistir a um filme que retrata com tanta sensibilidade uma realidade brasileira. Infelizmente, nem todo mundo conta com o apoio que esse neto deu à avó no filme, ou com amigos que seguram sua mão nos momentos mais difíceis. Quem dera se todos pudessem ter essa base e essa rede de afeto na realidade.”

Na mesma noite, foi exibido o segundo filme, O Esquema de Fenício, dirigido por Wes Anderson, que explora temas importantes como crítica social e humor. A trama gira em torno do excêntrico magnata Zsa-zsa Korda, que, após sobreviver a mais um acidente aéreo, decide nomear sua filha, uma freira obcecada por mapas, como herdeira de seu império. Juntos, eles criam um laboratório marítimo em uma plataforma desativada no Mediterrâneo. O projeto, no entanto, atrai a atenção de espiões, sabotadores e até de um grupo terrorista que se comunica por cartas bordadas à mão.

Local parte do evento Open Air/ Foto: Carol Silva

Entre os espectadores, estava Matheus Santana, um jovem de 20 anos, natural do interior da Bahia e estudante de Publicidade e Propaganda na Universidade Cruzeiro do Sul em Brasília. Ele viveu sua primeira experiência em um cinema a céu aberto. “Eu sou um amador de cinema e viver essa experiência foi muito legal, ainda mais assistindo a um filme de ação que gosto muito. Foi incrível, eu e minha namorada amamos.”

No cinema a céu aberto foram exibidos cinco filmes brasileiros, garantindo grandes emoções para o público fã do cinema nacional.


Para Kátia Turra, a realização do festival por tanto tempo e com essa quantidade de sessões evidencia o trabalho árduo feito nos bastidores, especialmente na divulgação. “Investir na divulgação e nas redes sociais é fundamental para que o evento alcançasse a proporção que tem hoje. O festival foi um sucesso. Acho que nosso principal canal de interação com o público são as redes sociais”.

O evento contou com uma página oficial no Instagram, @openairbrasil, onde eram divulgadas todas as informações,  programação, horários e filmes em exibição, além de mostrar, em tempo real, tudo o que acontecia durante cada dia do festival.

Sanny Cristhine, de 24 anos, criadora de conteúdo mobile e responsável por coberturas em tempo real para marcas, personalidades e eventos, foi contratada para o Open Air. “Trabalho como videomaker há alguns anos e fui indicada por um colega para atuar aqui. É um evento muito bom, mas também desafiador, porque tudo é muito escuro. Fazer as mídias do evento é, sem dúvida, uma experiência nova e enriquecedora.”