Com mudanças no sistema de cobrança, emprego dos cobradores é ameaçado
Sindicato conta com acordo coletivo feito com o governo, garantindo o emprego dos cobradores por dois anos.
Postado em 23/04/2025

Desde o ano de 2000, o emprego dos cobradores de ônibus vem recebendo ameaças de retirada do sistema rodoviário. Na época, a implantação da catraca eletrônica nos ônibus trouxe diversas preocupações para os trabalhadores que administram a entrada dos passageiros nos veículos. Em 2024, a ameaça voltou a preocupar os rodoviários com a suspensão do pagamento em dinheiro no transporte público. Segundo o Sittrater-DF, atualmente, o Distrito Federal tem cerca de 5.300 cobradores.
A partir do dia 1º de julho de 2024, 52 linhas de ônibus deixaram de receber pagamento em dinheiro. A notícia, apesar de ser esperada, assustou os cobradores. “A gente se sente um pouco apreensivo sem saber como será futuramente por conta disso. Porque, querendo ou não, a gente fica nervoso, sem saber. A gente tem família, tem filhos”, relatou Luiza Silva, cobradora de ônibus em Brasília, de 37 anos.
Com a notícia, o Sindicato dos Rodoviários se pronunciou dizendo que haverá uma resistência caso o emprego dos cobradores seja ameaçado, e mencionou o acordo coletivo de dois anos de estabilidade dos empregos feito com o governo, em setembro de 2024. “Nós colocamos por dois anos para poder trazer um pouco mais de tranquilidade. Isso não quer dizer que chegou os dois anos, não vai ter mais posto de trabalho”, disse o presidente do sindicato, João Jesus de Oliveira, ressaltando também que os dois anos servem para tranquilizar os cobradores e a renovação do acordo.

Pronunciamento do Semob
A Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) informou que o governador Ibaneis Rocha determinou que todos os empregos dos cobradores sejam preservados, já que estes profissionais contam com acordo coletivo assinado em setembro de 2024, que garante o emprego por dois anos. Além disso, a secretaria relatou que os cobradores estão sendo preparados para assumir outras funções no sistema de transporte, seja como motoristas ou em atividades administrativas nas concessionárias.
Apesar dessa informação, Luiza Silva, cobradora de ônibus no Distrito Federal, relatou que não há nenhum tipo de suporte ou preparação sendo oferecido da parte do governo, apenas as promessas do sindicato. “A gente não recebe nada, só a promessa do sindicato. Porque eles sempre falam para a gente ficar tranquilo que eles vão lutar até a última instância”, relatou a cobradora.
Com mais de 20 anos de experiência no setor rodoviário, como cobrador, motorista, e participante do movimento sindical, o presidente João Jesus informou que não há a preparação dos cobradores para desempenhar outras funções no setor, além de não ser necessária, e ressalta a importância dessa função. “Nós queremos a permanência do cobrador no interior dos ônibus, para poder auxiliar o motorista. A própria população se sente um pouco mais segura quando tem alguém olhando para dentro dos ônibus’, relatou João Jesus.
A importância dos cobradores

O presidente ressalta também a importância dos cobradores nos ônibus, que além de receber o pagamento, oferecem suporte aos motoristas e passageiros. “Eles têm grande importância e o Governo do Distrito Federal nos garantiu que não vai haver a retirada dos cobradores no interior dos ônibus. A gente precisa formalizar um documento junto com o executivo para poder trazer mais tranquilidade para a categoria”, relatou.
Em algumas cidades como São Paulo e o entorno de Goiânia, os cobradores já não estão em função, o que gerou transtorno para motoristas que desempenham o trabalho dobrado ao auxiliar os passageiros, manusear o elevador para PCD ‘s e conceder informações. Além de dificultar o trabalho dos motoristas, essa mudança torna um percurso que deveria demorar 1 hora em um trajeto de 2 horas por sobrecarregar o motorista, como foi relatado pelo presidente João Jesus.