Remoção de tatuagem vira tendência entre jovens
Para psicológo, remover uma tatuagem pode simbolizar libertação, amadurecimento ou reconstrução da identidade
Postado em 20/05/2025
Ao circular pelas redes sociais, é possível identificar vídeos de jovens falando sobre remoção de tatuagem e contando suas experiências com as dolorosas sessões de laser. A febre da remoção tomou conta da internet em 2024 e vem crescendo ainda mais entre famosos e anônimos. O que antes era símbolo de autoexpressão, passou a ser motivo de arrependimento — e clínicas especializadas têm registrado aumento expressivo na procura por esse serviço.
Maria Carolina Ferreira, gerente e dona de uma unidade da franquia de estética Corpo Bueno, afirma que a remoção a laser está no portfólio da clínica há mais de seis anos, mas a demanda atual é inédita. “Temos observado um aumento significativo na procura pelo procedimento de remoção de tatuagem. Nosso público é bastante diversificado, com idades que variam entre 25 e 60 anos”, conta. No entanto, o número de jovens tem se destacado.

A impulsividade, comum na juventude, é um fator determinante nesse processo. “Muitos já percebem que não faz mais sentido aquela tatuagem e não gostam mais. Seja por motivos religiosos, términos de relacionamento ou por insatisfação com o resultado final”, explica Carolina. Casos de arrependimento precoce não são raros: “Teve um rapaz que, cinco dias após fazer a tattoo, já procurou a remoção”, lembra.
Saúde mental e pressões sociais
Para o psicólogo José Matheus, essa busca por apagar marcas do corpo está diretamente ligada à saúde emocional e ao impacto das redes sociais. “A Geração Z tem uma relação muito fluida e simbólica com as tatuagens. Elas marcam fases da vida, mas a impulsividade e a instabilidade emocional, somadas à pressão estética das redes, fazem com que o arrependimento apareça cedo”, explica.
Segundo ele, a internet tornou a busca por validação constante — e intensa. “Hoje, o jovem consegue medir sua aceitação social em tempo real, com base em likes, comentários e seguidores. Isso aumenta a pressão e o medo de rejeição, o que pode levar a decisões estéticas impulsivas. Quando o resultado não corresponde à expectativa ou ao momento vivido, o arrependimento aparece”, avalia o psicólogo. Nessas situações, Matheus destaca que o acompanhamento psicológico é altamente recomendado.
Entenda como funciona
Do ponto de vista médico, a dermatologista Mariana Sabatini explica que o procedimento de remoção a laser atua fragmentando as partículas de tinta com luz de alta intensidade. “Esses fragmentos são absorvidos e eliminados pelo sistema linfático. É um processo seguro, mas exige paciência e cuidado”, detalha.
Cada tatuagem requer um número diferente de sessões, variando conforme cor, tamanho, profundidade e tempo da tatuagem. Cada sessão pode custar entre R$150 e R$3 mil. “As pretas são as mais fáceis de remover. As verdes, azuis e brancas são as mais desafiadoras”, afirma Sabatini. E a pele precisa estar preparada para o procedimento: exposição solar, depilação na área e o uso de ácidos devem ser evitados antes das sessões.
Apesar dos avanços da tecnologia, a médica alerta para possíveis efeitos colaterais, como manchas, hiperpigmentação e cicatrizes, principalmente em peles mais escuras ou sensíveis. “É essencial que o laser seja adequado ao fototipo da pele do paciente”, afirma.
Na clínica, o procedimento é feito com o laser Inkie, com tecnologia ND YAG. Carolina destaca a eficácia do equipamento, especialmente em cores variadas e fototipos mais altos, o que torna o tratamento mais seguro e eficaz.
Entre os motivos para a remoção, Ferreira também cita ex-presidiários e pessoas que encerraram ciclos de vida marcantes. Já o psicólogo Matheus observa que apagar uma tatuagem nem sempre significa esquecer, mas ressignificar. “Remover uma tatuagem pode simbolizar libertação, amadurecimento ou reconstrução da identidade”, conclui.