As baladas que agitam a cena cultural noturna de Brasília

Com propostas ousadas, festas como Gamezone e Fairy transformam o Birosca do Conic em um laboratório da nova noite brasiliense, onde liberdade, afeto e criatividade são protagonistas.

Carlos Vilaça

Postado em 30/04/2025

Na contramão da mesmice e dos mesmos sons, duas festas vêm redesenhando o mapa da diversão em Brasília. A Gamezone, que agitou o Birosca do Conic , e a Fairy, que aconteceram nesse mês de abril no mesmo espaço, mostram como a noite brasiliense está mais viva, diversa e criativa do que nunca.

Ambas se destacam por apostar em experiências imersivas, público plural e uma curadoria musical que abraça do pop ao eletrônico, com um toque de fantasia e cultura geek. As festas, criadas por Lucas Nery e Victor Eloi, vêm conquistando uma nova geração que busca mais do que apenas uma pista de dança, querem uma vivência noturna na capital.

O produtor e DJ Victor Eloi transmite toda sua energia na Festa Fairy, produzida por ele, apresentado no Birosca do Conic em Brasília.
Foto: Carlos Vilaça

“Eu idealizei a fairy como um projeto de pop mundial que fugisse do convencional das outras festas e fosse um lugar de experimentação musical também”, afirma Victor Eloi, produtor da Fairy, que nasceu com o propósito de resgatar o espírito de comunidade da cena alternativa. ” A festa tem uma recepção ótima pelo público de Brasília, o que faz estarmos alcançando quase 2 anos de edições de sucesso”, completa.

Já a Gamezone aposta no universo dos jogos, da cultura pop e do cosplay para atrair um público jovem e ávido por novidades. “A Gamezone nasceu da vontade de misturar música, cultura pop e a estética geek de forma leve e divertida. A ideia é criar um ambiente acessível, onde quem curte jogos, anime e cosplay se sinta em casa, sem perder a vibe de pista”, explica Lucas, DJ e também idealizador da festa.

Festas que inovam

A convidada Carol Frazão, 30 anos, psicóloga e também cosplayer, se apresentou na festa caracterizada de personagem de anime e roubou a cena noturna da festa. Foto: Carlos Vilaça

E a proposta tem funcionado. Na última edição da Gamezone, a convidada Carol Frazão, 30 anos, psicóloga e também cosplayer, se apresentou na festa caracterizada de personagem de anime e roubou a cena. “Acho importante esse tipo de movimento, pois há muitas festas em Brasília, só que não com essa temática geek/nerd. É bom ter uma diversidade”, conta Carol.

O estudante Arthur Meireles, de 20 anos, foi pela primeira vez e se surpreendeu: “Nunca tinha ido ao Birosca, mas fiquei impressionado com a vibe. É tudo muito diferente do que eu conhecia. Me senti incluído”.

Do outro lado, a Fairy tem um público cativo. Rodrigo Cavalcante, 32 anos, vendedor e frequentador assíduo da festa desde 2023, diz que a balada tem um quê de lar: “A Fairy é o lugar onde posso ser quem sou, dançar à vontade, usar glitter até de manhã e ainda sair com o coração leve. É mais do que uma festa”, conta empolgado.

E ele não está sozinho. O também frequentador Gabriel Câmara, 28, maquiador e companheiro de Rodrigo, resume: “A Fairy é onde encontro meus amigos, me reencontro comigo mesmo e ainda ouço os melhores sets da cidade. É uma catarse”.

Com propostas diferentes, mas igualmente pulsantes, as duas festas têm em comum a vontade de reinventar a noite brasiliense, apostando no que ela tem de melhor: criatividade, liberdade e uma pitada de fantasia. “Fazemos o melhor para sempre estar inovando e cativando ainda mais o novo público que procura por diversão nas noites brasilienses”, conta Lucas Nery.

A Secretaria de Cultura do DF reconhece o papel dessas festas no fortalecimento do turismo e da identidade local. “Eventos como Fairy e Gamezone revitalizam o centro da cidade, movimentam a economia criativa e atraem um público diverso, inclusive turistas. São essenciais para consolidar Brasília como polo cultural noturno”, afirma Simone Nascimento, diretora de eventos da pasta.

Para Igor Albuquerque, sócio do Birosca do Conic, o espaço se tornou uma vitrine para novas expressões culturais da juventude brasiliense. “O Birosca é mais do que um bar ou uma balada, é um ponto de encontro onde a juventude cria, se expressa e se reconhece. O Conic, por si só, já é um símbolo de resistência cultural em Brasília, e abrir espaço para festas como essas é manter viva essa identidade”, defende. Segundo ele, fomentar essas iniciativas é investir no futuro cultural da cidade: “A gente vê a galera chegando cheia de energia, de ideias novas, e é isso que renova a cena, que dá esperança”. Relata.

Ambas as festas acontecem no Birosca do Conic em Brasília. Onde os ingressos custam em média de R$20 reais, sendo sempre ofertado cortesias para entrada até a meia-noite.