Metade dos lares brasileiros tem um animal de estimação
Pesquisa revela que 80% dos pets vêm de adoção
Postado em 05/05/2025

O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de países com maior população de animais de estimação. Segundo dados da ABINPET (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) divulgados em 2022, há cerca de 167,6 milhões de pets no país; 67,8 milhões de cães e 33,6 milhões de gatos.
Esse convívio é cada vez mais comum: uma pesquisa da COMAC (Comissão de Animais de Companhia) mostra que 56% dos lares brasileiros têm pelo menos um cão ou gato. Entre os tutores, 63% cuidam de cães e 54% de gatos, e há ainda quem viva com os dois (17%).
A adoção se destaca como o principal meio de adquirir um pet no Brasil. Segundo pesquisa da GoldeN em parceria com o Opinion Box, realizada em 2025, 80% dos tutores afirmaram ter adotado seus animais. As formas mais comuns incluem doações de conhecidos (37%), resgates diretos das ruas (29%) e adoção via ONGs ou abrigos (21%).
A tutora Thiessa Rocha, moradora do Guará, conta que a adoção de sua cadela Bella foi um ato de carinho, mas também uma escolha que exige comprometimento constante.
“Os maiores desafios que enfrento com a Bella estão relacionados à manutenção da qualidade de vida dela. Adotar um pet é ter a responsabilidade garantir bem-estar e carinho.”

Thiessa se preocupa em oferecer atenção, afeto e momentos de lazer. “Ela precisa de espaço para correr e brincar, não dá pra deixá-la só dentro de casa. Na parte da saúde, temos um plano veterinário e faço acompanhamentos frequentes. Também invisto em ração de qualidade e cuidados estéticos. Ter um pet é como ter um filho, exige cuidado, dedicação e atenção.”
A adaptação ao novo lar ainda representa um desafio: 26% dos tutores relataram dificuldades nesse processo, e 22% citaram gastos inesperados. Em contrapartida, 41% disseram não ter enfrentado problemas após a adoção, e um expressivo 90% afirmaram que adotariam outro animal no futuro.
A pesquisa da GoldeN/Opinion Box, que ouviu 1.146 pessoas em todas as regiões do Brasil, também apontou sugestões para ampliar o número de adoções, como apoio financeiro nos primeiros meses e campanhas de conscientização sobre adoção responsável.
Outro aspecto essencial é a socialização dos pets, que tem ganhado atenção de especialistas por seu papel na saúde física e emocional dos animais. Segundo o veterinário Dr. Mauro Fernando, da Clínica Reino Animal, antigamente os cães eram criados no quintal e às vezes até presos, e os gatos eram vistos apenas como caçadores. “Hoje, eles fazem parte da família. Com essa convivência próxima, os animais desenvolveram uma dependência afetiva dos tutores.”
Existe um fenômeno chamado imprinting, que faz com que o animal desenvolva sua personalidade com base na espécie com quem mais convive. “Animais que não são socializados tendem a apresentar comportamentos mais agressivos ou apáticos. Por isso, é essencial expô-los a diferentes ambientes, pessoas e outros animais desde cedo”, indica.
Ambientes públicos, como parques, também contribuem para essa socialização. João Victor, morador de Águas Claras, compartilha a rotina ao lado do Beagle Bartolomeu.
“O parque é praticamente o nosso quintal. Moramos em apartamento e os cães, especialmente os de raças caçadoras, precisam correr e interagir. Aqui, ele gasta energia, brinca e se socializa. E pra mim também é essencial: desconecto do trabalho, respiro melhor. Tem dia que até brinco dizendo que é ele quem me leva pra passear. Caminhamos de uma a duas horas todos os dias. Faz bem pros dois.”
