Ao entrar nas redes sociais, é provável que tenha se deparado com imagens do novo pró-reitor de Assuntos Caninos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, o cão Silveira. Ele vive pelo campus da instituição há aproximadamente 10 anos e é cuidado pelo Projeto de Extensão Zelo. Seu sucesso online trouxe atenção para o cuidado com animais de rua nas universidades do Brasil.

Na Universidade de Brasília (UnB), os bichinhos que lotam o campus são os gatos. Por isso, existem pessoas e projetos, assim como o Projeto Zelo da UFSM, que buscam resgatar, cuidar e garantir com que os animais de cada instituição tenham uma adoção responsável. 

Esse é o caso do Resgatos UnB, que é administrado pela estudante de Farmácia de 23 anos Bruna Miranda. O projeto tem como objetivo a adoção responsável dos gatos que vivem pelo campus, garantindo as melhores condições de saúde e de vida possíveis aos animais. Bruna já encontrou lares para cerca de 50 gatos, além de três cachorros. “Acredito que a adoção é fundamental para a redução do abandono e maior controle dos animais que já vivem no campus”, afirma.

O processo de resgate e adoção é complexo e único para cada animal. Bruna leva os gatos encontrados para casa, dando lar temporário enquanto é tratado para possíveis problemas de saúde, além de vacinado, vermifugado, medicado contra pulgas e, quando na idade certa, castrado. Inicialmente, a maioria dos filhotes são ariscos e a etapa de acostumá-los com o contato humano é essencial para garantir uma boa adoção. Assim, o adotante deve passar por uma entrevista e ser aprovado e, na entrega, a responsável pelo projeto visita a futura residência do bichano e conclui o processo.

Além de todas essas etapas, o Resgatos ainda realiza o acompanhamento pós-adoção, mantendo contato com os tutores a fim de garantir uma boa adaptação e esclarecer eventuais dúvidas. “Espero continuar ajudando os animais da UnB e contribuindo para que a universidade assuma cada vez mais responsabilidade em relação a eles”, conta Bruna.

Priscilla, de 45 anos, viu sua vida mudar completamente ao aderir à ideia da filha de adotar um gato. Atualmente, elas têm dois, a segunda sendo através do Resgatos. Após ver uma foto da gata Juju no Instagram do projeto, elas se interessaram e entraram em contato com Bruna para a adoção. “Eles são nossas crianças, que precisam de cuidado e supervisão o tempo todo”, conta.

Para Priscilla, o trabalho de Bruna é indispensável e necessita de mais visibilidade, investimento e reconhecimento da universidade. “Não só da UnB, mas da comunidade acadêmica”, frisa.

O projeto se mantém a partir da arrecadação através de campanhas nas redes sociais, além de já ter sido feita uma rifa e, atualmente, realiza bazares solidários na universidade. “Quando necessário uso meu próprio dinheiro para arcar com os custos, que não são poucos”, desabafa Bruna. 

A visão médica

A médica veterinária Lia Guaraciaba evidencia os principais riscos que gatos de rua enfrentam em ambientes urbanos como um campus: acidentes, envenenamentos, doenças infecciosas e fome, além de diversos outros. Para a profissional, projetos de resgate são importantes tanto pelo bem-estar animal quanto pelo impacto acadêmico e social. 

Lia explica que as primeiras providências a serem tomadas quando se tem um novo gato em casa é fazer o exame FIV e FeLV, conhecidas como a Aids e a leucemia felinas. O principal cuidado é não deixar o gato acolhido ter contato com outros gatos até o resultado dos exames sorológicos, além de atenção com o ambiente, telando as janelas e deixando-o mais confortável. “Uma forma de garantir que o adotante esteja preparado para cuidar do animal seria uma boa conversa com o veterinário responsável pelo exame clínico do gato, esclarecendo os cuidados e custos necessários, além de uma assinatura de termo de responsabilidade”, conclui.

Serviços

Resgatos UnB
O Resgatos está presente no Instagram através do perfil @resgatosunb. Doações monetárias podem ser feitas pelo pix: resgatosunb@gmail.com. O projeto também aceita doações de ração, areia, sachês, comedouros, caixas de areia, entre outros. Doação de roupas para os bazares solidários também são bem vindas.