Shows internacionais colocam Brasília no mapa do entretenimento
Arena BRB Mané Garrincha, com capacidade para 72 mil pessoas, tem sido uma das principais responsáveis por essa transformação
Postado em 20/05/2025
A agenda de grandes shows internacionais em Brasília tem destacado o papel da capital federal no circuito de eventos culturais de grande porte no país. O anúncio da apresentação da banda de rock norte-americana Linkin Park, marcada para novembro de 2025, soma-se a uma série de turnês recentes que movimentaram o a cidade nos últimos anos — Bruno Mars, Red Hot Chili Peppers, KISS, Paul McCartney, Roger Waters, e mais recentemente, em abril deste ano, Judas Priest, Europe e Scorpions.

(Foto: Graeme Anderson/Creative Commons)
Mais do que entreter os fãs, esses eventos impactam diretamente a economia local: hotéis lotados, bares movimentados, aumento nas corridas de transporte por aplicativo e geração de empregos temporários.
Segundo o economista Cássio da Nóbrega Besarria, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), eventos desse porte afetam positivamente diversos setores econômicos, formais e informais. “Eles geram renda, empregos e aumento na arrecadação pública. A hotelaria, o transporte, a alimentação e o comércio são alguns dos setores mais beneficiados”, explica. No entanto, ele ressalta que esses eventos também exigem planejamento, com readequações urbanas e reforço em infraestrutura, segurança e mobilidade.
Doreni Caramori Júnior, presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), destaca outros aspectos. “Além dos empregos diretos, há a ativação de diversas áreas: montagem de palco, segurança, alimentação, transporte, limpeza, produção técnica, entre outras.”
Em outubro de 2024, o show de Bruno Mars em Brasília atraiu cerca de 60 mil pessoas por apresentação e elevou a taxa de ocupação hoteleira da cidade para 91%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e da Secretaria de Turismo do Distrito Federal (SETUR-DF). O impacto foi perceptível até mesmo no Aeroporto Internacional de Brasília, que segundo dados da Inframerica, registrou movimentação de mais de 51 mil passageiros na véspera do evento.
Em 2023, o show do Red Hot Chili Peppers, no Estádio Mané Garrincha, reuniu 55.220 pessoas em Brasília, enquanto o de Paul McCartney, no mesmo local, atraiu 53.578 fãs, segundo dados divulgados pela produção dos eventos e repercutidos pelo jornalista José Norberto Flesch, pelo site Alpha FM.

Consumo, planejamento e o giro do dinheiro local

Brasília vem se consolidando no circuito de grandes eventos por sua localização estratégica e infraestrutura moderna. A Arena BRB Mané Garrincha, com capacidade para 72 mil pessoas, tem sido uma das principais responsáveis por essa transformação. “O amadurecimento do setor de eventos e a crescente demanda da população por entretenimento ao vivo estão favorecendo esse crescimento”, aponta Doreni.
Cássio Besarria reforça que o efeito a médio e longo prazo depende de estratégias que vão além da realização do show. “Para consolidar Brasília como destino turístico, é preciso criar um ecossistema integrado, com gastronomia diversificada, roteiros culturais paralelos e serviços bem estruturados, garantindo que o visitante permaneça mais tempo na cidade e consuma em diferentes frentes”, explica.
Segundo a ABRAPE, o setor de eventos no Brasil deve movimentar R$ 141,1 bilhões em 2025, com a geração de mais de 45 mil empregos temporários. Brasília, que por muitos anos ficou de fora do roteiro de grandes turnês, agora retoma protagonismo e se mostra pronta para transformar cultura em crescimento econômico.
Retorno do Linkin Park anima fãs
Entre os milhares de fãs que aguardam ansiosamente o reencontro com o Linkin Park, está o brasiliense Guilherme Montiel Miranda, nutricionista e admirador da banda desde a adolescência. Ele esteve presente na última passagem do grupo por Brasília, em 2017, meses antes da morte de Chester Bennington, vocalista principal da formação original.
“Lembro muito bem. O que mais me marcou foi a presença de palco do Chester e do Mike, além da plateia que estava vivendo o momento”, recorda Guilherme. A notícia da morte de Chester o afetou profundamente. “Fiquei arrasado, nem fui na escola dia seguinte, chorei horrores. Apesar disso continuei amando a banda e escutando sempre.”
O retorno da banda com uma nova vocalista é visto por ele como uma mudança significativa. “Eu acho ela uma excelente cantora, mas por mim deviam mudar o nome da banda, começar um novo ciclo. Se vai manter a essência, eu acho bem difícil, o Chester tinha uma energia única.” Ainda assim, ele não esconde a empolgação com o show marcado para novembro.“Para mim é uma emoção enorme voltar a experienciar um show como esse. Muitos anos se passaram e eu também não sou o mesmo de 2017. Tenho certeza que vai ser f*da.”
Guilherme também acredita que o evento movimentará novamente toda a cidade, como ocorreu em 2017. “Teve torneio de skate, batalhas de rap, apresentação de break… A vinda de uma banda internacional desse calibre impulsiona tudo ao redor”, lembra. Ele afirma não comprar produtos oficiais, mas sempre consome de forma espontânea. “As barraquinhas em volta do estádio depois do show que me aguardem”, brinca.
Para mais informações sobre a turnê do Linkin Park em Brasília, acesse o perfil oficial da produção Live Nation no Brasil: https://www.livenation.com.br/show/1578201/linkin-park-from-zero-world-tour/bras%C3%ADlia/2025-11-11