Ciência e diversão num só lugar: conheça o Sábado de Descobertas do Museu de Biologia da UnB
Projeto faz uso de ciência, arte e lazer para incentivar crianças a refletirem sobre meio ambiente e preservação
Postado em 19/05/2025
A equipe do Museu de Biologia da UnB, composta por professoras, alunos de diferentes cursos e ex-alunos (que, mesmo formados, seguem no projeto), é uma das responsáveis por dar vida ao Instituto de Ciências Biológicas (IB) até mesmo aos finais de semana. Isso porque vem realizando, com intervalos bimestrais, uma nova forma de vivenciar exposições: trata-se do Sábado de Descobertas, iniciativa voltada à divulgação científica que tem crianças como público alvo, mas com programações para toda a comunidade.
A ideia veio a partir do incômodo da diretora do museu e docente do curso de Biologia, Julia Klaczko, ao notar a dificuldade que muitas pessoas enfrentavam para visitar o local nos dias da semana devido ao trabalho. O Sábado de Descobertas, então, foi pensado para que famílias pudessem participar de atividades imersivas e educativas sobre os diferentes campos da biologia.
“Uma vez ouvi algo que me marcou muito: que podemos conservar [a natureza] pelo medo ou pelo amor. Pelo medo já vimos que não funciona, basta ver o volume de desmatamento na Amazônia mesmo sabendo das consequências. E pelo amor, são as pessoas que percebem a importância da natureza, querem que seja preservada porque se encantam por ela. Esse processo de amor pela natureza a gente constrói desde pequeno”.
A mais recente edição do projeto, realizada no final de abril, contou com uma programação que incluiu jogos didáticos em tablets, caças ao tesouro e exposições com óculos de realidade virtual para os pequenos, e palestra e oficina de ilustração científica para os interessados de qualquer idade. Uma ala em especial chamou a atenção dos visitantes das mais diversas idades: a exposição de animais taxidermizados, coordenada pela professora e co-diretora do museu, Verônica Slobodian.
Os animais obtidos para taxidermização são, geralmente, vítimas de atropelamentos ou de condições naturais. Podem até aparentar estarem vivos, mas alguns, como uma ema, datam de mais de 70 anos de conservação no museu, construídos a partir das mãos de professores e alunos de Ciências Biológicas. A curiosidade das crianças pelas peças pode se apresentar carregada de medo, mas Verônica salienta a importância de se discutir o ciclo da vida: “Dessa forma, a gente vê um espécime que acabou morrendo em alguma condição, o que é uma coisa triste, mas que vai sobreviver de outra forma dentro de um museu”.
Desmistificar e conscientizar acerca da importância de animais muitas vezes temidos pela população é uma das principais frentes do museu, e a consultora Katia Dantas, que visitou a exposição junto à filha de nove anos, afirma que, em seu caso, a missão foi cumprida com êxito. “Ela odiava sapos, agora está com dois na mão. Criamos um monstrinho (ri). É muito interessante para dar o contexto das aulas de ciências com uma aplicabilidade prática para as crianças”.

O Sábado de Descobertas ocorre de forma gratuita, sempre aos sábados e com programação para os turnos matutino e vespertino, no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília. As datas são previamente divulgadas pelas redes sociais do museu e da UnB.
Luta pela conservação dos anfíbios
A data da última edição do projeto não foi escolhida ao acaso: com a proposta de se manter seguindo uma temática, a escolha se deu em função da campanha ‘Save the Frogs!’, uma iniciativa global criada em 2008 visa trazer atenção a uma ameaça recente e impactante para a vida dos anfíbios presentes ao redor do planeta.
Como explica Julia, a campanha foi pensada para servir de alerta após o surgimento de um fungo, Batrachochytrium dendrobatidis, que é letal para sapos, rãs, pererecas e demais espécies da classe. Ao entrar em contato, direto ou pela água, com o animal, o fungo ataca a pele e interfere em seu batimento cardíaco, ocasionando a doença batizada de quitridiomicose. Dados da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estimam que 200 espécies de anfíbios, sendo 15 do Brasil, tenham sido extintas em decorrência da contaminação. Essa nova ameaça, somada ao desmatamento e à poluição, torna mais urgente a importância de se reforçar o respeito e a preservação desses animais.
Outros projetos de extensão do curso, como o Bio na Rua, também integram o evento | Foto: Débora Sobreira Programação do Sábado de Descobertas de abril | Foto: Débora Sobreira Animais expostos já são obtidos sem vida | Foto: Débora Sobreira A construção das peças taxidermizadas foi trabalho conjunto entre professor e alunos | Foto: Débora Sobreira Crianças de todas as idades podem aprender sobre biologia no Museu | Foto: Débora Sobreira O evento conta com diferentes alas dentro do instituto | Foto: Débora Sobreira Os animais são conservados para fins científicos e didáticos | Foto: Débora Sobreira Diferentes animais foram expostos durante o evento | Foto: Débora Sobreira Verônica Slobodian, professora de Ciências Biológicas e codiretora do Museu de Biologia | Foto: Débora Sobreira Ala do evento traz explicações detalhadas sobre a biologia dos anfíbios | Foto: Débora Sobreira