Segundo a Associação Brasileira de Estágios (Abres), o Brasil tem cerca de 1 milhão de estagiários no ensino superior, mas muitos estudantes enfrentam dificuldades para ingressar nesse universo por falta de orientação, excesso de exigências por parte das empresas ou falta de autoconfiança.

Conquistar o primeiro estágio é um desafio que une ansiedade, dúvidas e, muitas vezes, despreparo. Apesar de o estágio ser obrigatório em muitos cursos e essencial para a formação profissional, nem todos os alunos recebem suporte prático adequado para ingressar no mercado. A necessidade de uma preparação mais ampla foi discutida na Feira de Estágios do IESB, realizada no dia 09 de abril, no campus Sul, em Brasília. 

Durante a palestra sobre empregabilidade, a psicóloga e recrutadora Thais de Paula Pimenta, da empresa Paulo Octávio, deu orientações objetivas para alunos sobre elaboração de currículo, uso do LinkedIn, comportamento em entrevistas e preparação emocional. Além disso, ela também conduziu uma oficina prática sobre criação e uso do LinkedIn, dito por ela ser uma ferramenta essencial para se posicionar no mercado atual.

“O recrutador leva cerca de sete segundos para decidir se vai seguir com seu currículo ou não. Por isso, a objetividade e a organização do conteúdo são fundamentais”, alertou. Ela também destacou a importância de sorrir, manter uma postura segura e se apresentar com clareza.

Além das dicas técnicas, Thais também incentivou os alunos a usarem ferramentas como o ChatGPT para organizar melhor suas informações e experiências no currículo, mesmo que não tenham certificados formais. “Toda experiência que se encaixa na área de trabalho é válida”, afirmou.

A palestra trouxe ainda uma abordagem sensível sobre as famosas perguntas de defeitos e qualidades. “Não basta citar o defeito — é preciso mostrar o que você tem feito para evoluir. Já quando se fala de uma qualidade, lembre-se de contar em qual situação ela foi reconhecida por alguém”, explicou.

Para Chaene Scobar, aluna do 2º semestre de Biomedicina do IESB e que está em busca de estágio, a palestra trouxe justamente uma visão mais clara sobre como funciona o mercado. “Eu amei. Eu pretendia ter uma visibilidade mais ampla de como funciona o mercado de trabalho e eu achei muito interessante porque às vezes a gente sai da faculdade sem saber como lidar com entrevista, como fazer um currículo, como mexer no currículo, e é muito essencial isso pros alunos hoje em dia. Não é porque a gente faz um curso que a gente tem essa habilidade. Sai da faculdade e já vai logo pro emprego. A gente tem que ter essa preparação e achei muito importante.”

O papel da instituição de ensino

Segundo Israel Vila Verde Belém, coordenador de estágios do IESB, um dos maiores desafios enfrentados pelos alunos é a falta de experiência e a insegurança sobre como montar um currículo ou se portar em entrevistas. “O IESB oferece orientação sobre como se apresentar nos processos seletivos, como estruturar o currículo, como procurar vagas alinhadas à formação e como se destacar. Nosso desafio agora é divulgar mais esses recursos entre os estudantes”, afirma.

Israel explica que o contato com agentes como o CIEE e empresas privadas é constante. No caso da palestra, o convite à Paulo Octávio foi articulado com o setor de marketing da instituição, buscando aproximar os estudantes de oportunidades reais.

Além disso, o setor de estágios tem buscado retomar projetos como a realização anual da Feira de Estágios e a criação de oficinas com temas como elaboração de LinkedIn, simulações de entrevistas e processos seletivos. “A ideia é construir um calendário de atividades práticas, com regularidade, que ajude os alunos a se prepararem melhor para o mercado”.

Ele também reforça que os alunos podem aproveitar ainda mais essas iniciativas acessando o portal de empregabilidade do IESB, disponível no Aluno Online, onde são divulgadas diariamente vagas de estágio oferecidas por empresas parceiras e agentes como o CIEE, IF, Stag, Super Estágios e Núcleo Estágios.

“Na dúvida sobre como montar um currículo, estruturar um LinkedIn ou como se portar numa entrevista, o aluno pode procurar o NAADE (Núcleo de Apoio e Atenção ao Discente e Egresso) para receber orientação. Esse suporte é essencial, porque é tudo muito novo para muitos estudantes. O papel da instituição é justamente oferecer esse auxílio”, destaca.

Estágio como ponte para a carreira

Para Israel, o estágio deve ser feito de forma estratégica. “Muitos estudantes priorizam apenas a remuneração, mas é importante pensar no estágio como o começo da carreira. Às vezes, o aluno troca uma boa oportunidade de aprendizado por um estágio que paga mais, mas não tem relação com sua área. Isso atrasa o desenvolvimento”, acrescenta ele. 

O coordenador também explica que as palestras como a do dia 09/04 contam como horas complementares, desde que o aluno registre sua participação por meio do QR code fornecido no evento. Os dados são então processados e enviados ao núcleo responsável.

Por fim, ele destaca que os estágios obrigatórios fazem parte da grade de muitos cursos do IESB, definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). A instituição firma convênios com órgãos públicos, ONGs e empresas privadas para garantir oportunidades, inclusive com apoio financeiro em casos como os estágios realizados na FEPECS (Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências de Saúde) e no IGESDF (Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal).