E-books e livros físicos ganham espaços diferentes nos lares dos leitores

De páginas impressas aos e-books, entenda o que tem levado à escolha das maneiras de leitura.

Maria Eduarda Freitas Rocha

Postado em 27/05/2025

Mesmo com a tendência de queda dos brasileiros leitores, muitos ainda se descobrem na leitura. Em 2024, a 6ª edição da pesquisa Retratos da Literatura no Brasil apresentou a maior taxa de não-leitores no país, sendo que 53% dos entrevistados não leram nenhuma obra ou parte de uma nos últimos três meses. Buscando reverter esse dado, é indispensável que o mercado literário se renove e se posicione melhor.

Uma necessidade foi o avanço tecnológico na área, afinal a inovação é fundamental para se estabelecer em um país tão conectado como o Brasil. Assim surgiram os Kindles e outros equipamentos de leitura digital, fazendo com que os e-books ganhassem espaços diferentes nos lares dos leitores. Com e-books e grande capacidade de armazenamento, muitas livrarias viram essa tendência como um possível problema, mas várias mudanças têm sido estabelecidas para que o brasileiro volte a ser impulsionado pela literatura.

Rubia Cunha, jornalista que trabalha na área de livrarias, afirma que tudo está ligado a uma questão de preferência: “Os leitores que preferem a leitura de livros físicos, gostam do ato de passar a página, do cheiro do livro, de destacar as passagens com marca-textos diferenciados e de como ele ficará exposto na estante. Os leitores de livros digitais gostam da facilidade em escolher o tamanho da fonte, em acessar de forma mais rápida as notas que fez das passagens que gostaram e pelo fato de que podem carregar vários livros sem que isso pese na mochila ou na bolsa.”

A jornalista carrega consigo sempre um livro e tenta manter como frequente o hábito de leitura: “Tento sempre estar lendo algum livro, porém os meus hábitos de leitura dependem de duas variantes: tempo disponível e esgotamento físico-mental.”

Avanços na forma de leitura buscam levar de volta esse hábito no mundo da tecnologia. Foto: Maria Rocha

O que leva leitores a preferirem os e-books

Carregando vários exemplares na bolsa com um peso leve. Isso define o Kindle. Seus leitores possuem a praticidade de carregar consigo diversas obras e acessar sua biblioteca rapidamente, ocupando um pequeno espaço em suas bolsas.

A estudante de Ciência da Computação, Amanda Dahm, possui vários livros físicos, mas em sua bolsa você sempre irá encontrar um Kindle. Como uma leitora assídua, sempre carrega consigo esse objeto com vasta biblioteca, para ler sempre que desejar. Atualmente, ela conta com 69 obras em seu dispositivo.

“Eu prefiro kindle porque, além de conseguir ler vários livros, já que assino o Unlimited, acaba sendo bem mais econômico do que o livro físico. Além disso, acho mais prático também, já que é um dispositivo pequeno e fácil de levar para qualquer lugar”, afirma a jovem. O Kindle Unlimited se trata de uma assinatura mensal, que permite diversos exemplares de forma gratuita ou por um valor menor se comparado ao livro físico, para leitura digital.

Quando questionada sobre o crescimento do uso de e-books, Rubia relata: “A tecnologia como leitor de e-books traz uma acessibilidade em relação aos valores financeiros nos quais os livros impressos se encontram cada vez mais distantes da realidade da população de classe média baixa. Uma das facilidades encontradas é ter o aplicativo gratuito do Kindle Amazon que pode ser usado em celulares, possibilitando às pessoas de conseguirem e-books com valores reduzidos ou gratuitos.”

Mesmo com a inovação, a paixão pelo livro físico não para

Entretanto, nem todos entraram de cabeça nessa inovação e preferem manter a tradição. O cheiro dos livros, a sensação de estar com as páginas em mãos, poder escrever aquilo que sente em meio às páginas, colecionar. Esses são alguns dos motivos que fazem com que ainda haja um bom mercado para venda desses livros.

Débora Batista, estudante de Psicologia, sempre foi apaixonada pela leitura. Desde muito jovem, apresentou seu interesse por esse hobby, tão importante para sua vida. Atualmente, já se aventurou na leitura de e-books pelo celular, mas nutre um carinho único e especial pelos livros físicos.

“Ler livros físicos é sempre uma experiência inesquecível, porque eles têm cheiro, textura, são palpáveis e servem como artigos de decoração também. Para mim, é muito satisfatório poder organizar eles na prateleira de acordo com o que eu quero, então eu posso escolher se é pelo tamanho, pela cor da capa, pelos autores, pelo gênero ou por ordem alfabética”, afirma a jovem.

Livros físicos ainda se fazem presentes em muitos espaços. Foto: Maria Rocha

Ela acredita que os e-books são mais práticos, mas a experiência sensorial presente no físico consegue conquistar a leitora: “Apesar de trazerem uma experiência sensorial diferente e única, o livro físico tem se tornado cada vez mais um item caro para adquirir, então ele acaba deixado de ser uma opção de consumo para muitos leitores. Além disso, a sociedade tem dado prioridade para a praticidade e rapidez, e dentro desses pontos, ler em e-readers consegue se encaixar melhor com essa realidade.”

Como espaços de venda de livros tem se adaptado às inovações

A adaptação dos espaços de venda se tornou fundamental para a manutenção desse mercado, por conta da queda no número de leitores e das inovações tecnológicas desse mercado. Livrarias físicas e sebos hoje possuem estantes virtuais e sites próprios, visando alcançar qualquer pessoa e impulsionar suas vendas.

O Casarão dos Livros, sebo localizado em Taguatinga, conta com mais de 48 mil exemplares em seu acervo, o que faz com que seu público seja fiel. Além disso, também realizam vendas pelo WhatsApp e em sua estante digital.

Aritana Rodrigues, funcionária do local, relata o que ainda fortalece o público do espaço, mesmo diante de tantas inovações tecnológicas. “Mesmo com a tecnologia, os sebos ainda são bastante procurados, por gostar das páginas, de possuir diversas edições, o que você encontra em sebos não se encontra na tecnologia, muitas vezes.”