Entenda como o trabalho voluntário pode ajudar aqueles que precisam de apoio
A última Pesquisa de Voluntariado no Brasil mostrou que mais de 55 milhões de brasileiros fazem trabalho voluntário.
Postado em 11/06/2025
Ajudar o próximo é fundamental para a transformação em busca da dignidade e garantia dos direitos humanos. Por isso, muitos doam seu tempo para buscar um mundo melhor. A Pesquisa de Voluntariado no Brasil feita pelo Desenvolvendo o Investimento Social (Idis) e o Datafolha, realizada em 2021, mostrou que mais de 55 milhões de brasileiros fazem trabalho voluntário. São, em média, 18 horas mensais dedicadas ao outro, mostrando a força desse tipo de serviço.
O educador e doutorando em Ciências da Educação pela UNADES, Fabiano de Sousa, relata porque esse serviço é importante: “É uma expressão do exercício da cidadania ativa ao promover a justiça social e a solidariedade. Ademais, há de se ressaltar que o voluntariado é de grande relevância, pois contribui para a criação de sociedades mais coesas, inclusivas e resilientes, onde a dignidade humana é respeitada e valorizada”.

O amor por doar seu tempo
Débora Sousa é estudante de Psicologia e, em seu projeto de extensão, teve a oportunidade de ser voluntária no Lar dos Velhinhos Maria Madalena, no Núcleo Bandeirante. Ali, viu a importância de dedicar tempo e amor a quem precisa. E, com isso, atualmente atua no CCI (Centro de Convivência do Idoso) na Universidade Católica de Brasília (UCB).
Ela relata, com muito amor, sua experiência: “Trabalhar com um público mais velho é uma fonte constante de inspiração e aprendizagem, pois você entende que cada pessoa tem uma história de vida única. Isso, sem dúvidas, me faz querer ser alguém melhor. Enquanto profissional, eu consigo desenvolver habilidades que são importantes para a prática do psicólogo, além de ganhar mais confiança e experiência.”
Entretanto, dificuldades surgem nesse processo. “Por ser um trabalho que vem de iniciativa própria, você precisa ter mais responsabilidade, disponibilidade e se entregar 100% por amor ao que você está fazendo, já que não é um trabalho remunerado. Além disso, é importante saber lidar com certas frustrações e demandas, como limitação de recursos, falta de verba ou dificuldade de gestão de tempo, entendendo que o voluntariado tem esses momentos desafiadores também.”
Adriane Freitas foi voluntária na Pastoral do Dízimo, em sua igreja, por mais de 15 anos. Ali, doava suas ações em favor de auxiliar a sua comunidade. Nesse tempo, também coordenou os demais membros, sendo extremamente ativa no grupo.
A experiência que mais lhe marcou foi, em visitas aos enfermos, quando presenciou um momento de dor de um senhor. “Fomos oferecer assistência e conversa e nos deparamos com um senhor que sofria de fogo selvagem, uma doença autoimune que forma bolhas na pele. Ver essa dor nos fez refletir o quanto somos pequenos e dependentes no mundo quando algo de ruim nos acomete”.
Para ela, oferecer ouvidos ao próximo e levar palavras de alento é o que movia seu trabalho: “Às vezes a pessoa apenas deseja ser ouvida. E o que nos motivava a essa interação com as pessoas não está ligado ao retorno material, mas sim humano. Sozinhos não somos nada, devemos viver essas experiências de ajudar o próximo”.
A importância do voluntário
E todo esse afeto e disponibilidade é agradecido por quem recebe a ação e as instituições apoiadas. A doação desse tempo leva ao funcionamento e andamento de diferentes ações sociais ao redor do mundo.
Doutora em comunicação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e cientista social, Bruna Castelo Branco, afirma a importância desse serviço: “O voluntariado é capaz de construir pontes nessas comunidades, na medida em que ele empodera as pessoas, promove a integração, o diálogo, a responsabilização e alimenta o espírito coletivo por mudanças. Então, quando bem estruturado e feito com escuta e respeito, ele evita uma lógica assistencialista e se torna uma parceria genuína para a transformação social”.

Beatriz Melo trabalha no Instituto Migração e Direitos Humanos (IMDH), sendo oficial de mobilização comunitária e voluntariado, já atuou dentro da Casa Bom Samaritano, abrigo destinado a migrantes e refugiados venezuelanos que buscam a reintegração no mercado de trabalho.
“Nessa relação, escutavamos histórias, anseios, que muitos me contaram depois, como algo que nunca iam esquecer. A parte do choque entre realidades era muito perceptível também, e eu sentia como aquilo impactava os voluntários, que levavam para casa uma ‘pulga atrás da orelha’ para pensar um pouco sobre os privilégios. Eu retomava sempre que o trabalho voluntário não era um assistencialismo, e sim uma troca de experiências e aprendizados”, conta ela sobre esse período.
Para Beatriz, essa é uma experiência transformadora e que todos, em algum momento, deveriam ser voluntários. “Ver pessoas podendo ter uma experiência com um público que, talvez, nunca teriam, é poder fazer parte da iniciativa de abrir um outro mundo de possibilidades para aquela pessoa, que pode começar a ver um mundo diferente, pode pensar em novas oportunidades de trabalho, ou querem fazer outros trabalhos voluntários em outros espaços”.