Idoso viraliza nas redes sociais ao mostrar rotina como universitário

Para o estudante da UnB, os vídeos o ajudam a ficar mais tranquilo em meio a tensão da vida acadêmica

Emanuely Araújo Santos

Postado em 26/06/2025

Aos 66 anos, Maurício ingressou na Universidade de Brasília com o incentivo dos filhos

A vida acadêmica não é fácil, independente da idade ou fase da vida. Mas isso não impediu Maurício Ferreira, 66 anos, de recomeçar os estudos. Há três meses, ele ingressou na Universidade de Brasília incentivado pelos três filhos que também passaram pelo campus. 

Em 2024, Maurício decidiu prestar o vestibular para a UnB através do programa 60 +, que tem o intuito de promover o envelhecimento saudável, participativo e digno do cidadão com vagas na instituição para pessoas acima de 60 anos de idade.

Cursando Ciências Econômicas, atualmente Maurício concilia a faculdade com o trabalho de gestor de riscos. Apesar de ser aposentado – também na área de exatas – a escolha do curso foi com o intuito de ampliar conhecimentos. 

Vídeos na redes sociais

Por ser extrovertido, Marcelo conta que o convívio com os colegas sempre foi muito tranquilo

Ao ingressar na vida acadêmica, Maurício começou a gravar vídeos mostrando o seu dia-a-dia na faculdade para compartilhar com a família, a pedido dos filhos. Ao postar no Instagram, seus posts viralizaram e ele ficou conhecido como o “idoso na UnB”. 

“Eu gosto muito de brincar, então eu fiz alguns vídeos contando algumas brincadeiras e falando das aulas e coloquei num perfil do Instagram para que eles pudessem ver. E só. Daí para frente o negócio explodiu, eu não sei nem porque explodiu desse tanto, mas não tinha nenhum intuito comercial com isso, era puramente familiar”, explica. E acrescenta que não pretende parar com os vídeos. “Como agora está todo mundo vendo, gostando, seguindo, eu continuo com o mesmo espírito, com o mesmo humor, mostrando o dia a dia de um idoso dentro da UnB”, brinca. 

Maurício recebe diversos relatos de pessoas que se sentem motivadas a ingressarem na faculdade, apesar da idade. “Os comentários que eu tenho recebido nas redes são bem legais, porque têm pessoas que foram estimuladas pelos vídeos que eu fiz, eles tiveram mais ânimo para voltar a estudar. Pessoas até com a idade mais avançada do que a minha”, destaca. 

Para o estudante, os vídeos o ajudam a ficar mais tranquilo em meio a tensão da vida acadêmica. “Enquanto eu estiver respirando, a gente vai continuar estudando e fazendo um videozinho para relaxar um pouco de vez em quando. Por isso que eu uso um pouquinho de humor, porque a tensão da universidade é muito grande”, revela.

Maurício conta que se sente pressionado com as provas. E que as postagens são os momentos de relaxamento. “Eu acho que o bom humor faz parte. Quando você fica alegre, fica mais fácil de assimilar o conhecimento. De assimilar tudo que você aprende lá”, acredita. 

As diferenças de ensino

Diversas coisas mudam de uma época para outra dentro de uma universidade, entre elas, o método de ensino. Após 40 anos longe da vida acadêmica, Maurício percebeu a diferença de dinâmica. “Hoje o ensino é muito mais dinâmico, o ensino é muito mais rápido, tem algumas facilidades que antigamente não tinha. Antigamente, por exemplo, a gente tinha uma coisa muito bem definida para ser estudado e tudo. Hoje a gente tem que pesquisar mais”, fala o estudante. 

E para ele, a mudança aparenta ser positiva. “É interessante, porque estimula muito o raciocínio, o cérebro da do aluno para que ele exerça essa criatividade e a perspicácia de conseguir assimilar aquilo que é mais importante de todo o material que a gente recebe para estudo. Então, essa é uma diferença muito grande”, explica. 

Convívio com os colegas

A universidade reúne, em grande maioria, jovens que saíram recentemente do ensino médio. A diferença de idade poderia ser um empecilho para muitas pessoas no convívio acadêmico, mas não é o caso de Maurício, que é muito querido pelos colegas. “A adaptação foi tranquila. Porque eu me dou muito bem com todo mundo, então com os jovens foi ótimo, é como se fossem meus filhos, meus netos. E a gente conversa muito, troca ideia, trocar experiência, eles me perguntam muito, me ajudam demais, eles gostam de me ajudar e isso eu acho ótimo”, diz o estudante. 

Ao mesmo tempo que os colegas o ajudam, ele se esforça para apoiá-los também. “Eu estimulo eles também para não desistirem. Eu falo: “eu velho desse jeito tô aqui, vocês também têm que continuar”. Então fica uma uma contribuição simultânea. Bem interessante por parte das gerações que se encontram dentro de uma sala de aula”, explica. 

Idosos na universidade

A UnB também conta com 146 alunos idosos nos cursos de pós graduação

Segundo a Universidade de Brasília, em 2025, são disponibilizadas cerca de 210 vagas por semestres para o programa 60 mais. Com 755 estudantes idosos, 426 ingressaram na faculdade através do programa. 

A universidade também oferece um auxílio para esses alunos. “Um dos suportes é dado pela Tutoria 60+, tutores que ajudam o aluno a se familiarizar com a rotina acadêmica da UnB. Atualmente temos em torno de 75 bolsas de tutoria nesta modalidade” informa a universidade.