Intervalos de escola pública revivem após proibição dos celulares

“Os alunos voltaram a socializar, jogar bola, UNO, interagir”, relatou a coordenadora da escola.

André Lima Sacramento

Postado em 09/04/2025

O Centro de Ensino Fundamental Polivalente, localizado na 913 Sul, e que tem turmas até o 9° ano, vem colhendo os frutos da proibição do uso de celulares em escolas. Coordenadora pedagógica há 6 anos, Márcia Nantet Fraga contou um pouco mais sobre a transição da escola até a proibição total dos celulares, e dos benefícios que essa decisão trouxe para o CEF.

Márcia Nantet Fraga, coordenadora do CEF 913 Sul

Márcia afirma que os celulares já eram proibidos previamente nas salas de aula, porém temia que houvesse uma resistência um pouco maior por parte dos alunos, uma vez que os aparelhos eram liberados durante os intervalos e muitos também os utilizavam durante as aulas, de forma escondida. Mas, apesar deste temor, a coordenadora afirmou que o processo foi muito tranquilo, contrariando a sua expectativa inicial.

A coordenadora relatou que uma sequência de trabalhos educativos foram feitos na escola para facilitar nesta transição e aumentar a aderência dos alunos à medida, além de manterem uma postura extremamente rígida, afinal se trata de uma lei. 

Márcia também compartilhou os benefícios dessa proibição, que foram percebidos principalmente nos intervalos, com os alunos voltando a ter atividades práticas, interagindo entre si, também muito impulsionadas pela escola, como relatou a coordenadora: “Existe um projeto chamado “Lixo 0”, que utiliza da reciclagem para criar jogos, buscando diminuir lixo da escola e transformá-lo em atividades práticas, que aumentam a interação entre os alunos e, consequentemente, diminuem o uso dos celulares”.

Outra perspectiva

Estela da Cunha Gomes, também coordenadora do CEF, reafirmou que a socialização está voltando: “Os estudantes, que antes se isolavam com seus celulares, hoje, conversam no intervalo, andam em duplas ou grupos maiores, conversam, riem, jogam jogos de tabuleiro, etc”.

Estela da Cunha Gomes, coordenadora do CEF 913 Sul

Além disso, a coordenadora compartilhou outra medida tomada pela escola, uma palestra, realizada na primeira reunião de pais do ano, visando conscientizar ainda mais sobre os malefícios do uso dos celulares na sala de aula, e da importância de ficar longe da “telinha” por algumas horas.

Quando perguntados sobre o que acharam da proibição dos celulares, dois alunos do CEF apresentaram opiniões diferentes quanto a necessidade da aplicação da nova lei, com o primeiro estudante achando ruim a decisão, embora não já não utilizasse o seu celular na escola, enquanto o segundo aprovou a ideia, pois acreditava que os celulares atrapalhavam o andamento das aulas.

Quadra do CEF 913 Sul

Porém, se ambos divergiram quanto à proibição, eles concordaram com os benefícios que ela trouxe: melhora no andamento das aulas e no aprendizado, com todos os alunos prestando mais atenção, e aumento da socialização foram aspectos positivos levantados por ambos os alunos.

Por fim, Márcia reforçou que adorou a decisão, uma vez que a mesma instaurou nas escolas um ambiente de segurança para seus alunos, já que, anteriormente, se tinha uma exposição muito grande e fácil de um ambiente que deve ser mais reservado, tanto pela segurança dos estudantes, quanto pela dos professores.

Além disso, devolve algo tão importante para os alunos, que é justamente essa socialização, as brincadeiras na hora do intervalo, bate papos, etc, que são fundamentais nesse período de formação.