Tati Mantovani: a brasileira que virou voz da Champions e inspiração para mulheres no esporte

Com microfone na mão e pés firmes no famoso banquinho, ela tem um dos percursos mais potentes do jornalismo esportivo atual

Luiza Marinho Gomes Daniel

Postado em 05/05/2025

Tati Mantovani na última final da Champions League em Wembley, na Inglaterra (Crédito: Arquivo pessoal)

Ela já esteve em seis finais de Champions, entrevistou alguns dos maiores nomes do futebol mundial e virou referência para quem acompanha o esporte dentro e fora do Brasil. Tati Mantovani, jornalista correspondente na Espanha, nasceu em Carlos Barbosa, Rio Grande do Sul, morou muitos anos em Porto Alegre, mas foi em Madrid onde encontrou seu lugar no mundo. São 13 anos morando na capital espanhola e 8 anos como correspondente da TNT Sports na Liga dos Campeões e no dia a dia dos clubes da cidade, especificamente Real Madrid e Atlético de Madrid.

Com presença confirmada no documentário da Netflix ‘BAILA, VINI’ do jogador Vinícius Júnior, que estreia no dia 15 de maio e com mais de 900 mil seguidores acumulados em suas redes sociais, Tati explica que a paixão pelo futebol veio precedida do amor pelo futsal, esporte que praticou até deixar sua cidade natal para estudar jornalismo na capital gaúcha. 

A baixa estatura nunca foi um problema para a jornalista, que sentiu a necessidade de encontrar algo para poder entrevistar os protagonistas para que ambos entrassem no quadro do vídeo de forma melhor; foi assim que Tati e o banquinho se encontraram.

Pós-graduada em Marketing e Comunicação, lida com a inquietude de não ter conseguido finalizar a licenciatura em história e um amor pelos livros que sempre a fazem lembrar que seu primeiro sonho era editar os livros que mais gostava. Da paixão pela literatura veio a vontade de criar um Instagram para atualizar suas leituras e livros preferidos (@bibliotecadatati). Um verdadeiro refúgio da alma.   

O banquinho é o seu fiel escudeiro (Crédito: Arquivo pessoal)

Tati construiu uma carreira poderosa e, em sua visão, inesperada. Agora, ela revela sua rotina, paixão, coberturas inesquecíveis e dicas para meninas que querem viver do jornalismo esportivo. 

O que te levou a escolher o jornalismo esportivo? Sempre quis seguir essa área?

Eu nunca pensei em trabalhar como jornalista esportiva. Sempre acreditei que o amor pelo meu clube do coração me impedia de poder trabalhar nesta área. Porém, a vida me trouxe para Madri e aqui a TNT me encontrou, então, hoje trabalho com algo que eu nunca nem sonhei mesmo. 

Como lida com a pressão de estar sempre disponível para cobrir eventos e dar notícias em tempo real?

É bastante complicado ter uma rotina na qual a vida pessoal e a profissional consigam conviver em harmonia, mas aos poucos a gente vai conseguindo. Hoje, felizmente ou não, há muitas formas de estar conectada o tempo inteiro e, como jornalistas, acredito que não há outra maneira de encarar o dia a dia se não estando sempre conectado, porém encontrando formas de desconectar quando possível. A pressão de estar disponível 24/7 existe, mas somos nós que temos que colocar alguns limites.

Você já fez alguma cobertura ou reportagem que tenha sido especialmente marcante para você?

Todas as finais de Champions foram momentos únicos, mas acredito que a final de 2018 tenha sido a mais marcante para mim. A última dança de Cristiano Ronaldo com o Real Madrid e a entrevista que mudou a minha vida com Marcelo e Casemiro (aos quais sou muito grata) depois de conquistarem uma Champions. Sem dúvida, o momento mais legal. 

Entrevista pós-vitória sobre o Liverpool foi divertida e teve homenagem de Marcelo e Casemiro ao Zico (Crédito: TNT Sports Brasil)

Existe uma linha tênue entre jornalista e fonte, principalmente no esporte. Como você gerencia a relação com jogadores e técnicos sem comprometer sua imparcialidade?

Acredito que fazendo tudo com naturalidade e respeito, não tem motivo para não dar certo. Respeitar a fonte e também a notícia, tratar jogadores como seres humanos. 

As redes sociais aproximam jornalistas do público, mas também podem gerar cobranças e críticas. Como você administra essa exposição?

Eu gosto muito da troca nas redes sociais, porém sempre há quem venha somente para destilar ódio. Com nós mulheres acredito que seja mais frequente. Fazer o filtro e tentar utilizar ferramentas para deixar tudo mais saudável possível é um desafio. 

O jornalismo esportivo ainda é um ambiente majoritariamente masculino. Como foi para você construir sua trajetória nesse meio?

Ainda é um desafio diário estar neste meio. Na maioria das vezes, estamos praticamente sozinhas. Tratando do mundo com respeito e exigindo o mesmo, acredito que é a única forma de sobreviver. 

Que conselho você daria para meninas jornalistas que querem atuar no esporte?

Não desistam. Vai ser difícil todos os dias, mas confiem em vocês e no que vocês se prepararam para fazer. Tenham amigas para pedir a mão nos dias mais complicados e apoiem outras mulheres. Estamos todas no mesmo barco e não competindo por um único espaço.