Tradição e cidadania aquecem os festejos juninos
Eventos comunitários celebram Santo Antônio com valorização da identidade cultural e economia solidária.
Postado em 25/06/2025

Foto: Lucas Soares
No dia 13 de junho, Dia de Santo Antônio, começou oficialmente o ciclo das Festas Juninas em todo o Brasil. Em 2025, a retomada desses eventos após os anos mais críticos da pandemia tem movimentado comunidades, promovendo cultura popular, inclusão social e impulsionando a economia local em diversas regiões do DF e Entorno. Para muitos, é tempo de reencontros, afeto e valorização das raízes populares. “Pra mim, festa junina é familiaridade e tradição”, relatou Eduarda Carvalho, que esteve presente no Grande São João do Guará, onde o protagonismo feminino deu o tom do evento realizado entre os dias 6 e 8 de junho.
Com barracas de comidas típicas, quadrilhas, feira de artesanato e espaços de acessibilidade, a festa mostrou como organização coletiva pode fortalecer o território. No mesmo clima de celebração e pertencimento, o Arraiá do Amô, promovido pelo Shopping Sul em Valparaíso de Goiás, trouxe apresentações de quadrilhas, bandas regionais e atividades infantis. “A festa junina é isso: alegria, memória e encontros marcantes”, contou Ana Beatriz, emocionada com as recordações familiares.
Quem também vive intensamente essa cultura é Stefano Veiga, organizador da quadrilha Mala Veia, uma das mais tradicionais do DF. Fundada em Ceilândia há 45 anos, a quadrilha se tornou um símbolo de resistência e pertencimento. “A Mala Veia nasceu aqui em Ceilândia com esse espírito mesmo: de ocupar os espaços públicos com arte, com alegria, e de dar voz ao povo da periferia. A gente se orgulha de ser símbolo de Ceilândia, de representar nossa quebrada com orgulho e com potência.” Para ele, manter a tradição viva passa pela escuta ativa dos jovens e pela capacidade de inovação: “A tradição só sobrevive quando é viva, e isso exige renovação constante.” Além disso, a sustentabilidade também ganhou espaço dentro da quadrilha: “A beleza está justamente na criatividade, na capacidade de transformar o simples em espetáculo. A cultura popular sempre foi sustentável por natureza.”
O impacto das festas também está presente no ambiente escolar. No CEF 01 da QN 7 do Riacho Fundo II, o estudante Robin Meireles participou da quadrilha junina com orgulho e empolgação. “A preparação começa semanas antes da apresentação. Mas o mais marcante mesmo é o clima de união”, relatou. Para ele, a data carrega forte valor simbólico e cultural: “É o momento em que a gente se conecta com nossas raízes, com a história do nosso povo.” Robin também enxerga as quadrilhas como espaços de acolhimento e transformação social. “A dança dá voz, dá coragem. É um espaço de acolhimento e de crescimento. E isso é inclusão.”
Sustentabilidade e fortalecimento comunitário

A acessibilidade também tem ganhado força nas festas juninas de 2025. No Guará, por exemplo, a estrutura do evento contemplou pessoas com deficiência, além de contar com Espaço Pet e Espaço Kids, garantindo conforto para diferentes públicos. Outro destaque é a presença de iniciativas sustentáveis, como o uso de materiais recicláveis nas barracas e reaproveitamento de decorações, o que reforça o compromisso ambiental sem abrir mão da estética característica das celebrações.
As festas também têm sido oportunidade de geração de renda. Artesãos, pequenos comerciantes e produtores locais aproveitam a movimentação para expor seus produtos. “Essas festas são uma oportunidade de reencontro com a vizinhança e de renda para muita gente”, afirmou Zirta Soares, que esteve presente no evento em Valparaíso. Nos figurinos e enredos, a tradição permanece viva e vibrante. “As roupas ficam cada vez mais elaboradas, essa diversidade me agrada muito”, comentou Ana Beatriz.
A programação junina no DF segue intensa até final de junho, com opções para todos os públicos. De festas tradicionais em paróquias a grandes eventos com estrutura completa, como o Arraiá do Dotô, da Associação Médica de Brasília, o calendário reflete a força dessa manifestação popular. Ingressos variam de gratuitos a opções all inclusive, mostrando a diversidade do público alcançado.
Mais do que uma comemoração sazonal, o ciclo junino tem reafirmado seu papel como instrumento de cidadania ativa. Ao envolver moradores, comerciantes, artistas e educadores, as festas contribuem para fortalecer vínculos comunitários e preservar uma das expressões culturais mais importantes do país. Como resume Zirta: “É um momento em que a gente faz novas amizades e reencontra velhos amigos. Isso é festa junina.”