Uso de patinetes elétricos vira tendência de locomoção em Brasília
Especialista ressalta a importância de se criar uma infraestrutura adequada, com espaços seguros para a circulação e regras bem definidas
Postado em 23/06/2025
Desde o início de 2025, os patinetes elétricos operados pela empresa JET, em parceria com a Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob-DF), registraram mais de 173 mil viagens em apenas 30 dias, com cerca de 60 mil usuários cadastrados. Com 1.200 patinetes distribuídos em pontos estratégicos do Plano Piloto e de Águas Claras, o serviço vem ganhando rapidamente popularidade entre brasilienses que buscam uma alternativa ágil, prática e sustentável para os deslocamentos diários, especialmente em trajetos curtos e na integração com o transporte público. Assim, a Semob já avalia a expansão do projeto para outras regiões administrativas do DF.
Patinetes como solução complementar e sustentável no DF
De acordo com a Semob, o número de usuários cadastrados no sistema já ultrapassa os 230 mil, o que demonstra a rápida adesão ao serviço e o interesse crescente da população por formas alternativas de mobilidade. Para atender essa demanda, a Secretaria publicou recentemente um chamamento público para credenciar novas operadoras e ampliar a oferta de patinetes em outras regiões administrativas, com foco em áreas de grande circulação, como estações de metrô, rodoviárias, zonas comerciais e residenciais.
A iniciativa contribui para a redução da dependência de combustíveis fósseis e a consequente emissão de gases poluentes, já que os patinetes são movidos à energia elétrica. Além disso, os veículos vêm se consolidando como uma solução eficiente para os chamados deslocamentos de primeira e última milha, trechos curtos que conectam o usuário à rede de transporte público em locais onde ônibus ou metrô não chegam com facilidade.
Apesar do crescimento acelerado, a circulação dos patinetes segue regras específicas, conforme estabelece a Resolução nº 996/2023 do Contran. Os dispositivos devem trafegar em vias locais e coletoras, sempre próximos às bordas da pista e no mesmo sentido dos veículos automotores. A Semob também afirma que está em andamento um grupo de trabalho com outros órgãos do GDF para discutir ações de educação no trânsito, bem como a definição de penalidades para garantir a segurança de usuários e pedestres.
A Secretaria reforça que a integração dos patinetes com o transporte público é um dos pilares do projeto. “Eles já se mostram como uma alternativa viável em regiões com menor cobertura de ônibus ou metrô, contribuindo para tornar o deslocamento urbano mais eficiente e acessível.”

Desafios e caminhos para o uso seguro dos patinetes
O especialista em mobilidade urbana Rafael Calabria avalia que os patinetes elétricos são uma alternativa promissora para tornar os deslocamentos urbanos mais rápidos, sustentáveis e integrados ao transporte público. Ele aponta que esse tipo de serviço é especialmente eficaz em trajetos curtos, ajudando a reduzir o uso excessivo de carros para pequenas distâncias e contribuindo para a diminuição da emissão de gases poluentes. “Os patinetes ajudam a reduzir o uso do carro e diminuem a emissão de poluentes, mas ainda enfrentam desafios como o uso irregular nas calçadas, a falta de ciclovias e a ausência de campanhas educativas que orientem tanto os usuários quanto os pedestres”, pontua Calabria.
Para o especialista, a expansão desse novo meio de transporte precisa vir acompanhada de planejamento urbano e de políticas públicas que garantam segurança e acessibilidade. Ele ressalta a importância de se criar uma infraestrutura adequada, com espaços seguros para a circulação dos patinetes e regras bem definidas. Além disso, defende que a educação no trânsito e a fiscalização são essenciais para evitar conflitos entre os transportes e garantir a convivência harmônica nas vias urbanas.

Foto: Arquivo Pessoal
A experiência de um usuário
Renato José, servidor público de 40 anos, é um dos muitos brasilienses que incorporaram o patinete elétrico à rotina como uma solução prática e eficiente. Ele conta que começou a usar o serviço por curiosidade, mas rapidamente percebeu os benefícios. Hoje, os patinetes fazem parte do seu dia a dia: são usados para ir ao trabalho, sair para almoçar e resolver pequenas demandas durante o expediente. “É muito mais rápido do que andar a pé e é o transporte mais cômodo para percorrer distâncias curtas”, afirma Renato.
Ele também ressalta a facilidade de uso do sistema, que permite localizar, desbloquear e pagar pelo patinete diretamente pelo celular. Para ele, a experiência tem sido positiva não só pela praticidade, mas também pela economia e pela sensação de liberdade ao se locomover de forma mais leve e sustentável no trânsito.

Foto: Arthur Isacksson
Como usar os patinetes elétricos
Para utilizar os patinetes elétricos, o usuário precisa baixar o aplicativo da empresa operadora, como o da JET, realizar um cadastro e localizar um veículo disponível por meio do mapa integrado. Após destravar o patinete com o QR Code, basta seguir as orientações de segurança e iniciar o trajeto. A cobrança é feita por tempo de uso, com pagamento direto no app. Durante os dias úteis, a ativação custa R$ 1,99 e o valor por minuto varia conforme o horário: R$ 0,25 das 5h às 10h, R$ 0,39 das 10h às 17h e R$ 0,49 das 17h às 5h. Aos fins de semana, a taxa de ativação sobe para R$ 2,99, com tarifas de R$ 0,70 por minuto até as 17h e R$ 0,90 a partir desse horário. Os veículos devem ser estacionados em áreas designadas, respeitando o espaço público e garantindo a circulação de pedestres. O serviço é destinado a maiores de 18 anos, e cada conta pode registrar até cinco usuários.

Foto: Freepik