Elevação no preço de alimentos pode comprometer pequeno empreendedor

Nas feiras livres, vendedores foram obrigados a aumentar preços para compensar reajustes recentes.

André Lima Sacramento

Postado em 06/05/2025

César Momo dos Santos, feirante e vendedor de ovos, queijos, leites e derivados há 10 anos na feira APROFIT, situada na 309 sul aos sábados e na 206/207 sul às quartas, foi altamente impactado pelo encarecimento das suas mercadorias nos últimos meses. 

César Momo dos Santos, feirante há mais de 10 anos

O feirante revelou que a sua situação ficou mais complicada, justamente pelo encarecimento de todo o seu ciclo de trabalho. César compartilhou que a maioria das suas mercadorias não são produzidas por ele mesmo, então há um gasto com a compra destes alimentos, que se intensificou após a alta recente no valor destes produtos. Sem falar da grande despesa que o empreendedor tem com combustível, que também sofreu altas recentes e é necessário para tornar viável todo este processo de compra e venda dos alimentos.

Mediante essa situação, César disse que foi obrigado a realizar um reajuste de até 30% nos valores dos seus produtos, para assim conseguir sustentar todo o seu negócio, pois caso contrário todo o processo se tornaria insustentável.

Em 2025, alimentos como o ovo tiveram um aumento de até 67%, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), sem falar do encarecimento dos combustíveis, que subiram em média 2,89% acima da inflação geral do Brasil, conforme apurado pelo G1 em fevereiro, o que só comprova que feirantes como César tiveram um aumento considerável no custo para conduzir os seus serviços.

Felizmente, para o feirante, não houve uma grande perda de clientes após este reajuste. César relatou que, graças a alta qualidade dos seus alimentos, que são todos de origem natural, e os muitos anos de realização da feira, foi criada uma fidelidade por parte dos seus inúmeros clientes, que continuam comprando com o feirante apesar da alta nos preços, o que foi fundamental para a manutenção do seu negócio.

Feira APROFIT, localizada na 309 Sul

Reinaldo Stein Pellini, um dos seus consumidores, reiterou o que o feirante disse. Reinaldo relatou que tem condições de arcar com o custo a mais dos alimentos, e por isso não foi tão afetado por essa alta, e manteve-se fiel ao vendedor justamente pela qualidade dos seus queijos, ovos, leites e derivados.

Porém, o consumidor também compartilhou a sua preocupação com essa alta recente dos alimentos. “A maioria da população não possui as mesmas condições que as minhas, e este preço mais salgado pode ser muito prejudicial tanto para o consumidor, que perde poder de compra e se vê obrigado a escolher aquilo que irá consumir, quanto para o empreendedor, que é obrigado a fazer este reajuste para conseguir manter o seu negócio, mas pode acabar perdendo clientes por conta disso.”

Visão do mercado

Renan Isao Murata Sujii, economista pós graduando em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral (FDC) e pós graduado em Finanças e Controladoria pelo Ibmec, compartilhou uma visão do mercado quanto a essa alta nos preços dos alimentos e o impacto nos pequenos empreendedores.

Renan Isao Murata Sujii, pós graduando em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral (FDC) e pós graduado em Finanças e Controladoria pelo Ibmec

Renan relatou que essa variação no valor dos alimentos está muito relacionado com a oferta e a demanda, que acaba sendo muito influenciada por eventos globais que estão ocorrendo atualmente em nosso mundo, como por exemplo conflitos armados, vide a guerra entre Ucrânia e Rússia, e também a alta do dólar, que acabam impactando diversas etapas da produção destes alimentos e encarecendo todo o processo, influenciando diretamente na oferta e na demanda.

Sujii disse que toda essa variação do preço dos produtos é muito imprevisível e difícil de se projetar uma melhora, justamente pelos inúmeros fatores que rondam esse assunto. Apesar do governo tomar medidas que visam o controle da inflação dos alimentos, o impacto do clima na produção e no crescimento da oferta continua sendo essencial para essa mudança de cenário, o que só reitera aquilo dito anteriormente pelo economista. 

Renan também compartilhou o grande impacto desse aumento na vida dos pequenos empreendedores, que veem a sua margem de lucro diminuir e acabam tendo um prejuízo graças ao encarecimento do processo. Além disso, o consumidor sofre e muito com essas medidas, uma vez que perde poder de compra, sendo obrigado a gastar mais com mercado, por exemplo, e tendo menos dinheiro para outras atividades do dia a dia.

O economista finalizou citando medidas que podem ser adotadas para minimizar os impactos causados por essa alta nos alimentos, como a substituição de itens, comprar produtos de marcas mais baratas e realizar um planejamento melhor na hora de ir às compras, seja pela realização de uma lista de compras ou buscando atacarejos, lojas que vendem alimentos por um preço mais em conta, visando justamente economizar mediante uma situação de encarecimento dos alimentos.