Morador do bairro Paraíso desde 1988, Guilherme “Gordão” (PP) levou 37 anos de vivência comunitária até conquistar uma cadeira na Câmara Municipal de Valparaíso de Goiás. A eleição veio após cinco tentativas e muitos anos de trabalho informal em prol da população. Desde 2002, já atuava diretamente com ações solidárias, o que reforçou seu desejo de fazer mais e com maior alcance. “Entendi que, como vereador, poderia fazer ainda mais pela comunidade. Graças a Deus, depois de muita luta, conseguimos a vitória.”

Hoje, Guilherme tem a inclusão como principal bandeira de seu mandato. Pai de uma criança autista, ele transforma a experiência pessoal em políticas públicas e projetos voltados às famílias atípicas. Com 14 propostas apresentadas na Câmara, aproximadamente 70% são direcionadas a essa causa. “Tenho orgulho de dizer que estamos transformando a Câmara de Valparaíso em uma das mais inclusivas do estado de Goiás, talvez até do Brasil.” Nesta entrevista, ele fala sobre os projetos, rotina, articulação política e seus planos até o fim do mandato.

Quais ações o Senhor já conseguiu aprovar nessa área?

Criamos, por exemplo, a identificação de veículos que transportam crianças autistas, garantimos por lei o direito de crianças com seletividade alimentar a entrarem em qualquer estabelecimento com seus alimentos e utensílios, e protocolamos pedidos importantes como a gratuidade para acompanhantes de autistas e pessoas com Síndrome de Down.

O transporte escolar também entrou na pauta?

Também solicitei ao Executivo o fornecimento de abafadores de som para crianças com hipersensibilidade auditiva e a adequação do transporte escolar. Agora, crianças autistas podem embarcar pela frente do ônibus e seguir para a parte de trás, longe do motor, onde o ruído incomoda menos.

Quantas crianças com autismo estão na rede municipal atualmente?

Hoje, temos cerca de 1.300 alunos com autismo na rede municipal — fora os casos suspeitos. Por isso, estamos lutando para trazer mais profissionais. Inauguramos o CIEI, um centro de atividades precoces, e estamos planejando, com apoio de emenda da deputada Dra. Zeli (União) e do deputado Célio Silveira (MDB), a construção da Casa da Inclusão, que atenderá todas as crianças do município, independente da rede em que estudam.

Sobre o diagnóstico de TEA, como está a situação na cidade?

Infelizmente, o tempo de espera para diagnóstico de TEA ainda é muito longo aqui. Só para passar por um neuropediatra, leva-se de seis a sete meses. Depois, ainda há uma fila para atendimento com fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, psicopedagogo… No total, o processo pode demorar quase um ano.

Fale sobre o projeto dos sensores de glicose.

Apresentei um projeto para fornecer sensores digitais de glicose a crianças de 1 a 16 anos com diabetes. Essas crianças precisam medir os níveis várias vezes ao dia, o que gera dor e incômodo. Os sensores oferecem mais conforto e qualidade de vida. O projeto já foi aprovado e segue para sanção do prefeito. Com isso, a Secretaria de Saúde poderá implementá-lo.

Quais melhorias na mobilidade urbana estão sendo discutidas?

Participei recentemente de um encontro sobre mobilidade urbana, onde discutimos ações como a construção de ciclovias — algo inédito aqui. Um novo trajeto de 6 km será iniciado em breve, ligando várias etapas do município. Também estamos lutando por acessibilidade total nas paradas de ônibus e nos estacionamentos públicos. Já temos avanços, mas precisamos universalizar esse direito.

O Senhor também agiu sobre os radares da BR-040, certo?

Recebi muitas reclamações sobre multas na BR-040. Até minha esposa foi multada em situações que pareciam irregulares. Ela nunca havia recebido multas, e de repente começou a ser autuada mesmo respeitando os limites. Diante disso, fiz um requerimento ao DNIT pedindo explicações. Encontramos, de fato, irregularidades nos radares. Para quem já pagou essas multas indevidas, recomendo procurar o Ministério Público para buscar ressarcimento — é mais eficaz do que recorrer via sistema tradicional.

Como está a situação da limpeza urbana e manutenção da cidade?

Como em qualquer lugar, o início de gestão tem desafios. Mas já avançamos bastante. A nova empresa vencedora da licitação começou os trabalhos, e nesta semana estamos atuando em cinco bairros simultaneamente: Parque Rio Branco, Parque Caimuzinho e as etapas 1, 2 e 3 do bairro Parque.

Como tem sido a articulação política dentro da Câmara?

A relação com os demais vereadores e com o Executivo tem sido excelente. A atual legislatura é muito mais unida e comprometida com a população. Todos os meus projetos foram aprovados — alguns ainda estão tramitando nas comissões, o que é normal — mas o clima é de cooperação e foco no bem comum.

O Senhor utiliza bastante as redes sociais. Qual o papel delas no seu trabalho?

As redes sociais hoje são essenciais. Elas permitem que nosso trabalho alcance um número muito maior de pessoas, em tempo real. Todo mundo tem celular, tem Instagram, Facebook… É um canal direto de prestação de contas e interação com o cidadão. Eu uso bastante e recomendo a todo político que queira estar próximo do povo.

Como o senhor tem atendido a população no dia a dia?

Atendo presencialmente às segundas, terças e quintas, das 9h às 13h, e no período da tarde realizo visitas aos bairros. Agora, lançamos um novo projeto: ‘Café da Manhã com o Gordão’, aos sábados. A ideia é visitar bairros, famílias e condomínios, ouvir as demandas diretamente da população, e trabalhar para transformá-las em ações concretas — seja por meio de indicações, requerimentos ou projetos de lei.

E quais são as metas até o fim do mandato?

Meu objetivo é deixar um legado sólido. Não tiro recesso — se descansar três ou quatro dias é muito. Nestes primeiros seis meses já atendemos cerca de 350 pessoas, e conseguimos resolver a grande maioria das demandas apresentadas. Quero ser lembrado como o melhor vereador de Valparaíso, principalmente pelas ações voltadas à inclusão.

Qual sua mensagem para a população de Valparaíso?

Peço paciência à população. Sabemos que quem paga seus impostos quer retorno — e com razão. Mas agora, com os recursos liberados, as obras estão saindo do papel. O setor de Chácaras, por exemplo, teve o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) destravado e receberá asfalto quente, calçadas e meio-fio. Vai se transformar completamente. Digo a todos: quem precisar de mim, estou à disposição no gabinete 07, na Câmara Municipal. Para as famílias atípicas, reafirmo meu compromisso diário com a inclusão. Estou aqui para trabalhar por vocês.