Capital-DF escreve capítulo contra o Botafogo em duelo de projetos

Time candango viveu jogo mais emblemático de sua história mesmo com eliminação na Copa do Brasil

Iago Nava e Silva

Postado em 29/05/2025

Nascido em 2005 das cinzas da Sociedade Esportiva Maringá, o Capital-DF atravessou uma fase turbulenta em seus primeiros anos. Rebaixamentos consecutivos (2006 e 2007) para a Terceira Divisão do Campeonato Brasiliense marcaram o início da trajetória, mas foi a partir de 2009, com o título da divisão inferior, que o clube iniciou o processo de reconstrução – um processo que atingiu seu ápice simbólico na noite de 23 de maio de 2025, quando derrotou o Botafogo por 1 a 0 no Mané Garrincha, gol de Rodrigo Goiano aos 31 minutos do primeiro tempo 6812. A vitória histórica, porém, não evitou a eliminação na Copa do Brasil, já que o Botafogo, vencedor do primeiro jogo por 4 a 0, avançou com um placar agregado de 4 a 1 12.

Reconstrução institucional e o modelo SAF

A virada do clube começou em 2018, com Godofredo Gonçalves assumindo a presidência. Sob nova gestão, implementou-se um projeto focado em categorias de base, parcerias comerciais e iniciativas sociais – como ingressos populares e inclusão. Em 2024, o Capital tornou-se a segunda SAF do Distrito Federal, seguindo o Gama. “O Botafogo comprovou que a SAF melhora gestão e resultados”, afirmou Godofredo. O confronto contra o Botafogo materializou esse modelo: enquanto o time carioca, já consolidado como SAF, disputa Libertadores, o Capital busca firmar-se como referência de gestão no Centro-Oeste 12.

Godofredo Gonçalves (à dir.) – Foto: Capital-DF/Divulgação

O jogo que entrou para a história

Sob comando do técnico Roberto Fernandes, ex-Corinthians, o Capital adotou tática eficiente no duelo de 23/05:

  • Disputa intensa no meio-campo, com Matheus Anjos e Erick contendo as investidas de Jeffinho e Arthur;
  • Transições rápidas, explorando os flancos com Tobinha e Wallace Pernambucano;
  • Defesa sólida, capitaneada por Pedro Romano e Michael Quarcoo, que anularam Mastriani e Seco 611.
    O gol veio após cobrança de falta de Deysinho, aproveitada por Rodrigo Goiano, ex-Botafogo, que celebrou com discrição contra seu antigo clube 6. A equipe manteve a vantagem mesmo sob pressão nos minutos finais, com o goleiro Reinaldo garantindo o zero no placar 12.

Apesar da eliminação, o Capital alcançou feitos inéditos:

  1. Primeira vitória contra um gigante do futebol brasileiro;
  2. Projeção nacional ao demonstrar competitividade frente a um elenco de Série A;
  3. Receita significativa com a campanha na Copa do Brasil 9.
    O presidente Godofredo resumiu: “Vamos com pé no chão, mas sonhar não paga imposto. Essa noite mostrou quem somos” 12. Após o embate, o time seguiu com moral elevada para a Série D: em 25/05, venceu o Goianésia por 1 a 0 fora de casa, gol de Wallace Pernambucano, mantendo-se na luta pelo acesso 19.

Raízes comunitárias e identidade

Para além do campo, o clube fortalece seus laços locais. Desde 2019, promove projetos sociais e tornou-se o time do DF com mais categorias de base. A mudança para o Complexo JK (Paranoá) em 2021, com capacidade para 5.000 pessoas, sedimentou sua identidade regional 11. Seu rival, o Legião FC, protagoniza o “Rock and Roll Derby” – homenagem às bandas Capital Inicial e Legião Urbana.

O atacante Rikelmi, principal destaque do time (ex-Botafogo e emprestado ao RWD Molenbeek, de John Textor), sintetiza o momento: “Essa vitória não é um ponto final. É a semente do que vem por aí” 11. Mesmo eliminado, o Capital-DF consolida um projeto que transformou um clube oscilante em exemplo de gestão e resiliência – e o jogo contra o Botafogo é seu marco indelével.