Corrida de rua conquista idosos e vira aliada da saúde na terceira idade

Com mais de 60 corridas por ano na capital, participantes da terceira idade se destacam nas ruas e mostram que envelhecer pode ser sinônimo de movimento.

Hitallo Sousa

Postado em 03/06/2025

2ª Caminhada Sesc
Pessoas idosas participam da 2ª Caminhada Sesc em Defesa da Pessoa Idosa, realizada na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento reforça a importância do envelhecimento ativo e da ocupação dos espaços públicos. Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

Em Brasília, a corrida de rua tem se tornado uma atividade cada vez mais popular entre pessoas acima dos 60 anos. Com um calendário repleto de eventos ao longo do ano, a capital federal oferece diversas oportunidades para que idosos participem de provas e mantenham um estilo de vida ativo.

Segundo o site Correr Brasília, só em 2025 estão previstas dezenas de provas, como a Corrida da Infantaria, OneRun Brasil e a Corrida Sindjus 35 Anos. A estimativa é que mais de 60 corridas de rua ocorram anualmente na cidade, movimentando corredores de todas as idades.

Mas o que chama a atenção é o crescimento constante da participação da terceira idade. Para essas pessoas, a corrida virou muito mais do que um esporte — é também saúde, motivação e pertencimento.

“Comecei por recomendação médica, mas acabei me apaixonando. Me sinto muito mais viva depois que comecei a correr”, conta Teresinha Sousa, 65, que participa de corridas de rua há três anos. “É um momento meu, onde esqueço os problemas e foco em mim.”

Manoel Silva, 60, já participou de mais de 20 provas em Brasília. Para ele, a corrida é uma forma de manter o corpo ativo e a cabeça no lugar. “Não corro para competir, corro para me manter bem. É uma vitória pessoal a cada linha de chegada cruzada.”

Já Luzia Maria, 62, se encontrou no esporte após a aposentadoria. “Eu não queria ficar parada em casa. A corrida me ajudou a me sentir útil, forte e feliz”, diz.

Para acompanhar e orientar esse público, profissionais como o personal trainer Mateus Costa e Silva, 24 anos, vêm adaptando os treinos e a abordagem. “São idosos já aposentados que procuram sair da rotina e melhorar a saúde”, observa.

Mateus recomenda cuidado e acompanhamento: “Recomendo uma boa alimentação, vitaminas, acompanhamento médico, roupa apropriada, tênis apropriado. E claro, começar aos poucos e aumentar a corrida gradativamente.”

Ele aponta os benefícios que presencia em seus treinos: “Eles adquirem melhor coordenação, melhoram o condicionamento físico, fortalecem ossos e músculos e têm uma melhora significativa no humor.”

Nos treinos, o cuidado com a segurança é essencial. “Costumo ter mais de um professor comigo para garantir que todos estão fazendo os exercícios corretamente e usando trajes apropriados”, explica. Mas nem sempre tudo sai como o planejado. “Algumas vezes o idoso sente dores e tem dificuldade para levantar com ânimo para continuar com a corrida regularmente.”

A prática exige orientação adequada e acompanhamento regular. Um estudo publicado na Revista Faipe, assinado por Pablo Giovanni H. Sales, reforça que a corrida de rua “melhora o sistema imune, fortalece os músculos, aumenta o bem-estar, a autonomia e a independência do idoso, diminuindo os efeitos negativos da idade”.

Além disso, o texto destaca que a atividade física “resguarda os praticantes contra o aparecimento e progressão de diversas patologias inerentes da terceira idade”. E mais: “a prática da atividade física se torna vital na terceira idade, visto que traz inúmeros benefícios tanto para a saúde física e mental, contribuindo para o rendimento físico, aumentando autoconfiança, prazer, bem-estar psicológico e interação social”.

Enquanto isso, as ruas da capital seguem sendo ocupadas por corredores e corredoras da terceira idade. Em muitos casos, o que começou como uma recomendação médica virou paixão. Para Teresinha, Manoel e Luzia, a corrida não tem a ver com tempo, mas com qualidade de vida.