Gama se consagra campeão do Candangão 2025 em noite histórica no Mané Garrincha
Diante de um recorde de público, a equipe alviverde superou o Capital nos pênaltis e ergueu a taça pela 14ª vez, encerrando com chave de ouro a 50ª edição do campeonato.
Postado em 09/04/2025
João Batista, 40 anos, segurava firme sua bandeira verde e branca, como se segurasse sua própria história. Próximo a ele na arquibancada, Carol Silva tinha os olhos marejados antes mesmo do apito inicial. O Estádio Mané Garrincha pulsava com 37.845 vozes misturadas, cada uma carregando sonhos, promessas e a paixão de uma vida inteira dedicada ao futebol. Naquela noite, o Gama e o Capital disputavam mais do que um título, disputavam a eternidade.

O gramado, impecável sob a luz dos refletores, testemunhava o embate de duas forças. O Gama, embalado por sua torcida inabalável, e o Capital, destemido em busca de sua primeira grande glória. Quando a bola rolou, as bandeiras tremulavam no ritmo dos corações acelerados. O verde e branco dominava as arquibancadas, mas o azul, branco e preto do Capital também marcava presença, vibrando a cada investida de sua equipe.
O embate decisivo do campeonato
O Capital abriu o placar aos 26 minutos do primeiro tempo. Wallace Pernambuco protagonizou um lance de qualidade ao dar um chapéu no marcador, dominar no peito e finalizar com precisão para colocar o tricolor em vantagem. O Gama tentou reagir com chutes de fora da área e boas jogadas de ataque, mas o goleiro Reynaldo fez grandes defesas para manter a vantagem do Capital até o intervalo.

No segundo tempo, o Gama voltou pressionando e aos 11 minutos conseguiu o empate. Piauí foi derrubado na área e o árbitro Pedro Alves marcou pênalti para o alviverde. Luan cobrou com categoria e fez explodir a torcida gamense no Mané Garrincha. O Gama seguiu pressionando, criando chances, mas sem conseguir a virada no tempo regulamentar. O apito final decretou o empate por 1 a 1, levando a decisão para os pênaltis.
Foi o momento da estrela do goleiro Renan Rinaldi brilhar. O arqueiro defendeu três penalidades, nas cobranças de Matheus Silva, Lenon e Felipe Guedes. Rodriguinho foi o único a converter para o Capital. Pelo Gama, Daniel Costa, Willian e Luan balançaram as redes, garantindo a vitória por 3 a 1 e o 14º título Candango da história do clube. “Classificamos em quarto e hoje a gente tá sendo campeão. Eu não tenho nem palavras para descrever, porque ano passado a gente bateu na trave e a gente perdeu de uma forma meio que injusta. Nesse ano foi diferente, em casa novamente pelo primeiro jogo da semifinal, passamos pelo Brasiliense e agora ganhamos do Capital aqui nos pênaltis. É só engrandecer o grupo e dar parabéns para todo mundo”, disse o goleiro Renan Rinaldi.
A conquista do time e sua consagração
Carol Silva, ainda com os olhos brilhando, completou: “Foi um jogo inesquecível, parecia que o estádio pulsava. Ver o Gama campeão de novo depois de tanta luta é emocionante”. A estudante de 19 anos ainda destacou a importância do acesso gratuito ao evento: “Eu fui de metrô para o jogo. Saí da estação Águas Claras até a Rodoviária sem pagar nada. O Vai de Graça estava liberado no dia. Foi bem tranquilo e facilitou muito para quem, como eu, já estava com o orçamento apertado no fim do mês”.

Lucas Santos, empresário de 21 anos que acompanhou a partida ao lado do pai, Alexandre Santos, também vibrou com a conquista: “Acompanho o Gama desde criança, pelo fato de morar no entorno e sempre estar no Gama com amigos. O carinho pelo time veio desde sempre. Poderia ter sido melhor, o time voltou muito bem no segundo tempo, mas tinha momentos que faltava vontade de ir pra cima do time adversário e, com isso, perdeu muitas oportunidades de gols, fazendo com que levasse pros pênaltis. Mas, graças a Deus, o time foi feliz na cobrança dos pênaltis”.
Do outro lado, a tristeza tomava conta dos torcedores do Capital, mas o orgulho permanecia. Valdir Cardoso, gerente de projetos, de 36 anos que foi ao estádio acompanhado dos filhos, compartilhou sua visão: “A sensação de ver o time da minha região, foi indescritível. Venho acompanhando a ascensão do clube há alguns anos e o Capital sempre teve essa proximidade com o nosso distrito, levando não só momentos de lazer, mas também projetos sociais importantes. Infelizmente, o título não veio, mas a equipe tem muito potencial”. Ele também criticou a arbitragem: “O lance do pênalti marcado para o Gama deveria ter sido revisado pelo VAR. No calor do momento, até poderia haver dúvida, mas as imagens mostraram que a marcação não foi tão clara. No fim, o jogo se decidiu nos detalhes”, conta emocionado.
No gramado, os jogadores do Gama se abraçavam, choravam e se jogavam ao chão, sentindo o peso da glória. O presidente do clube, Wendel Lopes, exaltou o trabalho da equipe: “Esse título é fruto de muito esforço, dedicação e amor pelo futebol. O Gama voltou ao topo e quer se manter lá”. O técnico Luiz Carlos Souza, emocionado, destacou o desempenho de seus comandados: “Eles foram gigantes. Estudamos bem o Capital e soubemos explorar os espaços. A torcida foi fundamental”.

O secretário de Esporte e Lazer do DF, Renato Junqueira, ressaltou a grandiosidade da final e a acessibilidade do evento: “Garantimos entrada gratuita e transporte para democratizar o acesso ao futebol. Foi uma festa linda e segura para todos”.
60 mil ingressos foram distribuídos gratuitamente, e o transporte público foi disponibilizado sem custo em todo o Distrito Federal.
O marco do time para o campeonato
A vitória do Gama também entrou para a história como o marco do encerramento da 50ª edição do Campeonato Candango, consolidando ainda mais a tradição do torneio no cenário do futebol local. Quando o árbitro apitou o fim da disputa de pênaltis, o Mané Garrincha se transformou em um palco de festa para os alviverdes.
João Batista, tomado pela emoção, resumiu a noite em poucas palavras: “Estar aqui hoje é um privilégio. A torcida fez sua parte, e os jogadores deram tudo em campo. Esse título é nosso, é do povo do Gama!”, conta orgulhoso. As bandeiras não paravam de tremular, as vozes ecoavam pela cidade, e cada torcedor carregava no peito a certeza de que havia vivido uma noite mágica. O Candangão 2025 terminou, mas a paixão pelo futebol permanece viva, tão vibrante quanto as cores que encheram o estádio naquela noite histórica.